31 dezembro 2010

O Papa é o anticristo - 3

Escrito por A.A. Hodge[1]

Na ausência de qualquer cabeça visível da Igreja devidamente creditada, somos obrigados a retroceder nossa dependência direta à lei e sua administração, tanto quanto à redenção. Da grande Cabeça invisível. Ele preside e governa sua Igreja –
4.1. Através de sua Palavra inspirada, que é, como já vimos, uma regra de fé e prática infalível, completa e perspícua.
4.2. Através das instituições apostólicas a nós transmitidas, como o ministério, os sacramentos, as ordenanças, etc. Ef 4:11. E
4.3. Através de sua própria presença espiritual, a qual se estende a todos os seus membros e dura até o fim do mundo. Mt 18:20; 28:20.

O termo “anticristo” ocorre no Novo Testamento em 1 Jo 2:18, 22; 4:3; 2 Jo 7. A vinda do “homem do pecado”, o “filho da perdição”, é predita em 2 Ts 2:3-4. Os intérpretes têm se diferenciado quanto a se essas expressões pretendiam designar uma pessoa oponente ao Senhor, ou princípios e sistemas antagônicos a ele e sua causa. Os autores de nossa Confissão dificilmente teriam pretendido declarar que cada papa individual da longa sucessão seja o anticristo pessoal, e provavelmente pretendessem dizer que o sistema papal é em espírito, forma e efeito totalmente anticristão, e que ele caracterizou uma apostasia do cristianismo apostólico previsto e predito na Escritura. Tudo isso foi verdadeiro em seus dias, e é verdadeiro nos nossos. Contudo, precisamos recordar que, como as formas do mal mudam, e as complicações do reino de Cristo com o de Satanás variam com o progresso dos eventos, “ainda agora já há muitos anticristo.” 1 Jo 2:18.[2]

NOTAS:
[1] Para leitura de uma breve biografia de A.A. Hodge acesse AQUI.
[2] Este comentário da CFW foi originalmente publicado em 1869.

Extraído de A.A. Hodge, Confissão de Fé Westminster Comentada (São Paulo, Editora Os Puritanos, 1999), págs. 431-432.

Traduzido por Rev. Valter G. Martins

Cessação revelacional na Confissão de Westminster

Escrito por David Dickson[1]

Questão 3
Aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo cessaram?[2]
Sim.

Deste modo erram os Entusiastas e os Quakers, que afirmam que o Senhor não cessou ainda de revelar a sua vontade como fazia no passado?
Sim.

Por quais razões eles estão confusos?
Porque Deus é quem, em diversos períodos e diferentes modos, falou em tempos passados aos pais pelos profetas, e nestes últimos dias falou-nos pelo seu Filho (Hb 1:1-2). O apóstolo chama o período de Novo Testamento de os últimos dias porque sob o mesmo não há mais alteração a ser esperado, pois todas as coisas estão habitadas sem adição ou surpresas como foi ensinado e ordenado por Cristo, até o último dia (veja também Jl 2:28; At 2:17).

Os antigos modos e maneiras eram: primeiro, pela inspiração (Cr 15:1; Is 59:21; 2 Pe 1:21); segundo por visões (Nm 12:6, 8); terceiro, por sonhos (Jó 33:14-16; Gn 40:8); quarto, por Urim e Tumim (Nm 27:21; 1 Sm 30:7-8); quinto, por sinais (Gn 32:24-32; Êx 13:21); sexto, pela voz audível (Êx 20:1; Gn 22:15). Todos estes modos findaram escrevendo-se (Êx 17:14), que é uma maneira mais segura e infalível do Senhor revelar a sua vontade ao seu povo.[3]

NOTAS:
[1] David Dickson (1583-1663) nascido em Glasgow, Escócia. Como filho de mercador aspirava apenas herdar os negócios da família, todavia, após uma enfermidade decidiu ingressar na Universidade de Glasgow e preparar-se para o ministério pastoral. Em 1622 foi despojado do pastorado pelo Bispo de Glasgow por sua oposição aos 5 Artigos, sendo banido por um período de um ano para Turiff, em Aberdeenshire, e o seu retorno foi um instrumento para numerosas conversões. Em 1638 esteve presente na famosa Assembléia que restaurou o governo presbiteriano na Escócia, e no ano seguinte foi eleito como moderador da Igreja Escocesa. Em 1640 tornou-se professor de Teologia em Glasgow, sendo transferido para Edinburgh dez anos depois. Durante aquele período ele dedicou-se para restabelecimento da ortodoxia reformada através do todo o país.
[2] O comentário se refere à parte final da CFW I.1 que declara "tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo."
[3] O livro Truth’s victory over error de David Dickson contém as suas palestras da Confissão de Westminster entregue aos estudantes da Universidade de Edinburgh a partir do ano de 1650. Este é um comentário realizado por alguém que foi contemporâneo dos participantes da Assembléia de Westminster. Este comentário da CFW foi publicado originalmente em 1684.

Extraído de David Dickson, Truth’s victory over error – A commentary on the Westminster Confession of Faith (Edinburgh, The Banner of Truth, 2007), págs. 3-4.

Tradução livre 30 de Dezembro de 2010.
Rev. Ewerton B. Tokashiki

29 dezembro 2010

O Papa é o Anticristo - 2

Escrito por Gordon H. Clark[1]

A seção 6 [CFW XXV.6] fala do cabeça da Igreja. Henrique VIII e os monarcas que o sucederam reivindicaram ser o cabeça da Igreja. Antes de Henrique VIII, a reivindicação pelo Papa deste título era virtualmente sem concorrentes. A Confissão de Westminster aqui desconsidera Henrique VIII por implicação,[2] mas refere-se explicitamente somente ao Papa.

Do Papa a Confissão diz que não pode em algum sentido ser o cabeça da Igreja. A principal razão é que Cristo é o cabeça da Igreja. A segunda razão é que a igreja de Roma não é a Igreja de Cristo.

Então a Confissão continua mais a adiante e identifica o Papa ou o Papado com o anticristo. Em tempos mais recentes têm se oferecido algumas objeções a esta identificação. Uma objeção de menor importância é que tal identificação, pelo fato de não ser uma doutrina abstrata como a doutrina da Justificação, não deve ser considerada como essencial ao “sistema de doutrina”. Então, não deveria ser requerido crer nela para a ordenação, nem deveria estar na Confissão. Mas esta é uma objeção fraca, pois a Concepção Virginal e a Ressurreição são eventos singulares, e não doutrinas abstratas, ainda assim estes eventos – como a sua explicação doutrinária – estão completa e adequadamente na Confissão.

Uma objeção mais importante é que a evidência das Escrituras para identificar o Papa como o anticristo é fraca, e que, apesar dela ser uma opinião digna de discussão, ela não pode ser considerada confessional.

Observemos que a forma que a Confissão agora adotada pela United Presbyterian Church in the USA [3] lê o seguinte: “O Senhor Jesus Cristo é o único cabeça da Igreja, e a reivindicação por qualquer homem de ser o vicário de Cristo e o cabeça da Igreja, não tem base nas Escrituras, é sem garantia com a realidade e é uma usurpação desonrosa ao Senhor Jesus Cristo.”[4]

Os reformadores, todavia, tinham algumas boas razões para pensar que o Papado era o anticristo. Em primeiro lugar, 2 Tessalonicenses 2:3-4 declara que o anticristo se sentaria no trono de Deus. Isto indica que pelo menos ele é um líder religioso. De alguma forma ele manejaria um poder político, sendo ele primariamente um personagem religioso. Em segundo lugar, a mulher de Apocalipse 17, que deu a taça com o sangue dos mártires, sentou-se sobre as sete montanhas ou colinas e disse ser “aquela grande cidade que reinaria sobre os Reis da terra.” Obviamente esta é Roma.

