17 outubro 2013

Uma palavra de advertência acerca de Tim Keller

Tim Keller é uma pessoa muito complicada teologicamente, assim, por favor, preste atenção enquanto explico. Sou um grande admirador do Cristocentrismo de Keller e sua clara explicação do evangelho. De fato, a apresentação do evangelho por parte de Keller é uma das melhores que jamais escutei. Seu entendimento da somente a graça em Cristo somente numa perspectiva Reformada é verdadeiramente magnífico... até mesmo profundo. Proclama em voz alta que "o evangelho NÃO é o que fazemos para Cristo, senão acerca do que Cristo fez por nós" o que é algo que se acha longe da RCC e do Movimento Emergente como se possa imaginar. Pessoalmente sou grandemente abençoado por seu ministério. Promovemos-lhe porque o seu ensino, em geral, é MUITO bom.

Mas, sempre fui um admirador crítico de Tim Keller. Permita-me explicar. Por um lado, ele ama a Jonathan Edwards e aos Puritanos, bem como o experiencialismo Calvinista e o evangelho de somente a graça em Cristo somente. Por outro lado, integra algumas ideias de fora da tradição reformada. E isso nem sempre é algo ruim, pois podemos aprender de outras tradições. Todavia, neste caso, discordo profundamente de algumas de suas posições. 1) É um evolucionista teísta. 2) Às vezes, tende a ter uma ênfase desequilibrada em temas como a justiça social e a renovação cultural (o que tem levado a muitas igrejas locais influenciadas por ele a se envolver nas políticas de esquerda ou direita, cuja "ala" dependendo da localização da igreja), e (3) recentemente tem chamado minha atenção que sua igreja pratica a oração contemplativa, ou o misticismo católico, o que potencialmente poderia conduzir as pessoas a abraçar os perigosos ensinos da Contrarreforma de Ignácio de Loyola, San Juan de la Cruz, Santa Teresa de Ávila (místicos católicos) que ensinam (entre outras coisas) as ideias extra-bíblicas da perfeição cristã, visões e guia mística divina. Em minha opinião, algumas destas acomodações tendem a ser inconsistentes com o evangelho que de outra forma comunica tão poderosamente.

De modo que, uma palavra de precaução aos jovens cristãos que se emocionam demasiadamente com o seu material. Quase há um culto entre os ministros de a RUF e outros jovens que recentemente estão entrando na PCA. Isto poderia ser, potencialmente, algo pouco saudável. Somente quero que os leitores deem um passo à atrás por um segundo, e tomem em consideração estas coisas antes de sinceramente submergirem. Uma vez mais, seus livros sobre a idolatria, o matrimônio, a apologética, e especialmente seus livros sobre o evangelho, etc., são geralmente muito úteis, e essa é a razão pela qual os vendemos sem reservas. Amo seu Cristocentrismo, a sua ênfase na experiência e penso que comunica coisas de uma maneira muito útil, mas aponto com aguda exceção a sua evolução teísta, o seu ecumenismo e sua desequilibrada ênfase na justiça social. E jamais venderíamos, ou promoveríamos conscientemente nenhum recurso que promovesse especificamente estas ideias ou práticas errôneas.

Podemos estar em desacordo com um homem em muitas coisas e ainda assim pensar que as pessoas podem se beneficiar de seu ministério do evangelho. Sei que há um grupo de pessoas que preferiria que o retirássemos totalmente de nossa venda. Eu lhes agradeço por chamar a minha atenção para algumas destas coisas. Mas, depois de buscar conselho sobre isto da parte de outros pastores, sinto que uma advertência deste tipo é a melhor maneira de seguir adiante. Se estas advertências forem consideradas, então, creio que vocês serão abençoados pelo útil ministério do Dr. Tim Keller.

John Hendryx
Monergism Books

Extraído DAQUI em 17/10/2013.

14 comentários:

Lucio disse...

Olá, Tokashiki! Não sabia desse posicionamento pseudo-piedoso do Keller. Fiquei, deveras, entristecido.
Para complementar, seria a mesma postura do Richard Foster (no 'celebração da disciplina')? Quando estava a ler este livro, não consegui dar prosseguimento quando cheguei no capítulo sobre meditação...

Fabricio Valadão Batistoni disse...

o alerta é... truco... desnecessário... criar um pampeiro sobre o assunto. Já me disseram pra não crer em nada que C.S. Lewis escreveu porque parecia "feitiçaria"... Acho desnecessário lembrar que o Evangelho é o Poder de Deus (até se sair da boca do diabo)

Marcos Vasconcelos disse...

