31 agosto 2024

O culto público deve ser preferido aos devocionais privados

O Rev. David Clarkson pregou um sermão sobre a importância do culto público. Em seus dias, semelhantes aos de hoje, muitos cristãos creem ser suficiente viver o seu cristianismo em seu lar, de modo privado, sem exercer a comunhão com outros irmãos e sem participar do culto público. Ele enumera alguns possíveis motivos:
1. Talvez por individualismo: O que realmente importa é o que eu faço por mim mesmo, ou o que Deus me diz pessoalmente. 
2. Talvez por orgulho: "Eu posso cuidar de mim mesmo espiritualmente; não preciso de pastores, presbíteros, diáconos e outros líderes cristãos".
3. Para alguns, a tentação pode estar na autopreservação: Talvez, você tenha sido gravemente ferido por outros cristãos e queira se proteger se afastando do convívio da igreja. 
4. Para outros, pode ser arrogância: Você não gosta de ser confrontado acerca dos seus pecados; seus ouvidos coçando, querem ouvir apenas coisas boas, agradáveis ​​e encorajadoras. 
5. Talvez você seja um pouco introvertido e ache exaustivo e assustador estar entre as pessoas. Até as melhores igrejas são lugares confusos e frustrantes. Se você colocar muitos pecadores — mesmo pecadores que estão sendo santificados — em um só lugar, haverá problemas. As pessoas dirão coisas insensíveis, haverá perspectivas diferentes, haverá cristãos fracos e imaturos para lidar. Seria muito mais fácil ficar em casa e evitar completamente essa situação!

E, em seguida, oferece alguns argumentos para que, além do exercício particular de devocionais, os cristãos participem dos cultos públicos:

1. O Senhor é melhor glorificado pela adoração pública do que pela privada. Deus é glorificado por nós quando reconhecemos que ele é glorioso, e ele é mais glorificado quando esse reconhecimento é público.

2. Há mais da presença do Senhor na adoração pública do que na privada. Ele está presente com seu povo no exercício da adoração pública de uma maneira especial, mais eficaz, constante e intimamente.

3. Deus se manifesta mais claramente na adoração pública do que na privada. Por exemplo, em Apocalipse, Cristo é manifesto "no meio das igrejas".

4. Há mais vantagem espiritual na realização da adoração pública. Qualquer benefício espiritual que seja encontrado em deveres privados, isso e muito mais é esperado da adoração pública quando usada corretamente.

5. A adoração pública é mais edificante do que a privada. Em privado, você provê para o seu próprio bem, mas em público você faz o bem tanto para si mesmo quanto para os outros.

6. A adoração pública é uma segurança melhor contra a apostasia do que a privada. Aquele que carece ou rejeita a adoração pública, quaisquer que sejam os meios privados que ele desfrute, está em perigo de apostasia.

7. O Senhor opera suas maiores obras na adoração pública. Entre elas a conversão, regeneração, etc., e, geralmente, são realizadas por meio dos cultos públicos.

8. A adoração pública é a semelhança mais próxima do céu. Nas representações bíblicas do céu, não há nada feito em particular, nada em segredo, pois toda a adoração dessa gloriosa comunhão é pública.

9. Os mais renomados servos de Deus preferiram a adoração pública à privada. O Senhor não se retirou das ordenanças públicas, apesar de estarem corrompidas. A adoração pública era mais preciosa para os apóstolos do que sua segurança, liberdade e vidas.

10. A adoração pública é o melhor meio para obter as maiores misericórdias, bem como prevenir e remover os maiores julgamentos.

11. O precioso sangue de Cristo está mais interessado na adoração pública. A adoração privada era exigida e realizada por Adão e sua posteridade, mesmo em um estado sem pecado, mas a pregação pública do evangelho e a administração dos sacramentos têm uma dependência necessária da morte de Cristo.

12. As promessas de Deus são dadas mais à adoração pública do que à privada. Há mais promessas à adoração pública do que à privada, e mesmo as promessas que parecem ser feitas a deveres privados são aplicáveis ​​e mais poderosas para a adoração pública.


