Você tem o direito de esperar que o púlpito da sua igreja seja preenchido por homens preparados pregando sermões bem-preparados. Você tem o direito de esperar pregadores que se prepararam espiritualmente e, também, passaram muitas horas preparando seus sermões. Você tem o direito de esperar que os pregadores se derramem ao pregar a Palavra de Deus para você. E você tem o direito de esperar que aqueles que pregam orem por você depois que o sermão terminar, para que Deus abençoe você com a Palavra. Antes, durante e depois do sermão, você tem o direito de esperar que os pregadores se esforcem e dediquem-se para o seu bem-estar espiritual.
Mas e você?
Toda a atividade é do lado do pregador e apenas passividade do seu? Você faz
pouco ou nada antes, durante ou depois do sermão? Você tem todos os direitos,
mas nenhuma responsabilidade? De forma alguma! Você igualmente precisa se
derramar, se esforçar e despender antes, durante e depois do sermão se quiser ter
algum beneficiar dele. Na verdade, Charles Spurgeon disse que o ouvinte
precisa se preparar ainda mais do que o pregador!
Dizem-nos que os homens não devem pregar sem preparação. Isso é verdadeiro. Mas, acrescentamos que os homens não devem ouvir sem preparação. O que você acha que precisa de mais preparação: o semeador ou o solo? Eu gostaria que o semeador viesse com as mãos limpas, mas eu gostaria que o solo fosse bem arado e gradeado, bem revolvido e os torrões quebrados antes que a semente chegasse. Parece-me que há mais preparação necessária pelo solo do que pelo semeador, muito mais pelo ouvinte do que pelo pregador.
Este tipo de
preparação de pré-sermão é parte do que Ken Ramey chamou de “ouvir expositivamente”.
Estamos acostumados a falar sobre pregação expositiva, o tipo de pregação que analisa,
explica ou expõe sequencialmente os versículos das Escrituras. Mas o ponto de
Ken é que a pregação expositiva requer um tipo especial de escuta, o ouvir expositivamente,
que, como a pregação expositiva, requer trabalho antes, durante e depois do
sermão. Ramey diz:
A pregação é um empreendimento conjunto no qual o ouvinte faz parceria com o pastor para que a Palavra de Deus cumpra seu propósito pretendido de transformar sua vida. Nada cria uma atmosfera mais poderosa, empolgante e transformadora do que quando os raios de um pregador capacitado pelo Espírito atingem os para-raios de um ouvinte iluminado pelo Espírito.
Christopher Ash colocou assim em “Ouça!” seu livreto sobre ouvir sermões:
A pregação que torna uma igreja semelhante a Cristo sob a graça exige um milagre duplo: o pregador, que ainda é um pecador, deve ser moldado pela graça para pregar; e os ouvintes, igualmente pecadores, devem ser despertados pela graça para ouvir juntos semana após semana em humilde expectativa.
A julgar pela
parábola dos solos, esse tipo de ouvir expositivamente é bem raro (não mais do
que um em cada quatro ouvintes) – isso é desanimador. No entanto, a mesma
parábola também fala de uma semente sendo multiplicada para produzir trinta
frutos, sessenta e até cem frutos. Esse é o poder encorajador e frutífero de
ouvir expositivamente.