Atualmente se admite que os cristãos primitivos provavelmente pensavam que o Império Romano era o anticristo. A terrível perseguição, não somente de Nero, mas do estóico imperador Marcos Aurélio, e o final empenho de Diocleciano adéqua-se bem as descrições. Todavia, a Escritura não permite tal identificação, pois o anticristo será destruído pela gloriosa vinda de Cristo, e isto ainda não ocorreu, não obstante o Império Romano há muito deixou de existir.

Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) algumas pessoas intencionaram planejar um reviver do império sob Mussolini. Um desses dispensacionalistas falou-me em 1927 que a fronteiras nacionais da Europa, que ele havia diligentemente estudado, era exatamente como no tempo de Cristo, e que – lembro-me de suas palavras – nenhuma mudança de fronteira poderia ocorrer até que Cristo retornasse. O cavalheiro era editor de um popular periódico religioso, mas agora evidencia que ele estava errado.

Todavia, se a mulher que fará reis beberem do vinho de sua fornicação é Roma, então pelos últimos séculos dificilmente poderíamos suspeitar de outro senão do Papa. Este é o mais claro, embora que não conclusivo argumento, e por esta razão a declaração poderia enfraquecer a Confissão de Westminster, entretanto, ela parece manter a mais plausível opinião.

NOTAS:
[1] Gordon H. Clark (1902–1985) foi um filósofo e teólogo presbiteriano nos EUA. Caso se interesse em ler uma breve análise do pensamento de Clark acesse AQUI.
[2] Parece que Clark estava fazendo uma crítica à interpretação proposta por Robert Shaw. Para ler o comentário de Shaw da CFW XXV.6 acesse AQUI.
[3] Até 1982 esta denominação chamava-se United Presbyterian Church in USA, mas a partir de 1983 passou a nominar-se Presbyterian Church of USA.
[4] O texto original aqui citado declara que "The Lord Jesus Christ is the only head of the Church, and the claim of any man to be the vicar of Christ and the head of the Church is unscriptural, without warrant fact, and is a usurpation dishonoring to the Lord Jesus Christ." - esta é versão revisada pela UPCUSA da CFW XXVII.6. A revisão feita pela PCUSA trás o seguinte texto original "The Lord Jesus Christ is the only head of the Church, and the claim of any man to be the vicar of Christ and the head of the Church is without warrant in fact or in Scripture, even anti-Christian, a usurpation dishonoring to the Lord Jesus Christ." [O Senhor Jesus Cristo é o único cabeça da Igreja, e a reinvindicação de qualquer homem de ser o vicário de Cristo e o cabeça da Igreja, é sem garantia da realidade, ou da Escritura, e deste modo anticristã, uma usurpação ao Senhor de Jesus Cristo]. O texto original da CFW 1646 trás o seguinte texto "There is no other head of the Church but the Lord Jesus Christ: nor can the Pope of Rome in any sense be head thereof; but is that Antichrist, that man of sin and son of perdition, that exalteth himself in the Church against Christ, and all that is called God." Acessado em 29 de Dezembro de 2010.

Extraído de Gordon H. Clark, What do Presbyterians believe? (Unicoi, The Trinity Foundation, 2001), pág. 224-225. Este comentário da CFW foi publicado originalmente em 1965.

Tradução livre 28 de Dezembro de 2010.
Rev. Ewerton B. Tokashiki

28 dezembro 2010

O monarca britânico é o Anticristo?

Escrito por Robert Shaw[1]

Que o Senhor Jesus Cristo é o único cabeça da Igreja precisa ser mantido, não somente em oposição aos papistas, que afirmam que o Papa de Roma é o sucessor de Pedro e como o vice-regente de Cristo, é o cabeça da Igreja universal; como também em oposição aos erastianos[2] que fazem do magistrado superior, o cabeça da Igreja em seus próprios domínios.

Uma liderança ou domínio universal pertence a Cristo. Como Deus, ele tem um direito natural e essencial de governar e ordenar todas as criaturas segundo o seu beneplácito, e para a manifestação da sua própria glória. [...] Cristo não delegou a sua autoridade nem a papas ou a príncipes, de modo que, estando ele no céu corporalmente presente, necessite comissioná-los para agir em seu lugar na Igreja terrena. [...] Ousada usurpação foi muitas vezes feita sobre esta real prerrogativa de Cristo, tanto dos poderes civil como eclesiástico. Desde o início o Homem da Iniqüidade e Filho da Perdição de forma blasfema apropriou-se da liderança universal e do senhorio para dominar; e quando a Reforma ocorreu na Inglaterra, o senhorio sobre a Igreja apenas foi transferido do Pontificado de Roma para a Soberania Britânica.[3] Henrique VIII foi reconhecido como o “supremo cabeça da Igreja da Inglaterra”; e promulgado “que o rei, e seus herdeiros, será recebido, aceito, reputado o único cabeça supremo sobre a terra da Igreja da Inglaterra, chamada Anglicana Ecclesia [...]. Esta sacrílega usurpação da autoridade espiritual, e ímpia invasão da soberania de Cristo, é sancionada pela Igreja da Inglaterra em seu 37º Artigo.[4]

NOTAS:
[1] Robert Shaw (1795-1863) nasceu em Perth, Escócia. Estudou na Universidade de Edinburgh e no Divinity Hall da Constitutional Associate Presbytery. Foi ordenado pastor em 1817, e também exerceu a docência. Este comentário da CFW foi publicado originalmente em 1845. O Comentário de Robert Shaw da Confissão de Fé é uma obra de referência para os estudiosos dos documentos da Assembléia de Westminster. O seu comentário do texto da CFW XXV.6 possuí uma excelente exposição acerca do senhorio de Cristo como cabeça da Igreja, entretanto, ele omite detalhar acerca da declaração de que o Papa seja o Anticristo, e redireciona identificando o monarca da Grã Bretanha como sendo o Anticristo.
[2] Erastianismo “deriva o seu nome de Thomas Erasto (1524-1583), que nasceu em Baden, estudou Teologia em Basiléia e, posteriormente, Medicina, tornando-se catedrático de Medicina em Heidelberg. [...] O nome ‘erastiano’ surgiu na Inglaterra na Assembléia de Westminster (1643), quando homens de destaque como Selden e Whitelocke defenderam a supremacia do Estado sobre a Igreja. A Assembléia rejeitou este ponto de vista, e resolveu que a Igreja e o Estado têm suas esferas separadas, porém coordenadas, cada um na sua própria província, mas comprometidos entre si para a mútua cooperação, visando à glória de Deus.” A.M. Renwick, “Erastianismo” in: Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã (São Paulo, Edições Vida Nova, 1992), vol. 2, págs. 33-34.
[3] A tese de Shaw é que o anticristo é todo o que usurpa a posição de governante supremo da Igreja. A sua sugestão é que como Henrique VIII pelo Ato de Supremacia ocupava esta posição ele seria o anticristo no contexto da Assembléia de Westminster. Entretanto, a sua interpretação não se sustenta por falta de prova histórica, pois não há evidências de que os membros da Assembléia entendessem o monarca da Inglaterra como o anticristo.
[4] O autor se refere aos 39º Artigos da Religião Anglicana. O 37º Artigo afirma que “A Majestade do Rei tem o principal poder neste Reino da Inglaterra e outros dos seus domínios, a quem o chefe do Governo de todos os Estados deste Reino, sejam elas civis ou eclesiásticas, pertencem todas as causas, e não é, nem deve ser assunto de qualquer jurisdição estrangeira. Quando atribuímos à Majestade Real, o principal governo pelos Títulos, entendem as mentes de alguns caluniadores por serem ofendidas. Não concedemos aos nossos príncipes o poder de ministrar, quer seja a Palavra de Deus ou os sacramentos, ou qualquer Mandados que sejam estabelecidos por Elizabeth, a nossa Rainha, por mais lúcido testemunho; mas, que a única prerrogativa que vemos ter sido dada sempre a todos os piedosos príncipes nas Sagradas Escrituras pelo próprio Deus, ou seja, que eles deveriam governar todos os estados e graus ordenados ao seu cargo por Deus, sejam eles Eclesiástico ou Temporal, e restringir com o poder da espada aos teimosos e iníquos. O Bispo de Roma tem nenhuma jurisdição neste reino da Inglaterra. As leis do reino podem punir cristãos com a pena de morte por causa de crimes lamentáveis e odiosos. É lícito aos cristãos sob mandamento do Magistrado, portar armas e servir nas guerras.” The Book of Common Prayer (London, Oxford University Press, 1969), pág. 710. O texto adotado pela Igreja Anglicana do Brasil difere neste artigo, trazendo um texto mais breve e declarando a submissão não ao monarca inglês, mas ao governo brasileiro.

