A nossa teologia constará de distintos tipos de afirmações teológicas que podem ser classificadas com base em sua derivação. É importante atribuir a cada tipo de afirmação um grau apropriado de autoridade.
1. As afirmações diretas das Escrituras deve-se conceder o maior peso. Á medida que representam corretamente o que ensina a Bíblia, tem o status de palavra de Deus. Assim, há que assegurar de que se está trabalhando com o que realmente está ensinando as Escrituras, e não com uma interpretação imposta.
2. Para as implicações diretas das Escrituras também se deve dar um grau de prioridade. Entretanto, tem-se que considerar como sendo um pouco menos autoritativas que as afirmações diretas, porque a introdução de um passo adicional (inferência lógica) leva consigo a possibilidade de erro interpretativo.
3. As implicações prováveis das Escrituras, isto é, as inferências que se extraem nos casos em que uma das pressuposições ou premissas é somente provável, tem menos autoridade que as implicações diretas. Ainda que mereçam respeito, estas afirmações deveriam ser tomadas com certa provisionalidade.
4. As conclusões indutivas das Escrituras variam em seu grau de autoridade. A investigação indutiva, por suposto, somente oferece probabilidades. A certeza de suas conclusões aumenta em proporção ao que aumenta o número de referências realmente consideradas e o número total de referências pertinentes que poderiam ser consideradas.
5. As conclusões que se inferem da revelação geral, que é menos particular e menos implícita que a revelação especial, devem estar sempre sujeitas às informações mais claras e explícitas da Bíblia.
6. As especulações precisas, que com freqüência incluem hipóteses baseadas numa só afirmação ou insinuação das Escrituras, ou que deviram de alguma parte obscura ou pouco clara da Bíblia, também podem ser expostas e utilizadas pelos teólogos. Não existe nenhum perigo desde que o teólogo seja consciente e advirta o leitor, ou ao ouvinte do que está fazendo. Surge um sério problema se estas especulações se apresentam com o mesmo grau de autoridade que se atribuem às afirmações da primeira categoria.
O teólogo empregará todos estes materiais legítimos que estão a sua disposição, dando em cada caso nem maior ou menor crédito do que seja conveniente, segundo a natureza das fontes.
Extraído de Millard Erickson, Teología Sistemática (Barcelona, CLIE, 2008, 2a.edição), págs. 83-84
Traduzido por Rev. Ewerton B. Tokashiki
2 comentários:
Bem eu curso história na UEPB, e nesse curso leio muito material que de fato mostra que Calvino era um homem muito mal. Entendo que todo mundo tem defeitos, mais o que ouço e leio é muito forte pra entender que um personagem como Calvino foi um servo de Deus. Sabe de fato gosto muito do que vocês escrevem ,pois fazem isso com propriedade, mais ao mesmo tempo não consigo entender como os senhores usam tanto essa figura. Não tenho a mínima admiração por Calvino, apesar de acreditar na predestinação, mais também não quero ser injusto,por isso gostaria de saber o que de fato é verdade em relação a esse personagem. Gostaria de poder defender a reforma e se possível os seus personagens.
(não encontrei nenhum meio de postar no blog do dr. augustus, acebei postando nesse)
Caro amigo
Caso você leia inglês indico o site http://www.godrules.net/library/calvin/calvin.htm nele você encontrará as obras de João Calvino.
Como você é um pesquisador, e caso se interesse em aprofundar no pensamento de Calvino sugiro ler:
1. Charles Partee, The Theology of John Calvin (Westminster John Knox Press).
2. Paul Helm, Calvin & Calvinism (The Banner of Truth).
3. W. Gary Crampton, What Calvin Says (The Trinity Foundation).
4. Alister McGrath, A vida de João Calvino (Editora Cultura Cristã).
5. Hermisten M.P. da Costa, João Calvino 500 anos - Introdução ao seu pensamento e obra (Editora Cultura Cristã).
6. B.B. Warfield, “Calvin and Calvinism” in: The Works of Benjamin B. Warfield (Baker Books), vol. 5.
Permita-me ainda postar parte de um texto, que é parte dum projeto de livro, que estou escrevendo:
Todas as obras de João Calvino contabilizam 59 volumes no Corpus Reformatorum [especificamente os volumes 29 a 87]. Entretanto, alguns dos seus escritos merecem distinta menção:
1. Institutio Christianae Religionis [Tratato da Religião Cristã] em sua edição final de 1559. As Institutas é a sua opus magno, deve se lembrar que Calvino iniciou a sua redação em 1536, publicada primeiramente em latim, na cidade Basiléia na Suiça, sendo a sua edição final, em latim, publicada em 1559, na cidade de Genebra. Ela passou por várias alterações, restrutura, e arranjos quanto a ordem dos assuntos, sendo inclusive traduzida pelo próprio Calvino para a sua língua mater, o francês.
2. Epistola ad Senatum Populumque Genevensem, qua in obedientiam Romani Pontificis eos reducere conatur. Joannis Calvini responsio [Epístola ao Senado e ao povo de Genebra, a quem o Pontificado Romano pretende forçar retornar. A resposta de João Calvino] escrito em 1539. Este livreto é comumente conhecido como “Epístola ao Cardeal Sadoleto”. Uma tradução francesa, de autor desconhecido surgiu em 1540.
3. Petit traicté de la saincte Cene de nostre Seigneur Jesus Christ. Auquel est demonstré la vraye institution, proffit et utilité d'icelle: ensemble la cause pourquoy plusieurs des modernes semblent en avoir escrit diversement [Pequeno tratato da Santa Ceia de nosso Senhor Jesus Cristo, no qual são demonstrados a sua verdadeira instituição, o seu proveito e utilidade; e, o motivo porque vários escritores contemporâneos tiveram perspectivas diferentes] escrito originalmente em francês, em 1541.
4. Acta synodi tridentinæ. Cum antidote [Atas do Concílio de Trento. Com um antídoto]. Reproduz e critica os decretos do Concilio de Trento, especialmente as sessões de 1545-1547. Escrito em 1547, e sendo traduzido para o francês em 1548, provavelmente pelo próprio Calvino.
5. Consensus Tigurinus [O Acordo de Zurique] escrito em 1549.
6. De æterna Dei prædestinatione, qua in salutem alios ex hominibus elegit, alios suo exitio reliquit: item de providentia qua res humanas gubernat, consensus pastorum Genevensis Ecclesiæ, a Jo. Calvino expositus [Acerca da eterna Predestinação de Deus, que salva os eleitos para outro fim, a fim de tirá-los da morte: do mesmo modo, acerca da providência pela qual os seres humanos são governados, consenso dos pastores da Igreja de Genebra, uma exposição de João Calvino] escrito em 1552.
7. Johannis Calvini Commentariis [Os comentários de João Calvino]. A edição inglesa soma um total de 22 volumes. Infelizmente Calvino não comentou todos os livros da Bíblia.
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