18 setembro 2010

O relacionamento das pessoas da Trindade

Como ocorre esta relação entre as pessoas da Divindade? Primeiramente, é necessário declarar que entre as pessoas divinas não há divisão, confusão, nem subordinação essencial entre elas, pois os três são igualmente Deus. É errado pensar que cada pessoa divide a essência entre si, de modo que, uma pessoa independesse uma da outra. Herman Hoeksema esclarece que
deste modo, as pessoas da santa Trindade, de modo completo e perfeito, entram na vida uma da outra. A sua comunhão é infinitamente perfeita. Elas não têm segredos uma com a outra. Não há conflitos entre si. O seu relacionamento está em perfeita harmonia: o Pai conhece e ama o Filho, no Espírito; o Filho conhece e ama o Pai, no Espírito; o Espírito conhece e ama o Pai, através do próprio Filho. O Deus vivo é o Deus de aliança. E esta é a grande significado da verdade que Deus é trino, e que estas três diferentes pessoas são um único, verdadeiro e eterno Deus.[1]


Segundo, as pessoas da Trindade mantêm uma mútua relação em suas obras. John M. Frame esclarece que
a Escritura apresenta uma sensível avaliação entre as diferenças entre as pessoas da Trindade e o Seu mútuo envolvimento, e eu necessito dizer mais a respeito deste último assunto. Circumincessio, circumcessio, circumssion, perichoresis, e coinherence são termos técnicos para a mútua relação das Pessoas: o Pai no Filho, e o Filho nEle (Jo 10:38; 14:10-11, 20; 17:21); e ambos no Espírito, e o Espírito neles (Rm 8:9). Ver Jesus é ver o Pai (Jo 14:9), porque Ele e o Pai são um (10:30). Após Jesus deixar a terra, ele "viria" no Espírito para estar com o Seu povo (14:18). Todas as três pessoas estão envolvidas em todas as obras de Deus da Criação. Como temos observado o Pai (Gn 1), o Filho (Jo 1:3; Cl 1:16), e o Espírito (Gn 1:2; Sl 104:30) estão envolvidos na obra da criação. O mesmo é verdade quanto à providência, e, do mesmo modo a redenção o juízo final. Isto não significa que as três pessoas atuam da mesma forma nestes eventos. O Pai, e não o Filho, enviou Jesus ao mundo para redimir o Seu povo; o Filho, e não o Pai, ou o Espírito, encarnou para morrer sobre a cruz pelos nossos pecados. De fato, no momento da morte, Ele estava, do mesmo modo misterioso, desamparado pelo Seu Pai (Mc 15:34). O Espírito, e não o Pai nem o Filho, veio sobre a Igreja com poder no dia de Pentecostes (enviado pelo Pai e pelo Filho [Jo 14:15-21]), apesar do Filho vir à nós pelo Espírito. De acordo com 1 Pe 1:1-2, o Pai é o único que predetermina, o Filho é o único que asperge o sangue, e o Espírito é o único que santifica. Esta é uma generalização acerca das diferentes tarefas das Pessoas da Divindade: o Pai planeja, o Filho executa e o Espírito aplica. Mas, de acordo com Pedro não existe aqui a descrição de uma precisa divisão da obra. Ele reconhece que todos os eventos exigem a concorrência de todas as três pessoas.[2]


NOTAS:
[1] Herman Hoeksema, Reformed Dogmatics (Grandville, RFPA, ed.rev., 2004), vol.1, pp. 216-218.
[2] John M. Frame, The Doctrine of God (Phillipsburg, P&R Publishing, 2002), págs. 693-694.