Os estudantes públicos,[2] assim como são declarados, procurarão o reitor para registrar os seus nomes e assinar com as próprias mãos a Confissão de Fé. Eles devem se comportar com modéstia e no temor de Deus.
Aqueles que desejam estudar as Sagradas Escrituras escreverão os seus nomes em um catálogo e, no sábado, das duas às três horas, tratarão em público alguma passagem das Escrituras na presença de alguns ministros, que conduzirão a reunião. Então eles ouvirão as críticas do ministro que está liderando. Nesta crítica, é permitido a todos que estão presentes manifestarem modestamente a sua opinião e no temor de Deus. Esses mesmos alunos, por sua vez, prepararão e escreverão, a cada mês, algumas proposições que não serão meras curiosidades, nem sofismas, nem sustentarão falsas doutrinas, e as comunicarão em tempo hábil ao professor de teologia. Então, eles as defenderão num debate público contra aqueles que queiram discuti-las. Naquele momento será permitido que todos falem. Serão banidos todo sofisma, curiosidade insolente e audaciosa que corrompe a Palavra de Deus e, da mesma forma, toda contenda maligna e orgulho contumaz.
Pontos de doutrina serão tratados com reverência e religiosamente pelos dois lados da disputa. O professor de teologia que presidirá a debate conduzirá tudo de acordo com sua prudência e dará, pela Palavra de Deus, a solução para as dificuldades que foram submetidas.
NOTA:
[1] A tradução foi realizada a partir de W. Stanford Reid, “Calvin and the Founding of the Academy of Geneva,” Westminster Theological Journal 18, no. 1 (1955): 22–33, recorrendo aos textos originais em francês e latim. Há disponível fac-símile do texto latino Leges Academiae Genevensis Estatutos da Academia de Genebra] editado por Oliva Roberti Stephani, 1559, em Genebra; e uma edição francesa L’ordre du College de Genève de L’Olivier De Robestienne, publicação de 1559, em Genebra; e, outra sob o título Les Ordonnances Ecclesiastiques de l’Egllise de Genève. Item, l’ordre des escoles de ladite cité [As Ordenanças Eclesiásticas da Igreja de Genebra. Bem como, a ordem das escolas da referida cidade] publicada por Artus Chauvin, edição de 1561, em Genebra. Em 29 de Maio de 1559 é promulgado o Estatuto da Academia de Genebra com o título de L’ordre establi au College de Geneve par nos Magnifique & treshonorez seigneurs Syndiques & Conseil [A Ordem estabelecida para a Academia de Genebra pelos nossos magníficos e honrados senhores síndicos e Conselho]. A edição de 1561 traz um título mais longo, que diz: L’ordre des escoles de Genève. La publication des loix concernans l’ordre des Escoles de ladite cité en la presence de nos magnifiques & treshonnorez Seigneurs, Syndiques & Conseil [A Ordem das escolas de Genebra. A publicação das leis concernentes à ordem das Escolas da referida cidade na presença de nossos magníficos e honrados senhores, síndicos e Conselho] publicada por Artus Chauvin. Entretanto, os textos em francês de 1559 e 1561 têm o mesmo conteúdo. Mas o texto latino altera o título para Promulgatio Legu Academiae Genevensis [A Publicação dos Estatutos da Academia de Genebra] e, também, omite a "Forma da Confissão dos Estudantes Públicos". Os textos fac-símiles estão no site www.e-rara.ch e na Bibliothèque de Genève, o texto impresso encontra-se em Opera Calvini, vol. IX, pp, 721-726.
[2] David W. Hall comenta que “a Academia de Calvino, anexa à Catedral de Saint Pierre, oferecia dois níveis de currículos: uma para a educação pública da juventude de Genebra (o colégio ou schola privata), e o outro, um seminário para o treinamento de ministros (schola publica). Não se deve diminuir o impacto que se deu pela educação pública da juventude, especialmente quando a educação normalmente estava reservada somente para os descendentes da aristocracia, ou membros das sociedades católicas. Iniciada em 1558, com Calvino e Theodore Beza como presidentes da faculdade de teologia, o edifício da Academia foi dedicado em 5 de Junho de 1559, com 600 pessoas presentes na Catedral de Sainct Pierre. Calvino arrecadou dinheiro para a escola e muitos expatriados doaram para ajudar na arrecadação. A escola pública, a qual tinha sete graus, matriculou 280 estudantes em seu ano inaugural, e o seminário da Academia se expandiu a 162 estudantes em apenas três anos. Na morte de Calvino, em 1564, havia 1.200 estudantes no colégio e 300 no seminário. Ambas as escolas, como observam os historiadores, eram gratuitas e ‘precursoras da educação pública moderna’. Poucas instituições europeias nalgum momento viram um crescimento tão rápido.” David W. Hall, The legacy of John Calvin – His influence on the Modern World (Phillipsburgh, P&R Publishing, 2008), p. 13.
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
14 de abril de 2020.
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