por Daniel Greenfield
Conhecer a verdade sobre o islamismo destruiria a esquerda.
O maior erro intelectual da esquerda é sua convicção de que o mundo pode ser dividido em uma luta binária pelo poder, na qual ambos os lados concordam a respeito de sua natureza, mas discordam a respeito de seus resultados.
Para os esquerdistas de uma determinada geração, era um problema de classes. Marx começou o Manifesto Comunista esquematizando uma luta fundamental de classes por toda a história humana. Para os marxistas, todas as coisas do mundo poderiam ser desmembradas em uma luta de classes, com os opressores ricos de um lado e os oprimidos de outro.
Não importava que esse modelo não se encaixasse na realidade de que os líderes comunistas haviam vindo de ambientes ricos e seus oponentes provavelmente eram pobres camponeses. Para a esquerda, todas as coisas são definidas pelo modelo. A realidade é uma inconveniência que é suprimida através dos gulags* ou dos esquadrões de fuzilamento.
Atualmente, a variável é a política de identidade. Tudo deve ser interseccional. Há aqueles que ficam do lado direito da história, a favor do aborto, do casamento gay e da imigração ilegal. Todos os que não estiverem a bordo são racistas, mesmo que forem negros ou latinos; sexistas, mesmo que sejam do sexo feminino; ou homofóbicos, mesmo que sejam gays. Novamente, a realidade não interessa. A luta binária é o modelo para tudo.
A esquerda acredita que haja uma luta binária a respeito do futuro da humanidade com somente dois lados. Ela não entende como a direita de fato pensa, e ela não tem espaço para entender sistemas de crenças igualmente convincentes que funcionam fora desse modelo.
É aí que entra o islamismo. Ou não entra.
A esquerda jamais foi capaz de entender a religião. Ela não é tão secular ou ateísta quanto é consumida por um convincente sistema de crenças próprio que não deixa nenhum espaço para a convicção religiosa.
A esquerda não consegue entender nada em termos do que uma determinada coisa seja. Ela só consegue entender as coisas em termos de si mesma. A esquerda não consegue entender a religião nos termos da religião, mas somente nos termos de como a religião se encaixa na esquerda.
Incapaz de entender religião, a esquerda atribui à religião um lugar baseado em seu alinhamento na luta. Seria a religião uma força reacionária que sustenta a ordem existente ou uma força progressista que se opõe a ela? A religião está trabalhando com as classes dominantes ou com os oprimidos? A religião está ao lado da esquerda ou ao lado da direita?
O islamismo é racista, sexista, xenofóbico e homofóbico.
A Fraternidade Muçulmana, que se tornou a aliada islâmica mais próxima da esquerda, foi politicamente influenciada pela Alemanha nazista. Seus líderes ficaram indignados com o fim do feudalismo do califado e mantêm extensas redes de negócios em todo o mundo. Eles incitam revoltas contra as minorias e buscam estabelecer uma teocracia.
Se existe uma organização muçulmana que deveria ser um modelo de grupo reacionário, fascista e fundamentalista, essa organização é a Fraternidade Muçulmana. Mas, em vez disso, a esquerda vive de aconchego com esse grupo violento e odioso. Por quê?
Porque no Ocidente a Fraternidade Muçulmana está alinhada com suas causas progressistas. Portanto, ela não pode ser reacionária. Se a Fraternidade Muçulmana fosse alinhada com os conservadores, então ela seria o inimigo.
Assim, os progressistas não se importam com o que diz o Corão. Ele não significa nada para eles, assim como a Bíblia não significa nada para eles. A religião está do lado da justiça social ou não está. Como os muçulmanos são parte de sua gloriosa coalizão interseccional multiforme, então o islamismo deve ser uma religião boa.
É assim estupidamente simples. E não há quantidade de citações do Corão que fará com que isso mude.
Há nisso um forte elemento de cinismo. O inimigo do meu inimigo é meu amigo. Mas há também uma inabilidade mais profunda da esquerda em entender o islamismo e qualquer outra ideologia que esteja fora de sua visão de mundo.
A esquerda reagiu ao surgimento do ISIS com uma incoerência frenética. Os esquerdistas literalmente não conseguiam entender o que fez com que o Estado Islâmico progredisse, porque ele não se encaixava em nenhum dos modelos políticos esquerdistas. O ISIS não podia existir, entretanto, não havia como negar sua existência. E assim, os intelectuais e os políticos esquerdistas gaguejaram que os membros do ISIS eram niilistas, que não acreditavam em nada, embora ninguém se exploda por não acreditar em nada.
