Rev. Paulo Anglada
Uma
das instituições mais características das comemorações natalinas é a árvore de
Natal: um pinheiro decorado com bolas de vidros e outros objetos, de preferência
religiosos, iluminado com pequenas luzes coloridas.
O
uso religioso de pinheiros remonta aos tempos antigos. No Egito, na China e em
outras nações antigas, o pinheiro, por permanecer verde no inverno, era tido
como símbolo da vida eterna. Durante a idade média, a adoração às árvores era
muito comum entre povos pagãos nos países do norte da Europa, especialmente na
Escandinávia e na Alemanha. A Enciclopédia Britânica admite a ligação entre a
adoração pagã às árvores e a prática natalina, como segue:
A adoração a árvores, comum entre os pagãos europeus, sobreviveu após a conversão deles ao Cristianismo, no costume escandinavo de decorar a casa e o celeiro com pinheiros no final do ano, para afugentar o diabo... sobreviveu ainda no costume observado na Alemanha de colocar uma Yule tree na entrada ou dentro da casa nos dias santos do meio do inverno.[1]
A
moderna árvore de Natal, originou-se diretamente do costume alemão medieval, de
decorar árvores com maçãs, o que deu origem a um popular drama sobre Adão e
Eva. Esta prática foi absorvida pelas celebrações natalinas, de modo que, por
volta do século XVI, os alemães passaram a preparar nas suas casas, no dia 24
de dezembro, a assim chamada árvore do paraíso, decorando-a com wafers
(simbolizando a eucaristia), doces, velas e outros objetos decorativos. No
século XVIII, a tradição já estava bem estabelecida na Alemanha, sendo
praticada também por colônias alemãs radicadas na América do Norte desde o
século XVII. Mas foi apenas no século XIX que a tradição se espalhou. Na
Inglaterra, o costume foi introduzido em 1841, pelo Príncipe Albert, marido
alemão da Rainha Vitória. Na França, foi iniciado pela princesa Hélène de
Mecklembourg, que trouxe uma árvore de Natal para Paris em 1837. Neste mesmo
século, o costume se espalhou pela Europa, sendo muito popular na Áustria, Suíça,
Polônia e Holanda. Na China moderna e no Japão, o costume foi introduzido por
missionários ocidentais no século passado e neste século.[2]
No Brasil, segundo a Enciclopédia Delta Larousse, a tradição natalina da árvore de Natal só começou a se estabelecer no início do século XX.[3]
Os demais apetrechos de decoração natalina, se desenvolveram à partir da tradição de origem nórdica pagã de decorar a árvore de Natal. Até a segunda guerra, a Alemanha foi a maior produtora mundial de ornamentos natalinos. Os primeiros ornamentos natalinos industrializados foram um tipo de bola de vidro, lembrando as maçãs que decoravam a árvore do paraíso, que tinha o propósito de proteger a casa contra maus espíritos. Estes ornamentos, os kugels, foram produzidos em Lauscha, na Alemanha, por volta de 1830.[4]
Da árvore de Natal para o resto da casa (portas, janelas, paredes, mesas, estantes), e para as ruas foi um passo. O processo de industrialização, a mídia, a publicidade, a globalização, as novas tecnologias eletrônicas e o consumismo moderno se encarregaram de produzir, divulgar e estabelecer uma infinidade de novos costumes e aparatos de decoração e enfeites natalinos que rapidamente se estabeleceram como tradição.
Notas:
[1] “Christmas Tree,” in Encyclopedia Britannica.
[2] Cf. “Christmas Tree,” in Grolier Multimedia Encyclopedia (Novato, California: Grolier Electronic Publishing, 1996).
[3] “Árvore de Natal,” em Enciclopédia Delta Larousse, vol. 2.
[4] “Decorating the Tree,” in Christian Traditions in France and Canada Home Page; Internet, http://www.culture.fr/culture/noel/angl/saporne.htm; assessed in 12.23.98.
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