Obrigado pelo esclarecimento, Rev. Tokashiki. Oportuno e equilibrado. Também à semelhança do Lucio Oliveira perdi o ímpeto da leitura do livro do Richard Foster no ponto em que o autor passou a falar na posição das mãos na oração ou meditação (abertas e voltadas para cima); não lembro exatamente em que parte do livro. Um dia ainda termino de lê-lo, mas há leituras mais importantes na fila. Forte e fraterno abraço.

Rev. Ageu Magalhães disse...

Caro Rev. Tokashiki, parabéns pela coragem de publicar este texto. Infelizmente, os evangélicos agora estabeleceram semi-deuses, santos e perfeitos... e aí daqueles que levantarem uma só falha no ministério destes. Sobre Tim Keller, sua eclesiologia não é das melhores. Ele faz uso, nos cultos, de músicos não-convertidos. Veja abaixo:

“Nós costumamos incluir músicos não-cristãos, que contam com maravilhosos dons e talentos, em nossos cultos. Nós não os usamos como solistas, mas os integramos em nossos conjuntos. Nós cremos que isso se encaixa em uma cosmovisão reformada. A visão dualista em muitas igrejas evangélicas é a de que um cristão piedoso e sincero, mas musicalmente “médio”, é mais agradável a Deus do que um músico profissional não-cristão. Mas a teologia reformada ensina que os dons naturais de Deus na criação são tanto uma obra da graça como os dons de Deus na salvação... Talento musical é um dom de Deus, e pedir para um músico oferecer esse dom em um culto de adoração é uma coisa boa tanto para ele quanto para nós [a igreja].” (Worship by the Book” edited by D.A. Carson, Page 239. Dr. Tom Jennings, art director on Timothy Keller)

No livro dele publicado pela Vida Nova "Igreja Centrada", ele parece justificar o argumento pela questão da "qualidade da música". É preciso, de fato, um pé atrás com ele. Abraço.

Diego dy Carlos disse...

Gostaria de levar a advertência um passo adiante, se tenho permissão:

Por favor, leiam criticamente qualquer escritor nascido neste mundo. Com exceção dos autores sagrados que foram inspirados por Deus e cujas obras constituem a norma das normas, todos os outros (pasme, incluindo Calvino!) sempre verão esta natureza pecaminosa que nos marca os impedirem de serem teologicamente perfeitos.

A advertência deste artigo tem seu valor - principalmente em uma era em que grande parte da Igreja parece não poder viver sem ídolos!

No amor do Pai.

Diego dy Carlos disse...
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PEREGRINA disse...

Extremamente válido. Pelo menos, para mim.

Marcos David Muhlpointner disse...

Será que a teologia de Spurgeon é duvidosa por ele não batizar crianças e por ser um imersionista? Será que a teologia de Lloyd-Jones não serve por ele não ter sido um cessacionista radical? Será que a teologia de Whitefield é deficiente por ter sido amigo de Wesley?

Será que a teologia de Davi não serve por ele ter adulterado e mandado um homem à morte? E o que dizer da teologia de Salomão, que tinha "não sei quantas mulheres"!!!

Tomara que a "nossa" teologia não tenha falhas!!! Como é que as pessoas vão nos ver se formos imperfeitos na nossa teologia!!!!

Tom disse...

O texto não traz as provas destas práticas indicadas. Como parte de qualquer retórica, a prova das posturas contemplativas de Timothy Keller não foram tratadas, ou indicadas nos livros ou fontes utilizadas pelo autor. Assim, fica a ideia de escrever para gerar polêmica. Mas, valeu a leitura do texto. Em Cristo.

Bruno Matias disse...

Aproveite e faça um artigo para todos os autores cristãos, pois todos sempre têm alguma falta teológica - até Agostinho, Calvino! Que coisa! Sempre temos que ficar com um "pé atrás" não só com o Keller, mas com todos aqueles que escrevem ou falam qualquer coisa.

S.C.A disse...

Sou católica e me interessei pelo livro "Oração" logo que vi sua capa e depois mais ainda quando li a sinopse. Fiquei curiosa para conhecer o que estavam comentando sobre tal livro e decidi apenas enviar esse comentário para concordar com o Sr. Marcos David Muhlpointner.
Será que não ficamos olhando muito para as "falhas" do outro e pouco para as nossas? Ou será que pensamos que nossa visão, conceito ou atitudes de vida são dignas apenas de elogios? Será que somos mesmo imitadores de Cristo?
Obrigada pela atenção. Paz e bem!

Unknown disse...
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Emilia disse...

É a velha máxima de reter o que for bom.

Marcos disse...

Temos que lembrar que todos os teólogos por melhores que sejam, e incluo nessa galeria, nosso amado irmão Tim Keller, todos, tem pés de barro. Isso implica que podemos cometer excessos.