Extraído de Robert Shaw, The Reformed Faith – An Exposition of the Westminster Confession of Faith (Inverness, Christian Focus Publications, 1974), pág. 267-271.

Tradução livre 26 de Dezembro de 2010.
Rev. Ewerton B. Tokashiki

26 dezembro 2010

O Papa é o Anticristo

Escrito por David Dickson[1]

É o Papa aquele Anticristo,[2] que o homem do pecado e filho da perdição que se exalta na igreja de Deus contra Cristo e tudo o que é chamado Deus?[3]
Sim (2 Ts 2:3-4, 8-9; Ap 13:6; Mt 23:8-10). Mesmo que isto seja negado pela Igreja de Roma, todavia, a verdadeira descrição do Anticristo concorda com ele.
1. Porque ele não é um simples homem, mas pertence a uma ordem e espécie de homens, sucedendo um ao outro no mesmo estado e ofício; que você verá comparando os textos de 1 Jo 4:3 e 2 Ts 2:7-8.
2. A sua vinda é segundo o modo de Satanás (2 Ts 2:9).
3. Conforme o seu nome, ele se nomeia cristão, mas na verdade, ele é um adversário de Cristo; e conseqüentemente, aquele que nega que Jesus é o Cristo (Ap 17:14; 19:19; 2 Ts 2:8; 1 Jo 2:23).
4. Ele está sentado no templo de Deus como Deus (2 Ts 2:4).
5. Ele governa na grande cidade e exerce domínio sobre os reis da terra.
6. Ele os engana que habita sobre a terra com mentirosos milagres e maravilhas (2 Ts 2:9; Ap 13:14-15).
7. Ele ocasionou todas as classes de pessoas para receberem a sua marca sobre a sua mão direita, e em suas frontes (Ap 13:16-17).
8. Para que concorde com o que Paulo disse: “e, agora (de fato, o imperador romano), que poderia ser revelado em seu tempo” (2 Ts 2:6-7).

NOTAS:
[1] David Dickson (1583-1663) nascido em Glasgow, Escócia. Como filho de mercador aspirava apenas herdar os negócios da família, todavia, após uma enfermidade decidiu ingressar na Universidade de Glasgow e preparar-se para o ministério pastoral. Em 1622 foi despojado do pastorado pelo Bispo de Glasgow por sua oposição aos 5 Artigos, sendo banido por um período de um ano para Turiff, em Aberdeenshire, e o seu retorno foi um instrumento para numerosas conversões. Em 1638 esteve presente na famosa Assembléia que restaurou o governo presbiteriano na Escócia, e no ano seguinte foi eleito como moderador da Igreja Escocesa. Em 1640 tornou-se professor de Teologia em Glasgow, sendo transferido para Edinburgh dez anos depois. Durante aquele período ele dedicou-se para restabelecimento da ortodoxia reformada através do todo o país.
[2] O texto original da Confissão de Fé de Westminster XXV.6 trás: There is no other head of the Church but the Lord Jesus Christ: nor can the Pope of Rome in any sense be head thereof; but is that Antichrist, that man of sin and son of perdition, that exalteth himself in the Church against Christ, and all that is called God [Não há outro cabeça da Igreja senão o Senhor Jesus Cristo: nem pode o Papa de Roma em algum sentido ser o seu cabeça; senão que ele é o Anticristo, aquele homem da iniqüidade e filho da perdição, que exalta a si mesmo na Igreja contra Cristo, e tudo o que é chamado Deus] (Cl 1:18; Ef 1:22; Mt 23:8-10; 2 Ts 2:3-4, 8-9; Ap 13:6). Tradução minha.
[3] O livro Truth’s victory over error de David Dickson contém as suas palestras da Confissão de Westminster entregue aos estudantes da Universidade de Edinburgh a partir do ano de 1650. Este é um comentário realizado por alguém que foi contemporâneo dos participantes da Assembléia de Westminster. Este comentário da CFW foi publicado originalmente em 1684.

Extraído de David Dickson, Truth’s victory over error – A commentary on the Westminster Confession of Faith (Edinburgh, The Banner of Truth, 2007), pág. 204.

Tradução livre 25 de Dezembro de 2010.
Rev. Ewerton B. Tokashiki

24 dezembro 2010

A.A. Hodge - biografia

Escrito por W. Andrew Hoffecker

Archibald Alexander Hodge (1823-1886) foi um ministro e teólogo presbiteriano. Foi o filho mais velho e sucessor de Charles Hodge, como teólogo em Princeton, educado na Universidade de Princeton (1841) e Princeton Theological Seminary (1846) e veio a defender a teologia calvinista na tradição iniciada por Archibald Alexander, de quem ele recebeu o nome. Ao graduar-se em teologia, Hodge e sua família foram para Allahabad, Índia, como missionários presbiterianos. Entretanto, foram forçados a retornar por razões de saúde, e Hodge tornou-se um pastor em Maryland, Virginia e Pennsylvania por vários anos (1851-1862). Em 1864 tornou-se professor de Teologia Sistemática no Western Theological Seminary, Allegheny, Pennsylvania, em 1878, ele aceitou a cadeira de Teologia Didática e Exegética no Princeton Theological Seminary, uma posição que ele ocupou até a sua morte em 1886.

