Por Louis Berkhof
Com referência ao Espírito Santo, os seguintes pontos exigem
consideração especial:
a) A pessoalidade do Espírito Santo. Não é tanto a divindade,
mas a pessoalidade do Espírito Santo que é questionada por muitos. É negada por
diversos sectaristas da igreja primitiva, pelos socinianos do tempo da Reforma,
pelos unitaristas e pelos modernistas, e todas as espécies de sabelianos do
presente. Eles preferem considerar o Espírito Santo meramente como um poder ou
influência de Deus. Todavia, ele é claramente designado como pessoa (Jo
14.16,17-26; 15.26; 16.7-15; Rm 8.26). Características pessoais lhe são
atribuídas, tais como inteligência (Jo 14.26; 15.26; Rm 8.16), afeição (Is
63.10; Ef 4.30), e vontade (At 16.7; 1Co 12.11). Além disso, ele executa atos
próprios de uma pessoa, como falar, sondar, testificar, mandar, revelar, agir
no homem, interceder (Gn 1.2; 6.3; Lc 12.12; Jo 14.26; 15.26; 16.8; At 8.29;
13.2; Rm 8.11; 1Co 2.10-11). Finalmente, há passagens em que o Espírito Santo é
distinto de seu próprio poder (Lc 1.35; 4.14; At 10.38; Rm 15.13; 1Co 2.4).
b) A relação do Espírito Santo com as outras Pessoas da
Trindade. Embora fosse afirmado anteriormente, com base em João 15.26, que o
Espírito Santo procede do Pai, foi só no ano de 589 d.C. que a igreja ocidental
adotou oficialmente a posição de que ele procede também do Filho. Essa doutrina
baseia-se no fato de que o Espírito é também chamado o Espírito de Cristo e do
Filho (Rm 8.9; Gl 4.6), e dele é dito ter sido enviado por Cristo (Jo 15.26;
16.7). Pelo fato de proceder do Pai e do Filho, o Espírito Santo permanece na
relação mais íntima possível com as outras Pessoas. Ele perscruta as coisas
profundas de Deus 1Co 2.10-11), e até certo ponto se identifica com Cristo (2Co
3.17). No Espírito, o próprio Cristo volta para os discípulos (Jo 14.16-18).
Além disso, nas epístolas de Paulo algumas vezes é Cristo, algumas vezes o
Espírito de Deus de quem é dito habitar nos crentes (Rm 8.9-10; Gl 2.20; 1Co
3.16).
Extraído de Louis Berkhof, Manual de Doutrina Cristã (Editora Cultura
Cristã), pp. 64-65.
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