[Segundo a esquerda,] os terroristas muçulmanos não matam as pessoas por causa de Alá, do Corão ou do Califado. Isso não se encaixa no modelo. Eles matam porque, como todos os povos do Terceiro Mundo vitimizados pelo colonialismo, são oprimidos. Um terrorista muçulmano não mata judeus ou americanos porque o Corão ordena que os fiéis subjuguem todos os não muçulmanos. Um migrante muçulmano não ataca sexualmente mulheres alemãs porque o Corão permite que o faça.
Estas são todas reações à opressão ocidental. Os opressores muçulmanos são, na verdade, os oprimidos.
Mas o Estado Islâmico matou outros muçulmanos para estabelecer um califado governado pela lei islâmica. Os muçulmanos oprimidos estavam subitamente agindo como os perversos opressores ocidentais. E, se os muçulmanos podem ser opressores, então todo o modelo binário que a esquerda estava usando para explicar o mundo começa a desabar.
Quando a esquerda se levanta contra as inconsistências de seu modelo binário, ela não revisa o modelo. Ao contrário, tenta entender o motivo pelo qual as pessoas estão agindo tão irracionalmente que não se enquadram no modelo. Por que os brancos pobres da área rural não votam na esquerda? Deve ser porque ouviram programas de rádio conservadores e por racismo. Como pode haver minorias conservadoras? Falsa consciência. Também, pudera, Thomas Sowell e Stacey Dash não são “de fato” minorias.
O islamismo e os muçulmanos estão fundamentalmente fora do modelo da esquerda. Eles são parte de sua própria luta binária entre o islamismo e tudo o mais que existe. Eles têm seu próprio “lado certo da história”.
O islamismo e a esquerda, ambos, reivindicam ter sistemas “perfeitos” que podem criar uma utopia... depois de um monte de matanças. Eles estão alinhados um com o outro, todavia são incapazes de entender um ao outro porque suas visões de mundo não deixam espaço para nada além de seus modelos perfeitos. Os esquerdistas desprezam os fundamentalistas e os islâmicos desprezam os ateus e, mesmo assim, eles estão trabalhando juntos enquanto um ignora aquilo em que o outro crê.
A esquerda não consegue processar a ideia de que a religião transcende a política. Na melhor das hipóteses, os esquerdistas veem a religião como um subconjunto da política. E como o islamismo toma a forma de seu eixo político, ele deve ser progressista. Mas, para os muçulmanos, a política é um subconjunto da religião. A política não pode transcender a religião porque ela é uma expressão da religião.
Os esquerdistas não entendem a religião e, por isso, não conseguem entender os muçulmanos. Eles veem o islamismo como outra religião a ser trazida para dentro de sua esfera de influência para promover a justiça social aos seus seguidores. Eles não conseguem entender que os clérigos muçulmanos não se tornarão pregadores da justiça social, ou que os muçulmanos matam porque acreditam genuinamente em Alá e em um paraíso para os mártires. Essas ideias são estranhas aos esquerdistas.
A aliança entre o islamismo e a esquerda coloca juntas duas visões de mundo de mentalidade bem limitada. A esquerda não consegue reconhecer que o islamismo quer algo diferente de casamento gay, direito ao aborto, salário mínimo de 15 dólares por hora, empregos verdes, e todo o restante da infindável agenda de justiça social, pois o colocaria do mesmo lado dos republicanos e do restante da direita. E isso também não é assim, mesmo.
A esquerda não precisa desistir de suas crenças para entender o islamismo. Mas ela teria que abandonar seu pensamento binário e reconhecer que houve e há outras lutas no mundo, diferentes daquelas que os esquerdistas definem. E isto a esquerda não está disposta a fazer porque uma luta binária é o que torna sua visão de mundo tão abrangente. Se sua visão de mundo não abranger o mundo, então ela não pode exigir o poder absoluto.
A esquerda não consegue aceitar que sua grande luta é realmente um desastroso show secundário em um conflito civilizacional maior, ou que sua agenda não é universal, mas é produto de uma tendência intelectual particular que tem pouca aplicação fora de sua própria bolha. Assim, a esquerda continuará rejeitando a verdade sobre o islamismo porque aprender a verdade sobre ele não somente destruiria sua aliança com o islamismo, mas também destruiria a própria esquerda.
Daniel Greenfield, jornalista do David Horowitz Freedom Center, é um escritor de Nova Iorque que enfoca o islamismo radical.
No blog - http://sultanknish.blogspot.com
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