O seu livro Life of Charles Hodge (1880)[1] não foi meramente uma biografia para elogiar o seu pai. Ele revela as características da piedade evangélica que motivava todos os princetonianos – o papel da conversão na experiência religiosa e a necessidade de equilibrar entre uma dinâmica vida devocional com a crença numa doutrina ortodoxa.[2]

Em seu livro Outlines of Theology (1878),[3] Hodge respondeu aos liberais que usavam uma cosmovisão naturalista para interpretar a Escritura. Aos críticos que reivindicavam contradições existentes no texto bíblico e entre a Bíblia e o que os cientistas alegavam encontrar na natureza, o jovem Hodge fez explícita a doutrina de Princeton a inspiração verbal e plenária. Enquanto dificuldades na interpretação e aparentes declarações irreconciliáveis existem, nenhum deles provou que reais discrepâncias foram encontradas. Tanto as obras na natureza como a Palavra de Deus são revelação, deste modo a pesquisa científica nunca poderá, em última instância, conflitar com o ensino bíblico. Hodge reafirmou a sua concepção sobre a inerrância num artigo chamado “Inspiration”[4] escrito com Benjamin Breckinridge Warfield, em 1881, para o Presbyterian Review. A sua denominação adotou a concepção de Princeton acerca da Bíblia como o seu ensino oficial na Portland Deliverance (1892) e o Five Point Deliverance (1910), que influenciou o debate Fundamentalismo-Modernismo.

Após a Guerra Civil, Hodge liderou a resistência evangélica contra o crescente secularismo. No Primeiro Concílio Geral da Aliança Mundial das Igrejas Reformadas,[5] em 1877, ele denunciou o intento de substituir o teísmo bíblico pelo Naturalismo[6] como fundamento filosófico da educação das leis, da política e outras instituições públicas. Argumentou contra as exigências secularizadas de que a religião devesse ser aplicada somente na moralidade privada e que a vida pública fosse ser neutra, Hodge sustentou que Deus conduz tanto as nações e indivíduos responsabilizando-os por implementar os princípios bíblicos na vida pública. Acreditava que a Igreja e o Estado poderiam estar separados, mas como ardente pós-milenista, ele também pensava que a religião precisava intimamente integrar-se à política americana, à economia e às instituições sociais.

Em seu livro Popular Lectures on Theological Themes publicado postumamente, em 1887, Hodge convocou o Calvinismo para uma revitalização. Ele defendeu que somente a cosmovisão reformada, pois ela procura a glória de Deus em todas as áreas da vida, é suficientemente abrangente para prover uma base bíblica para a família, as leis, a educação e economia.

NOTAS:
[1] Disponível gratuitamente em PDF .
[2] Para um estudo mais abrangente da piedade e ortodoxia dos teólogos do Princeton Theological Seminary indico W. Andrew Hoffecker, Piety and the Princeton Theologicans – Archibald Alexander, Charles Hodge, Benjamin B. Warfield (Grand Rapids, Baker Books, 1981).
[3] Este foi o primeiro manual protestante de Teologia Sistemática a ser publicado em português. Os primeiros missionários presbiterianos ao fundar um seminário teológico no Rio de Janeiro, viram a necessidade de verter em nossa língua um texto que pudesse ser acessível e suprisse o curso de teologia, numa perspectiva reformada. A tradução do Outlines of Theology foi realizada pelo Rev. Francis J.C. Schneider, e foi publicado em 1895, em Portugal. Recentemente a Editora PES fez uma revisão da linguagem, e publicou-o em 2001.
[4] O livro está disponível em forma digital para quem maneja o software LOGOS.
[5] O World Alliance of Reformed Churches é um concílio que perdeu a sua identidade teológica reformada contaminando-se com o liberalismo e posteriormente com a neo-ortodoxia. As atuais propostas se direcionam pra o sincretismo religioso, as questões de gênero e sexismo, ordenação feminina, debates da política econômico-social, pró-inclusão do homossexualismo na igreja e outros temas afins. O seu site pode ser acessado AQUI.
[6] Naturalismo é “a opinião de que o universo ‘natural’, o universo da matéria e energia, é tudo quanto realmente existe. Tal opinião exclui Deus, portanto, o naturalismo é ateístico. Além de Deus, exclui outros seres espirituais, de modo que o naturalismo é materialista. [...] E finalmente, o naturalismo costuma negar que o universo tenha qualquer sentido ou propósito, porque não há Deus nem qualquer outra coisa que possa lhe dar sentido ou propósito.” M.H. MacDonald, “Naturalismo” in: Walter A. Elwell, ed., Enciclopédia Histórico-teológica da Igreja Cristã (São Paulo, Edições Vida Nova, 1990), vol. 3, págs. 9-10.

Extraído de D.G. Hart & Mark A. Noll, eds., Dictionary of the Presbyterian & Reformed (Phillipsburg, Presbyterian & Reformed Publishing, 1999), págs. 121-122.

Tradução livre: 22 de Dezembro de 2010.
Rev. Ewerton B. Tokashiki

22 dezembro 2010

Reconstrucionismo Cristão

Escrito por J.G. Child

Este movimento pretende em essência, submeter todas as áreas da vida ao senhorio de Cristo.[1] Deve a sua origem a Rousas John Roshdoony (1916-2001), um teólogo americano, cujo livro The Institutes of Biblical Law (1973) promoveu o movimento. Outros importantes pensadores desta tendência são Greg Bahnsen (1949-1995), sobretudo Gary North (1941- ).

O Reconstrucionismo Cristão reuniu algumas característcas teológicas essenciais:
1. A soberania de Deus (na perspectiva do Calvinismo);
2. A importância teológica e sociológica do pacto;
3. A aplicação da lei bíblica à sociedade moderna (Teonomia);
4. A Apologética Pressuposicionalista de Cornelius Van Til (1895-1987);
5. E, o triunfo da causa de Cristo no mundo (Pós-milenismo).

Este movimento está influenciando nos círculos teológicos e politicamente conservadores, se bem que com certa controvérsia. Os críticos têm se concentrado nas questões da Teonomia e o Pós-milenismo. As leis que Deus deu a Israel poderiam ter vigência para as nações que não mantém uma relação de pacto com Deus? Poderiam todas as leis pertencentes ao pacto mosaico sobreviver a sua abolição? Que implicação tem o cumprimento que Cristo fez da lei (Mt 5:17) em sua aplicação contemporânea? As respostas a estas perguntas não foram plenamente satisfatórias e continua necessário um entendimento mais preciso da lei bíblica.

Escatologicamente, a bem vinda ênfase sobre a vitória e o domínio necessita incorporar uma apreciação maior do sofrimento e da debilidade da igreja para ser plenamente bíblico.

Ao forçar que os cristãos aprendam a contribuição que faz o AT para a ética cristão e à justiça social, e ao oferecer refletidas soluções bíblicas aos problemas do mundo moderno, os reconstrucionistas estão enriquecendo a igreja.

Obras de referência:[2]
1. R.J. Rushdoony, The Institutes of Biblical Law (1973).
2. G.L. Banhsen, Theonomy in Christian Ethics (1984).
3. W.S. Barker & W.R. Godfrey, eds., Theonomy: A Reformed Critique (1990).
4. Gary North & D. De Mar, Christian Reconstruction: What it is, what it isn’t (1991).

NOTAS:
[1] O tradutor apesar de perceber aspectos positivos nesta proposta teológica ele não a subscreve.
[2] Para literatura reconstrucionista cristã em português acesse o site Monergismo .

Extraído de David J. Atkinson, ed., Diccionario Ética Cristiana y Teología Pastoral (Editorial CLIE & Publicaciones Andamío, 2004), pág. 832.

