O labor teológico de quem se preocupa em oferecer a sistematização e aplicabilidade das Escrituras para a proclamação do Reino de Deus
13 abril 2012
Breve histórico da Bíblia de Genebra (1560)
Escrito por Paulo Teixeira e Rudi Zimmer
A Bíblia de Genebra (Novo Testamento – 1557; Bíblia completa – 1560)
Assim como o Novo Testamento de Tyndale, a Bíblia de Genebra também foi uma edição desenvolvida no exílio durante um período de forte perseguição à fé reformada na Inglaterra, verificado especialmente sob o reinado da Rainha Maria, a Sanguinária, que reinou de 1553 a 1558.
Entre os que se viram forçados a deixar a Inglaterra naquela época estava William Whittingham (c. 1524-1579), cunhado de João Calvino. Whittingham e mais alguns teólogos refugiaram-se em Genebra, na Suíça, e ali produziram uma tradução de toda a Bíblia para o inglês, baseada no latim, mas consultando sempre os textos em hebraico e grego. O Novo Testamento foi lançado em 1557 e a Bíblia toda em 1560. Em 1599, a Bíblia de Genebra já estava disponível, ao menos em parte, também em francês.
A Bíblia de Genebra em inglês tornou-se muito popular. Cerca de duzentas edições foram publicadas entre 1560 e 1630. Logo na primeira edição, os livros apócrifos ou deuterocanônicos foram separados dos restantes livros do Antigo Testamento e receberam prefácios especiais. Apenas décadas depois a Bíblia de Genebra começou a ser impressa sem os apócrifos.
A Bíblia de Genebra foi a tradução inglesa mais usada por cerca de 100 anos, desde seu lançamento em 1560 até meados do século seguinte. Foi usada (e citada) por William Shakespeare, John Bunyan, John Milton, e trechos selecionados dela compuseram a famosa Bíblia de Bolso (1643) carregada pelos soldados do exército de Oliver Cromwell. A Bíblia de Genebra foi também a Bíblia trazida para os Estados Unidos pelos peregrinos.
Na história das versões inglesas, a Bíblia de Genebra é importante, pelo menos, por três razões:
1. A Bíblia de Genebra foi a primeira Bíblia inglesa a adotar a divisão do texto em versículos. [A divisão do Antigo Testamento em versículos surgiu por volta de 1440, por obra do rabino Isaque Nathan, que planejava elaborar uma concordância da Bíblia Hebraica. A divisão do Novo Testamento coube a Robert Stephanus (ou Estienne), que publicou uma edição bilíngue (grega e latina) do Novo Testamento em 1551.]
2. Foi a primeira Bíblia a usar o tipo de letra romano, muito mais fácil de ler do que a letra gótica;
3. Foi a primeira Bíblia a usar letra itálica para aquelas palavras que os tradutores precisaram usar para tornar claras as frases em inglês, mas que não estavam nas línguas originais.
Além disso, era uma Bíblia com um formato menor, muito mais leve que as outras e com preço muito acessível.
O prefácio e as notas interpretativas tiveram uma influência evangélica muito forte, principalmente da parte dos escritos de João Calvino. Foi a primeira Bíblia que não atribuiu a Epístola aos Hebreus a Paulo, o que testifica a alta qualidade acadêmica de seus editores.
A Bíblia de Genebra de 1560 inspirou, em nossos dias, a edição da Bíblia de Estudo de Genebra, cujas notas interpretativas, em número muito superior à da edição de 1560, seguem a orientação calvinista.
Extraído do Manual do Seminário de Ciências Bíblicas (Baureri, Sociedade Bíblica do Brasil, 2008).
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
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