Adaptado do site The Banner of Truth Trust acessado em 31/08/2024. 


Obs.* Obviamente o autor não está reprovando o necessário exercício dos nossos devocionais diários e particulares, mas acentuando porque eles não são suficientes, e como o culto público é superior e mais completo para nos alimentar na nossa comunhão com Deus.


Sobre David Clarkson (1622-1686). Ele nasceu em Bradford, Yorksire, onde foi batizado em 3 de março de 1622. Tornou-se membro do Conselho do Clare Hall, Cambridge, onde foi tutor de muitos alunos; também trabalhou como pastor em Martlake, Surrey, até 1662 quando foi exonerado por inconformismo. Foi, por um período, assistente de John Owen em Londres, vindo a sucedê-lo após a morte de Owen, em 1683. Ele publicou diversos livros, as suas obras escritas somam 3 volumes.

17 agosto 2024

Jonathan Edwards era um presbiteriano?

 

Filadélfia, 12 de novembro de 1838.[1]

 

Rev. e Caro Senhor

 

Lembro-me, desde a última vez que o vi, que já foi publicado o fato, que então mencionei a você em conversa; e a respeito da qual você me solicitou que lhe fornecesse uma declaração por escrito. No Christian Advocate, o décimo volume – o volume para o ano de 1832, e no No. de março daquele ano, página 128 - depois de ter mencionado uma classe de congregacionais, que, em minha opinião, eram eminentes pela piedade genuína, acrescentei o seguinte:

"Deveríamos ter colocado aqui, o nome do grande Presidente Edwards; mas ele era, em termos de sentimento, um presbiteriano decidido, e deixou um manuscrito em favor do governo da igreja presbiteriana, pois seu filho, o segundo Presidente Edwards, admitiu-nos claramente, não muito antes de sua morte, como membro do Presbitério New Brunswick, no momento da sua morte, ou teria sido em breve, se a sua lamentada morte, pouco depois de se tornar presidente do Colégio de Princeton, não tivesse sido evitada."[2]

 

A admissão referida no extrato anterior foi realizada em consequência de uma consulta feita, por mim, ao Dr. Edwards,[2] enquanto ele e eu caminhávamos juntos para o local de reunião da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana, então em reunião nesta cidade. Não me lembro do ano. Eu tinha ouvido um relato, que creio ter vindo do meu pai ou do meu colega Dr. Sproat, ambos contemporâneos e admiradores do primeiro Presidente Edwards - que ele havia escrito um tratado, ou um ensaio, em favor do governo da igreja presbiteriana; e fiquei feliz em aproveitar a oportunidade que naquele momento se oferecia para averiguar de seu filho a veracidade ou falácia do relatório. A investigação resultou na clara admissão de que o relato que ouvi era verdadeiro.

 

Falei com o Dr. Edwards, da possibilidade de imprimir o tratado ou ensaio em questão; mas, ele não pareceu gostar da ideia e evitei pressioná-lo. Ele disse que o manuscrito mencionado estava entre vários outros artigos inéditos de seu pai, que, pelo que entendi, estavam então em suas mãos. Mas, é desconhecido para mim a cujas mãos passaram, desde a morte do Dr. Edwards.

 

Respeitosamente e carinhosamente, seu,

Ashbel Green[4] 


NOTA:

[1] A seguinte carta do Rev. Dr. Ashbel Green apareceu originalmente na The Baltimore Literary and Religious Magazine, uma publicação editada por Robert J. Breckinridge. E, posteriormente, foi reimpressa no The Presbyterian, e esse texto é aqui reproduzido.

[2] Ashbel Green, "Was Jonathan Edwards a Presbyterian?" The Presbyterian (12 de janeiro de 1839): 201.

[3] O Dr Ashebel Green refere-se ao Presidente Jonathan Edwards Jr. 

[4] Do site https://www.pcahistory.org/documents/presbyterianedwards.html acessado em 17/08/2024.