Tradução livre:
Rev. Ewerton B. Tokashiki

21 dezembro 2010

O gozo cristão

Escrito por T.A. Dearborn

Poucas qualidades desta vida se desejam tão universalmente e são tão mal compreendidas em grande medida como o prazer. Tipicamente tende-se a considerá-lo como o fruto das circunstâncias individuais e um estado emocional. Em sua vertente bíblica, o gozo possui três características distintas que o diferencia radicalmente de suas contrapartidas circunstanciais e emocionais.

1. Em lugar de depender das circunstâncias, o gozo cristão é um fruto do Espírito Santo, e uma condição do ser individual (Gl 5:22; Rm 14:17). A única circunstância da que depende o gozo é a da vida do indivíduo em Cristo. Jesus prometeu dar um gozo que ninguém, nem poderia circunstância alguma dissipar (Jo 16:20-22). Os cristãos possuem gozo por terem vida em Cristo (Fp 4:4).

2. Dada a independência do gozo das circunstâncias, os cristãos são chamados a regozijar-se em todas as coisas (Lc 10:20; Jo 14:28; Tg 1:2; 1 Pe 1:6). Esta capacidade de comprazer-se no sofrimento (2 Co 7:4), e na fraqueza (2 Co 13:9) é o resultado da constante garantia que o Espírito dá aos crentes do amor divino por eles, e de sua esperança de que Deus pode usar inclusive as dificuldades e o sofrimento para cumprir os Seus propósitos (Rm 5:3-5).

3. O gozo cristão não aliena a pessoa que o desfruta dos que choram e se lamentam. Deixa lugar para as lágrimas e permite a participação compassiva na dor alheia. Compartilhando a vida de compaixão de Cristo, o crente é livre para estender o consolo divino a todos os que sofrem (2 Co 7:4-7). Os cristãos ao fazê-lo manifestam as primícias do gozo futuro, quando Deus habitará entre o seu povo e enxugará toda lágrima, findando com todo sofrimento, pranto e dor (Ap 21:1-4).

Extraído de David J. Atkinson, org., Diccionario Etica Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE e Publicaciones Andamio, 2004), pág. 634.

Tradução livre: 20 de Dezembro de 2010.
Rev. Ewerton B. Tokashiki

18 dezembro 2010

James Orr - breve biografia

Este teólogo e apologista escocês (1844-1913) nascido em Glasgow e educado principalmente na Universidade de sua cidade natal, graduou-se em filosofia e teologia. Depois de 17 anos no ministério pastoral, deixou a sua paróquia em Hawick (1891) para exercer a cátedra de História da Igreja no Divinity Hall de Glasgow e, em 1900, foi nomeado professor de Apologética e Teologia Dogmática no Trinity College da mesma cidade. A sua obra mais famosa é The Christian View of God and the World(1893). [1]

Contribuiu para popularizar a doutrina evangélica com influência considerável nos Estados Unidos da América. Em todo momento buscou defender a ortodoxia evangélica em meio aos muitos ataques e desafios da época. Em 1897, deu duas séries de conferências nos EUA, as quais foram publicadas posteriormente com os títulos respectivos de The Progress of Dogma (1902), a sua melhor obra e, Neglected Factors in the Study of the Early Progress of Christianity (1899).

Foi um dos primeiros e principais oponentes da teologia de Ritschl, que na época dominava o pensamento protestante. Também se opôs a Wellhausen e a sua hipótese documentária do Pentateuco, afirmando a autoridade Mosaica. Do mesmo modo enfrentou Harnack com a sua obra The Progress of Dogma (1901), mostrando a lógica divina do desenvolvimento histórico da fé cristã; como a ordem tradicional da dogmática que começa com a teodiceia e conclui com a escatologia, obedece a cronologia em que essas doutrinas foram formuladas historicamente.

James Orr conhecia a partir das fontes a filosofia e a teologia tanto alemã como da Grã-Bretanha. Como o seu colega James Denney sustentava basicamente uma posição evangélica, mas admitia também que era necessário reafirmar a fé no contexto das novas correntes da filosofia e da teologia. Por isso, chegou a admitir a evolução teísta e tratou de contradizer o veredito negativo de A. Harnack como dissemos, sobre a história dos dogmas sustentando que os dogmas foram se desenvolvendo de acordo com uma lógica interna reconhecível.

Colaborou na controvérsia fundamentalista considerada como uma defesa da fé evangélica e da plena inspiração da Bíblia. Todavia, afastou-se do fundamentalismo no tocante à inerrância da Escritura, que sempre a considerou um suicídio no terreno da apologética. Sobre a evolução das espécies e do homem defendeu uma postura que hoje chamaríamos “evolucionismo teísta”, ainda que em muitos aspectos se opôs ao Darwinismo. Apesar de tudo escreveu vários artigos para a série The Fundamentals. Foi editor da The International Standart Bible Encyclopedia (1915), sua obra magna e mais influente, que ainda desfruta do merecido prestígio, dado a seu alto nível acadêmico e bíblico.

Morreu em 6 de Setembro de 1913 elevado por uma auréola de erudição e piedade, de onde se menciona o conhecimento filosófico e científico, com o bíblico e teológico.


NOTAS:

[1] Traduzido para o espanhol com o nome de James Orr, El Concepto Cristiano de Dios y del Mundo (Barcelona, CLIE, 1992). Caso queira ter acesso - aqui.
[2] Publicado para o espanhol com o nome de James Orr, El Progresso del Dogma (Barcelona, CLIE, 1980). Caso queira ter acesso – aqui.
[3] Outras obras menos conhecidas são The Ritschlian Theology and the Evangelical Faith (1897); David Hume (1903); Ritschlianism; Expository and Critical Essays (1903); God's Image in Man and its Defacement in Light of Modern Denials (1905); Problems of the Old Testament Considered with Reference to Recent Criticism (1906); The Bible under Trial. Apologetic Papers in View of Present Day Assaults on Holy Scripture (1907); The Resurrection of Jesus (1908); Side-Lights on Christian Doctrine (1909); Sin as a Problem To-Day (1910); The History and Literature of the Early Church (1913); e no The Fundamentals: A testimony to the truth, R.A. Torrey and A.C. Dixon, eds., (1917) escreveu os artigos: "The Holy Scriptures and Modern Negations", "The Early Narratives of Genesis", "Science and Christian Faith", e "The Virgin Birth of Christ”.

Extraído de Francisco Lacueva, Diccionario Teológico Ilustrado (Barcelona, CLIE, 2001), págs. 454-455.

Tradução livre: 17 de Dezembro de 2010.
Rev. Ewerton B. Tokashiki

16 dezembro 2010

Amiraldianismo

Este vocábulo procede do nome do teólogo francês Moisés Amyraut. O sistema que é conhecido este nome foi proposto e defendido por Amyraut e seus colegas da Academia de Saumur no século XVII. Distingue-se, tanto do Calvinismo tradicional como do Arminianismo, especialmente nas doutrinas da graça, da predestinação e da extensão da redenção. Amyraut insistia em que a doutrina chave da teologia cristã não é a predestinação, senão a justificação pela fé. Cristo não veio buscar aos eleitos, senão pecadores. Amyraut não pensou que encabeçava um novo sistema teológico, mas que suas opiniões refletiam o verdadeiro sentido da doutrina de João Calvino.[1]

Remetendo os meus leitores à Parte 1ª de meu livro Curso Prático de Teologia Bíblica [2] me limitarei a expor o ponto decisivo em que Amyraut, seus colegas e seguidores se afastaram das decisões tomadas no Sínodo de Dort (1618-1619). As suas críticas se centraram especialmente no 3º ponto de Dort, segundo o qual a redenção levada a cabo por Cristo no Calvário teve uma extensão limitada, ou seja, Cristo não morreu por todos, senão somente pelos eleitos. Os amiraldianos responderam que a redenção tem um caráter universal, ainda que a salvação esteja limitada aos que crêem; portanto, a todos Deus provê os meios para a salvação, mas somente serão salvos pessoalmente quem pela fé receber a aplicação da redenção em virtude da obra do Espírito Santo.

