09 junho 2014

Discipulado intelectual? Pensamento fiel para uma vida fiel

Por Albert Mohler


A narrativa bíblica serve como referência para os princípios cognitivos que permitem a formação de uma cosmovisão autenticamente cristã. Muitos cristãos se apressam em desenvolver o que eles chamam uma "cosmovisão cristã" pela organização das verdades, doutrinas e convicções cristãs separadas com a finalidade de criar fórmulas para o pensamento cristão. Sem dúvida, esta é uma melhor ênfase que se encontra entre tantos crentes que têm pouco interesse pelo pensamento cristão, mas não é suficiente.

Um modelo sólido e rico do pensamento cristão — a qualidade do pensamento que culmina numa cosmovisão centrada em Deus — requer que vejamos toda a verdade como interconectada. Consequentemente, a totalidade sistemática da verdade pode-se remontar ao fato de que o próprio Deus é o autor de toda a verdade. O Cristianismo não é apenas um conjunto de doutrinas, no sentido de que um mecânico opera com um conjunto de ferramentas. Pelo contrário, o Cristianismo é uma cosmovisão completa e o modo de vida que nasce da reflexão cristã a partir da Bíblia e do plano planejado por Deus, conforme revelado na unidade das Escrituras.

Uma cosmovisão centrada em Deus atrai todos os temas, perguntas e preocupações culturais, para uma submissão a tudo o que a Bíblia revela, e caracteriza todo entendimento dentro do objetivo final de permitir a maior glória de Deus. Esta tarefa de levar cativo todo o pensamento a Cristo requer mais do que o pensamento cristão circunstancial e deve-se entender como a tarefa da igreja, e não somente a preocupação dos crentes individuais. A recuperação da mente cristã e o desenvolvimento de uma cosmovisão cristã integral requerem a reflexão teológica mais profunda, a aplicação mais consagrada da erudição, o compromisso mais sensível para compaixão e o valor de enfrentar todas as perguntas sem temor.

O Cristianismo trás ao mundo um entendimento distintivo do tempo, história e o significado da vida. A cosmovisão cristã abrange uma compreensão do universo e tudo o que nele contém, e nisto percebemos muito além do mero Materialismo e nos liberta da prisão intelectual do Naturalismo. Os cristãos entendem que o mundo — inclusive o mundo material, se dignifica com o mesmo fato de que Deus o criou. Ao mesmo tempo, entendemos que devemos ser administradores desta criação, e não devemos adorar as coisas que Deus fez. Entendemos que cada ser humano é feito à imagem de Deus e que Deus é o Senhor da vida em todas as etapas do desenvolvimento humano. Honramos a santidade da vida humana, porque adoramos ao Criador. Da Bíblia, extraímos a informação fundamental de que Deus se deleita na diversidade étnica e racial de suas criaturas humanas, e assim devemos fazê-lo.

A cosmovisão cristã envolve um entendimento distintivo da beleza, a verdade e a bondade, entendendo-se por tais os transcendentais que, na análise final, são uma e a mesma. Portanto, a cosmovisão cristã não permite a fragmentação que elimina o belo do verdadeiro, ou do bom. Os cristãos consideram a administração dos dons culturais — que vão da música e a arte visual até o drama e à arquitetura — como uma questão da responsabilidade espiritual.

A cosmovisão cristã proporciona os recursos autorizados para a compreensão de nossa necessidade da lei e nosso respeito pela ordem. Informados pela Bíblia, os cristãos entendem que Deus inverteu o governo com a responsabilidade urgente e importante. Ao mesmo tempo, os cristãos chegam a compreender que a idolatria e o auto-engrandecimento são tentações que vêm a cada esfera. A partir dos ensinos abundantes da Bíblia referentes ao dinheiro, à cobiça, à dignidade do trabalho, e a importância do trabalho, os cristãos têm muito que abranger a uma compreensão adequada da economia. Aqueles que atuam a partir de uma cosmovisão intencionalmente bíblica não podem reduzir os seres humanos a simples unidades econômicas, senão há de se entender que nossa vida econômica reflete o fato de que estamos feitos à imagem de Deus e, portanto, estão investidos da responsabilidade de serem mordomos de tudo o que o Criador nos concedeu.

A fidelidade cristã requer um profundo compromisso com a séria reflexão moral sobre assuntos da guerra e da paz, a justiça e a equidade e o bem funcionamento de um sistema de leis. Nosso esforço intencional por desenvolver uma cosmovisão cristã nos obriga a voltarmos aos primeiros princípios uma e outra vez, num esforço constante e vigilante para assegurar-se de que os padrões de nossos pensamentos são consistentes com a Bíblia e sua narrativa.

No contexto do conflito cultural, o desenvolvimento de uma autêntica cosmovisão cristã deve permitir à Igreja do Senhor Jesus Cristo manter um equilíbrio responsável e valente em qualquer cultura, em qualquer período de tempo. A administração desta responsabilidade não é somente um desafio intelectual, senão que determina em grande medida, se os cristãos vivem e atuam ou não, ante o mundo de uma maneira que glorifique a Deus e promova a credibilidade do evangelho de Jesus Cristo. O fracasso nesta tarefa representa um abandono da responsabilidade cristã que desonra a Cristo, debilita a Igreja, e compromete o testemunho cristão.

Uma falha no pensamento cristão é um fracasso do discipulado, porque somos chamados a amar a Deus com nossas mentes. Não podemos seguir fielmente a Cristo sem antes pensar como cristãos. Por outra parte, os crentes não devem ser pensadores alienados que isolados levam esta responsabilidade. Somos chamados para sermos fiéis juntos à medida que aprendemos o discipulado intelectual dentro da comunidade de crentes, a Igreja.

