Os arminianos não participaram do Sínodo de Dort como delegados, e sim, como acusados. Por fim, após insistente inquirição, os remonstrantes entregaram aos conciliares um documento que resumidamente representava o seu pensamento. Este texto doutrinário, escrito de modo tão breve quanto possível, indicou em cinco artigos o que seria a essência do seu sistema defendido. Este documento preservava uma linguagem teológica aparentemente bíblica e com terminologia ortodoxa, entretanto, faltando a coragem de expressão presente nos escritos de Arminius. Os cinco pontos dos Arminianos evidenciam serem incompletas as suas declarações em cada tópico, indicando dissimulação de seu crasso semipelagianismo. Os conciliares rejeitaram os cinco pontos disputados, e condenaram resolutamente a doutrina arminiana.
Vieram arminianos representando as seguintes regiões e igrejas:[1]
Da Gelderland
Henricus Leonem – ministro de Bommel
Bernecus Vezekius – ministro de Echteld
Henricus Hollingerus – ministro de Grave
Do Sul da Holanda
Simon Episcopius – professor de Leiden
Johannes Arnoldi Corvinus – ministro de Leiden
Bernardus Dwinglo – ministro de Leiden
Eduardus Poppius – ministro de Gouda
Nicolas Grevinckhoven – ministro de Rotterdam
Theophilus Rijckewaert – ministro de Brielle
Do Norte da Holanda
Johannes Geesteranus – ministro de Alkmaar
Dominicus Sapma – ministro de Hoorn
De Overijssel
Thomas Goswinus – ministro de Kampen
Assuerus Matthysius – ministro de Kampen
Das igrejas de Walloon
Carolus Niellius – ministro de Utrecht
Simon Goulart – ministro de Amsterdã
Condenados mais de duzentos ministros arminianos foram depostos de seus cargos e alguns deles exilados. Após o Sínodo de Dort, os arminianos desimpedidos de qualquer limitação confessional seguiram dando consistência ao seu sistema teológico. James Orr observa que “o lustre de seus nomes – Episcopius, Grocius, Curcellaeus, Limborch -, e a sua elaboração em tomos imponentes de material dogmático, não podem esconder o fato de que perderam a dimensão de todas as grandes doutrinas, nem as suas tendências crescentes em direção à Ário, Pelágio e Socino.”[2] O movimento originado por Jacobus Arminius continuou levando às implicações últimas do seu pensamento, através de seus discípulos que afastaram-se cada vez mais da teologia calvinista, e consequentemente da ortodoxia cristã. Assim, os remonstrantes embora tenham perpetuado o sistema de Arminius, eles o modificaram em doutrinas essenciais, como por exemplo, a teoria da obra expiatória de Cristo. Nesta importante doutrina Arminius cria como Calvino na teoria da satisfação penal, enquanto os seus discípulos alteraram para a teoria governamental. Ashby argumenta que em alguns pontos importantes Arminius estava mais próximo de Calvino do que dos arminianos.[3] Sabe-se que “na Holanda somente os arminianos aceitavam os socinianos em comunhão.”[4] Esta associação evidencia o crescente afastamento que os remonstrantes mantiveram do Calvinismo e até mesmo do próprio Jacobus Arminius.
NOTAS:
[1] Peter Y. De Jong, ed., Crisis in the Reformed Churches – Essays in Commemoration of the Great Synod of Dort 1618-1619 (Grandville, Reformed Fellowship, Inc., 2008), pp. 259-260.
[2] James Orr, El Progresso del Dogma (Barcelona, CLIE, 1988), p. 239.
[3] Stephen M. Ashby, “Um punto de vista arminiano reformado” in: La seguridad de la salvación – cuatro puntos de vista, J. Mathew Pinson, ed. (Barcelona, CLIE, 2006), pp. 148-153.
[4] Hugh Trevor-Roper, A crise do século XVII – religião, a reforma e a mudança social (Rio de Janeiro, TOPBOOKS Editora, 2007), p. 317.
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