Entre os teólogos reformados posteriores, alguns como John Owen, Charles Hodge, W.G.T. Shedd e B.B. Warfield rejeitaram a proposta do Amiraldianismo por entenderem que este é um grave desvio do Calvinismo, enquanto outros como Richard Baxter, A.H. Strong e Lewis Sperry Chafer sustentam que o Armiraldianismo representa um autêntico retorno ao verdadeiro sentido das Escrituras a respeito das doutrinas da graça e da natureza da predestinação divina.

Extraído de Francisco Lacueva, Diccionario Teológico llustrado (Barcelona, CLIE, 2001), pág. 45.

Tradução livre:
Rev. Ewerton B. Tokashiki
16 de Dezembro de 2010.

NOTAS:
[1] O articulista se refere ao livro Francisco Lacueva, Curso Prático de Teología Bíblica (Barcelona, CLIE, 1998).
[2] Dr Hermisten M.P. da Costa escreveu um excelente artigo sobre Amiraldianismo que merece ser lido – acesse aqui .

21 outubro 2010

A parábola do filho pródigo

A seqüência de parábolas narradas por Jesus, em Lc 15:3-32, talvez, sejam a melhor ilustração do perdão gracioso de Deus que salva pecadores. As três parábolas são: a ovelha perdida (vs. 3-7); a dracma perdida (vs. 8-10); e, por fim, o filho pródigo (vs. 11-32). Embora as três narrativas tenham uma trilogia de temas em comuns como "a perda", "o encontro", e "a alegria", elas também possuem ênfases diferentes. O famoso exegeta judeu-cristão Alfred Edersheim observa que "na parábola do filho perdido o interesse principal centraliza-se em sua restauração. Não trata da tendência natural, nem do trabalho e o pó da casa como causa atribuída à perda, mas a livre decisão pessoal de um indivíduo. O filho não se perde e se extravia; não cai e se perde da vista, mas marcha voluntariamente, e sob circunstâncias agravantes" (La Vida y los Tiempos de Jesus el Messias,vol.2, CLIE, p.203). Em nenhum momento Cristo apresenta o filho pródigo como vítima, ou como produto do meio, mas é descrito como alguém que impiedosamente age contra o seu pai, que sem afetos abandona o seu lar, e que segue para uma terra distante para ser esquecido e esquecer as suas origens.

Nesta parábola temos três personagens. Não é correto pensarmos no filho pródigo como sendo o personagem principal. O pai amoroso e o filho mais velho não são segundários, mas partes de proporcional importância nesta narrativa, abordando aspectos diferentes da mesma situação. Mas, nos referiremos a ela como tradicionalmente se tem feito: a parábola do filho pródigo. Afinal, o pecado e a manifestação prática da graça é que são os verdadeiros temas centrais nesta história. William Barclay sugere que "seria melhor chamá-la de 'parábola do pai amoroso', porque nos fala mais do amor de um pai do que do pecado de um filho" (Lucas - El Nuevo Testamento Comentado, Ed. La Aurora, p.200). O filho mais novo é um jovem que perdeu a oportunidade de ser o filho prodígio para se tornar o pródigo. Uma família judia comum, como qualquer outra nos tempos de Jesus, foi usada para ilustrar como Deus age para restaurar um relacionamento seriamente prejudicado pelo pecado.

Esta parábola ilustra como o pecado é inerentemente sem sentido. Se tem um momento que a insensatez da iniquidade fica esclarecida, é quando tentamos entender o motivo de alguém que teria todos os benefícios simplesmente escolhendo praticar o amor, e insensivelmente prefere o desprezo, por causa, de algum pecado pessoal. O pecado faz com que filhos saiam de casa em inimizade. Por causa da dureza do coração vemos casais que inicialmente fizeram juras de amor, e viveram sublimes momentos de romance se separando com ferinas palavras de amargura. Continuar desejando fartar-se de comida podre enquanto poderia comer uma farta refeição. Preferir trabalhar para um estranho, em troca de comida, deixando de construir a própria herança com o pai. Consumir todos os bens, vivendo o hoje, e esquecendo que a vida toda se dependerá de sustento. Mas, além de insensato, o pecado também torna o indivíduo insensível. Neste caso, a maior evidência desta verdade é a insensibilidade com os próprios sentimentos, de modo, que o amor perde o seu brilho e alegria, tornando temporariamente ofuscado, sem valor e propósito. Simplesmente é loucura, mas isto é o que o pecado obscurecendo a mente produz: insensatez, insensibilidade e por fim, uma vida sem sentido.

01 outubro 2010

Conflito entre Teologia Bíblica e Sistemática?

Alguns teólogos por desnecessária teimosia, insistem em perpetuar uma antiga contenda. Querem conflitar os ramos da Teologia Bíblica e da Teologia Sistemática. Parece que isto decorre do método teológico adotado, ou das premissas de cada área, ou até mesmo da tradição teológica esposada por eles. Entretanto, isto não justifica promover a inimizade entre estas duas preciosas e consistentes áreas da ciência teológica.

Por natureza a Teologia Sistemática é o centro de convergência onde todas as matérias teológicas se encontram para compartilhar as suas conquistas! Coerentemente e de modo construtivo formula-se a doutrina à partir da exegese bíblica, da filosofia, da história, e dos padrões confessionais. Aprecio muito a definição que Robert L. Reymond afirma que Teologia Sistemática é o
estudo metodológico da Bíblia que analisa a Escritura Sagrada como uma completa revelação, em distinção das disciplinas de Teologia do Antigo Testamento, Teologia do Novo Testamento e Teologia Bíblica, as quais se aproximam das Escrituras como uma revelação progressiva. Deste modo, o teólogo sistemático analisa as Escrituras como uma revelação completa, buscando entender holisticamente o plano, propósito e a intenção didática da mente divina revelada na Sagrada Escritura, e organizar este plano, propósito e intenção didática de modo ordenado e apresentação coerente como artigos da fé cristã.
[1]

Por definição a Teologia Bíblica é “aquele ramo da teologia cuja preocupação é estudar cada segmento das Escrituras individualmente, especialmente quanto ao seu lugar na história da revelação progressiva de Deus”.[2] Ainda podemos falar desta disciplina como sendo “um estudo do processo da auto-revelação de Deus depositada na Bíblia."[3] Assim, observa-se que são áreas diferentes, mas não conflitantes, pelo contrário, elas são disciplinas co-dependentes.