Pela graça de Deus, nos permite amar a Deus com nossas mentes para que lhe sirvamos com nossas vidas. A fidelidade cristã requer o desenvolvimento consciente duma cosmovisão que começa e termina com Deus em seu centro. Somente somos capazes de pensar como cristãos porque pertencemos a Cristo, e a cosmovisão cristã é, enfim, nada mais do que tratar de pensar como Cristo requer que pensemos, com a finalidade de ser o que Cristo nos chama para ser.


Para a leitura de contexto, consulte:
R. Albert Mohler, Jr., “The Glory of God and the Life of the Mind,” Quinta-feira, 12 de Novembro, 2010.
R. Albert Mohler, Jr., “The Knowledge of the Self-Revealing God: Starting Point for the Christian Worldview,” Quinta-feira, 3 de Dezembro, 2010.
R. Albert Mohler, Jr., “The Christian Worldview as Master Narrative: Creation,” Quarta-feira, 15 de Dezembro, 2010.
R. Albert Mohler, Jr., “The Christian Worldview as Master Narrative: Sin and its Consequences,” Quinta-feira, 7 de Janeiro, 2011.
R. Albert Mohler, Jr., “The Christian Worldview as Master Narrative: Redemption Accomplished,” Segunda-feira, 10 de Janeiro, 2011.
R. Albert Mohler, Jr., “The Christian Worldview as Master Narrative: The End that Is a Beginning,” Quarta-feira, 12 de Janeiro, 2011.


Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
Porto Velho, 9 de Junho de 2014.

Extraído de http://elevangeliosegunjesucristo.blogspot.com.br/2014/01/discipulado-intelectual-pensamiento.html acessado em 29 de Janeiro de 2014.

06 junho 2014

Os Três Pontos da Graça Comum conforme a Christian Reformed Church

A resolução da Christian Reformed Church acerca da Graça Comum


Numa reunião Sinodal da Christian Reformed Church (CRC), que começou em 18 de junho de 1924, em Kalamazoo, no Michigan, após uma longa controvérsia, a CRC adotou o que veio a ser conhecida como os "Três Pontos da Graça Comum." Porque alguns ministros dentro da CRC se recusaram a assinar os "Três Pontos", eles (com a maioria de seus consistórios) foram suspensos ou deposto dos seus cargos. Este foi o início das Protestant Reformed Church na América. Estes ministros, e outros depois deles, escreveram respostas à decisão que foi tomada. Naquela época, e desde então, a Protestant Reformed Church tem alertado que estes "Três Pontos" eram não somente contrário à Escritura e as Confissões Reformadas, mas também serviu como uma ponte para o mundo e daria a desculpa para introduzir o mundanismo na igreja.

Citamos literalmente os três pontos:

I. O Primeiro Ponto:
"Em relação ao primeiro ponto, que diz respeito à atitude favorável de Deus para com a humanidade em geral e não apenas para os eleitos, o Sínodo declara que é possível afirmar de acordo com a Escritura e as Confissões que, além da graça salvadora de Deus apresentado apenas àqueles que são eleitos para a vida eterna, há também certo favor ou graça de Deus que Ele mostra às Suas criaturas em geral. Isto é evidente a partir das passagens bíblicas citadas e dos Cânones de Dordrecht II: 5 e III- IV: 8,9, que tratam da oferta geral do Evangelho, ao mesmo tempo que também aparece as citações feitas a partir de escritores reformados do período mais florescente da Teologia Reformada que nossos escritores reformados do passado favoreceram este ponto de vista. (Prova bíblica: Salmo 145:9; Mt 5:44, 45; Lc 6:35-36; At 14:16-17; 1 Tm 4:10; Rm 2:4 ; Ezequiel 33:11 ; Ezequiel 18:23)”

II. O Segundo Ponto:
"Em relação ao segundo ponto no que diz respeito à restrição do pecado na vida do homem individual e na comunidade, o Sínodo declara que há tal restrição do pecado, segundo as Escrituras e a Confissão. Isto é evidente a partir das citações das Escrituras e da Confissão dos Países Baixos, Art. 13 e 36, que ensinam que Deus pelas operações gerais do Seu Espírito, sem renovar o coração do homem, restringe os efeitos do pecado, de modo que a vida humana na sociedade continua a ser possível; e quanto a isto também é evidente a partir das citações de escritores reformados do período mais florescente da Teologia Reformada, que desde os tempos antigos nossos pais reformados eram da mesma opinião. (Prova bíblica: Sl 81:11-12 ; Gn 6:3; At 7:42; Rm 1:24; Rm 1:26, 28; 2 Ts 2:6-7).”

III. O Terceiro Ponto:
"Em relação ao terceiro ponto, no que diz respeito à questão da justiça civil realizada pelo não-regenerado, o Sínodo declara que de acordo com a Escritura e as Confissões o não-regenerado, embora seja incapaz de fazer qualquer coisa dita boa, pode fazer o bem civil. Isto é evidente das citações das Escrituras e dos Cânones de Dordrecht, III- IV: 4, e da Confissão dos Países Baixos, Art. 36, que ensinam que Deus, sem renovar o coração, ainda assim influencia o homem de modo que ele seja capaz de realizar o bem civil; ao mesmo tempo que isto é evidente das citações de escritores reformados do período mais florescente da Teologia Reformada que nossos pais reformados desde os tempos antigos eram da mesma opinião. (Prova bíblica: 2 Rs 10:29-30; 2 Rs 12:2; 14:3 ; Lc 6:33; Rm 2:14).”


Extraído http://www.prca.org/resources/categories/articles/item/291-the-three-points-of-common-grace de 8 de Março de 2014.
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki.

Para acesso aos documentos do sínodo da Christian Reformed Church - ACESSE AQUI