Geerhardus Vos, que lecionou tanto dogmática como teologia bíblica, esclarece a diferença entre as duas disciplinas declarando que
Teologia Bíblica ocupa uma posição entre Exesege e Sistemática na enciclopédia das disciplinas teológicas. Ela difere da Teologia Sistemática, não porque seja mais bíblica, ou por aderir mais estritamente as verdades da Escritura, mas em que o seu princípio de organizar o material bíblico é mais histórico do que lógico. Considerando que a Teologia Sistemática usa a Bíblia como um todo completo e empenha-se em exibir o seu completo ensino numa forma ordenada e sistemática, a Teologia Bíblica divide os assuntos a partir da perspectiva histórica, buscando demonstrar o crescimento orgânico ou desenvolvimento das verdades da Revelação Especial da primitiva Revelação Especial pré-redentiva entregue no Éden até o fechamento do cânon do Novo Testamento.
[4]

Infelizmente há quem queira continuar a controvérsia entre as áreas de Sistemática e Bíblica. Penso ser um prejuízo acadêmico esta tola controvérsia. Spykman exorta-nos dizendo que
este é o momento apropriado para deixar de lado este falso dilema. Como em toda ciência, assim também na teologia, existem certas divisões de trabalho que coincidem com certas linhas demarcatórias naturais, dentro do campo global. Discerne-se claramente uma diferença de tarefas. Então, fique estabelecido, tanto na teologia bíblica como na dogmática, que cada uma tem sua identidade e integridade. Cada uma tem seu próprio campo de estudo, seus próprios princípios organizadores e suas metodologias. Assim, ambas são chamadas a serem “bíblicas” no sentido de serem fiéis a Bíblia. O fato de que a teologia bíblica trabalhe mais diretamente com pressupostos bíblicos não é garantia de ser mais fiel às escrituras que a dogmática, ainda que, esta última talvez, trabalhe mais diretamente com os dados bíblicos. Juntas devem inclinar-se ante a autoridade da Palavra de Deus como norma vigente para ambas disciplinas. Ambas são respostas teológicas a essa norma permanente. Todavia, são diferentes em suas áreas de investigação, em suas ferramentas e estudo, nos resultados de seus respectivos estudos. Estas diferenças devem ser honradas.
[5]

Como especialista em Teologia Bíblica D.A. Carson sugere que “a teologia bíblica precisa ser sistemática, mesmo que focalize o lugar e o significado históricos de um segmento específico da Bíblia; e a teologia sistemática, se depender de exegese honesta, deve forçosamente depender de considerações históricas.”[6]

NOTAS:
[1] Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith (Nashville, Thomas Nelson Publishers, 1998), pág. xxv-xxvi.
[2] Donald A. Carson, Teologia Bíblica ou Teologia Sistemática (São Paulo, Edições Vida Nova, 1999), pág. 27.
[3] Geerhardus Vos, Biblical Theology – Old and New Testament (Edinburgh, The Banner of Truth Trust, 2000), pág. 13.
[4] Geerhardus Vos, Biblical Theology – Old and New Testament, pág. v-vi.
[5] Gordon J. Spykman, Teologia Reformacional - un nuevo paradogma para hacer la Dogmática (Grand Rapids, TELL, 1994) pág. 10.
[6] Donald A. Carson, Teologia Bíblica ou Teologia Sistemática, pág. 27.

18 setembro 2010

O relacionamento das pessoas da Trindade

Como ocorre esta relação entre as pessoas da Divindade? Primeiramente, é necessário declarar que entre as pessoas divinas não há divisão, confusão, nem subordinação essencial entre elas, pois os três são igualmente Deus. É errado pensar que cada pessoa divide a essência entre si, de modo que, uma pessoa independesse uma da outra. Herman Hoeksema esclarece que
deste modo, as pessoas da santa Trindade, de modo completo e perfeito, entram na vida uma da outra. A sua comunhão é infinitamente perfeita. Elas não têm segredos uma com a outra. Não há conflitos entre si. O seu relacionamento está em perfeita harmonia: o Pai conhece e ama o Filho, no Espírito; o Filho conhece e ama o Pai, no Espírito; o Espírito conhece e ama o Pai, através do próprio Filho. O Deus vivo é o Deus de aliança. E esta é a grande significado da verdade que Deus é trino, e que estas três diferentes pessoas são um único, verdadeiro e eterno Deus.[1]


Segundo, as pessoas da Trindade mantêm uma mútua relação em suas obras. John M. Frame esclarece que
a Escritura apresenta uma sensível avaliação entre as diferenças entre as pessoas da Trindade e o Seu mútuo envolvimento, e eu necessito dizer mais a respeito deste último assunto. Circumincessio, circumcessio, circumssion, perichoresis, e coinherence são termos técnicos para a mútua relação das Pessoas: o Pai no Filho, e o Filho nEle (Jo 10:38; 14:10-11, 20; 17:21); e ambos no Espírito, e o Espírito neles (Rm 8:9). Ver Jesus é ver o Pai (Jo 14:9), porque Ele e o Pai são um (10:30). Após Jesus deixar a terra, ele "viria" no Espírito para estar com o Seu povo (14:18). Todas as três pessoas estão envolvidas em todas as obras de Deus da Criação. Como temos observado o Pai (Gn 1), o Filho (Jo 1:3; Cl 1:16), e o Espírito (Gn 1:2; Sl 104:30) estão envolvidos na obra da criação. O mesmo é verdade quanto à providência, e, do mesmo modo a redenção o juízo final. Isto não significa que as três pessoas atuam da mesma forma nestes eventos. O Pai, e não o Filho, enviou Jesus ao mundo para redimir o Seu povo; o Filho, e não o Pai, ou o Espírito, encarnou para morrer sobre a cruz pelos nossos pecados. De fato, no momento da morte, Ele estava, do mesmo modo misterioso, desamparado pelo Seu Pai (Mc 15:34). O Espírito, e não o Pai nem o Filho, veio sobre a Igreja com poder no dia de Pentecostes (enviado pelo Pai e pelo Filho [Jo 14:15-21]), apesar do Filho vir à nós pelo Espírito. De acordo com 1 Pe 1:1-2, o Pai é o único que predetermina, o Filho é o único que asperge o sangue, e o Espírito é o único que santifica. Esta é uma generalização acerca das diferentes tarefas das Pessoas da Divindade: o Pai planeja, o Filho executa e o Espírito aplica. Mas, de acordo com Pedro não existe aqui a descrição de uma precisa divisão da obra. Ele reconhece que todos os eventos exigem a concorrência de todas as três pessoas.[2]


NOTAS:
[1] Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics (Grandville, RFPA, ed.rev., 2004), vol.1, pp. 216-218.
[2] John M. Frame, The Doctrine of God (Phillipsburg, P&R Publishing, 2002), págs. 693-694.

01 agosto 2010

D. MARTIN LLOYD-JONES (1899-1981) - Série biografia 3

Escrito por J.I. Packer

D.M. Lloyd-Jones foi um pregador galês, popular e influente, com grandes dons intelectuais, serviu numa congregação da Igreja Presbiteriana de Gales em Aberavon, Port Talbot, de 1927 a 1938, e em seguida à congregação independente na Westminster Chapel, Londres, primeiro como auxiliar e depois como sucessor de G. Campbell Morgan (1863-1945). Jubilou-se em 1968, mas continuou dedicado a pregação itinerante até pouco antes de sua morte.

“O Doutor”, como sempre era chamado, formado e qualificado para a medicina antes de dedicar-se ao ministério, resultava tão irresistível como o seu estilo diagnóstico de expor as necessidades dos incrédulos, os cristãos e as igrejas usando uma terminologia clínica. Versado por conta própria nas tendência teológicas e acerca da vida espiritual dos puritanos, calvinistas e igrejas reformadas, foi um incansável expositor das riquezas da graça de Deus e de seu poder, segundo as Escrituras, e constante inimigo de tudo que impedisse ou solapava uma compreensão clara de tais riquezas: o liberalismo fácil e racionalista; a oca neo-ortodoxia; o estéril legalismo sacramental do sistema romano, definido em Trento; e a indiferença às pressões ecumênicas que, segundo ele, conduziam à versões descafeinadas da fé, a uma idéia inadequada do que significa ser cristão, e a uma falta de interesse pela autêntica unidade cristã. O fato de enfatizar este último ponto durante os seus último anos lhe afastou de muitas organizações evangélicas que antes consideravam-no mentor, consultor e guia, notável por seus conhecimentos e sua sabedoria.

Dentro da tendência reformada, o ministério de Lloyd-Jones distinguiu-se por: 1) o compromisso em grande escala com a pregação expositiva (por exemplo, foram 11 anos dedicados a Rm 1-14;[1] 2) a sua ênfase sobre a adequação racional da fé bíblica, e seu estilo de pregação direta, persuasiva, baseada no senso comum e “de pessoa a pessoa”, que utilizava no púlpito; 3) a sua exposição profundamente experimental do evangelho, com ênfase constante no perdão, a paz, a segurança, o gozo e a esperança em Deus; 4) a sua ênfase sobre o batismo do Espírito como um acontecimento posterior a conversão,[2] como uma garantia de segurança que deveriam buscar todos os crentes; 5) o seu interesse pelo avivamento espiritual[3], entendido em termos edwardianos (ver Jonathan Edwards), como um derramamento novo do Espírito para abençoar a Palavra exposta, entendendo-o como a única e última esperança da igreja contemporânea; e, 6) a sua ênfase sobre a própria pregação como atividade inspirada pelo Espírito e tremendamente significativa.

Todas as obras de Lloyd-Jones são sermões ou conferências transcritas.[4]

NOTAS
:
[1] Esta série de sermões expositivos encontram-se publicados pela editora PES. Nota do tradutor.
[2] A análise do entendimento de Lloyd-Jones acerca deste assunto pode ser lida em Martin lloyd-Jones, Stott e 1 Co 12:13 - O Debate sobre o Batismo com o Espírito Santo, escrito pelo Dr Augustus Nicodemus Lopes na Revista Teológica Fides Reformata. Nota do tradutor.
[3] O seu livro Avivamento encontra-se publicado pela editora PES. Nota do tradutor.
[4] Apesar de D.M. Lloyd-Jones não ser estritamente um teólogo sistemático, ele a pregou essencialmente em todos os seus sermões. Nota do tradutor.

Extraído de David J. Atkinson & David H. Field, eds., Diccionário de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Publicaciones Andamio & CLIE, 2004), págs. 763-764.

Tradução livre: Rev. Ewerton B. Tokashiki

WILHELMUS À BRAKEL (1635-1711) - Série biografia 2

Escrito por Joel R. Beeke

Wilhelmus à Brakel[1] (um contemporâneo de eminentes teólogos da Segunda Reforma Holandesa, tais como Witsius, Voetius, Van Lodenstein, Koelman e Hellenbroek) nasceu em 2 de Janeiro de 1635, em Leeuwarden, nos Países Baixos. Ele foi o único filho de Dirck Gerrits van Brakel, posteriormente conhecido como Theodorus à Brakel.

Wilhelmus teve o inestimável privilégio de ser educado por dois pais mui piedosos, que foram gratos ao testemunhar que o seu filho temeu ao Senhor desde o início de seus dias. O seu pai foi um renomado ministro na província de Friesland, e um homem de extraordinária piedade. Os seus pais lutaram em oração para que o seu filho pudesse ser usado pelo Senhor como um poderoso instrumento em Seu serviço. E agradou ao Senhor responder as suas orações além da expectativa.[2]

à Brakel estudou teologia em Franeker e em Utrecht, e foi particularmente influenciado por seu mentor, Gisbertus Voetius. Com a idade de vinte e quatro anos ele foi ordenado um ministro do evangelho. Os seus sermões eram Cristocêntricos, ricos em conteúdo evangélico, experimentais e direcionados àqueles que estavam presentes.

à Brakel serviu quatro congregações em sua província nativa da Friesland: Exmorra (1662-1665), Stavoren (1665-1670), Harlingen (1670-1673) e em sua terra natal, a capital da Friesland, Leeuwarden (1673-1683). O jovem ministro começou o seu ministério em Exmorra - uma díficil congregação - com grande zelo. Um contemporâneo disse-lhe que ele deveria sepultar a si do mesmo modo como estava aquele vilarejo. O seu diligente esforço em Friesland foi ricamente abençoado pelo Senhor. O Espírito Santo evidenciou fluir a Si mesmo pela fiel pregação do evangelho do Senhor Jesus Cristo.

Todavia, o seu período em Friesland provou ser uma preparação para uma tarefa ainda maior que o Senhor tinha preparado para ele em Rotterdam - o seu final e mais longo pastorado (1683-1711). Durante este pastorado ele envolveu-se numa longa e frutífera batalha contra os Labadistas, empenhando-se por uma igreja pura aqui sobre a terra, corajosamente resistindo a tentativa do governo de intrometer-se nos negócios da igreja, e escreveu a sua magnum opus The Christians Reasonable Service - o maduro fruto de seu labor ministerial.

Após um frutífero ministério de quarenta e nove anos, agradou o Senhor receber o seu eminente teólogo - afetuosamente referido pelos piedosos como "o Pai Brakel" - tomando-o para Si em 1711, com a idade de setenta e seis anos, para receber a recompensa de um servo fiel.

Notas:
[1] Embora também seja um resumo, a biografia de à Brakel pode ser lida em Joel R. Beek & Randall J. Pederson, MEET the PURITANS (Reformation Heritage Books, 2006), págs. 745-752. Nota do tradutor.
[2] A providência de Deus o preparou para servir no ministério pastoral. Sabe-se que ele "nasceu em 2 de Janeiro de 1635, em Leeuwarden, sendo único filho de Margaretha Homma e Theodorus à Brakel, um pastor reformado de extraordinária piedade que tornou-se conhecido por seu De Trappen des Geestelycken Levens [Os Passos da Graça na Vida Espiritual]. Wilhelmus e suas cinco irmãs foram educados num lar caracterizado pelo temor de Deus. Wilhelmus foi convertido ainda garoto, provavelmente sob a pregação de seu pai e as orações e exortações de sua mãe. Ele freqüentou a Escola de Latim em Leeuwarden, e então entrou na Academia de Franeker com a idade de dezenove anos, em 1654. Ao completar os seus estudos em 1659, o presbitério de Leeuwarden o admitiu no ministério pastoral. Devido a necessidade de vagas naquele período, à Brakel continuou o seu treinamento teológico por mais alguns anos em Utrecht sob a orientação de Gisbertus Voetius e Andreas Essenius" in: J.R. Beek & R.J. Pederson, MEET the PURITANS, pág. 745. Nota do tradutor.

Extraído de Wilhelmus à Brakel, The Christian's Reasonable Service (Gran Rapids, Reformation Heritage Book, 1999), vol. 1, nota da sobrecapa.

Tradução livre: Rev. Ewerton B. Tokashiki