Cosmovisão é uma palavra que se refere ao entendimento que temos de Deus, de nós e do mundo. Em outras palavras, é a resposta à pergunta como interpretamos e explicamos tudo o que existe? Abaixo está a minha proposta de uma cosmovisão Reformada, ou seja, um resumo de que resumidamente entendo e como interpreto o mundo a partir de uma perspectiva Calvinista, os acontecimentos e como a vida está inserida e relacionada com o soberano Deus.
1. Cremos que Deus é um Ser em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. O nosso Deus é infinito, eterno, perfeito e imutável em seu Ser. Em tudo o que faz manifesta a sua bondade, conhecimento, sabedoria, poder, e a justiça segundo o seu soberano propósito. Ele é o criador de tudo o que existe, pela Palavra do seu poder. Em tudo e todos realiza a sua sábia providência, de modo que, não existe acaso, nem fatalismo nos acontecimentos que vivenciamos, mas o absoluto controle em cada situação. Tudo o que Ele realiza é reflexo daquilo que Ele é. As nossas vidas e nossas famílias estão em suas misericordiosas mãos.
2. O nosso Deus é pessoal. Ele se revelou através de eventos, do seu Filho e da Palavra escrita. A sua Palavra Ele a fez registra-la progressivamente para que se tornasse o livro de mediação e revelação das suas obras e do seu propósito conosco. Deus fala proposicionalmente conosco somente na sua inspirada Palavra. A revelação progressiva cessou. Por isso, submetemo-nos somente à autoridade da Escritura Sagrada como sendo a única fonte e regra de fé e prática. Ela é a inerrante, clara e suficiente Palavra de Deus. Em sua Palavra, Ele explica como surgiu o universo, quem somos, qual o propósito da nossa vida, bem como a finalidade de toda a existência que é glorificá-lo e desfrutar dos benefícios da sua comunhão.
3. O ser humano foi criado à imagem de Deus. Deus criou a humanidade: homem e mulher, e ambos de igual modo refletem os atributos que Deus lhes comunicou e, também representam o Senhor como administradores responsáveis de preservar e usufruir da criação. Tanto o homem como a mulher, são iguais em capacidade e responsabilidades; mas o homem deve exercer a sua autoridade como cabeça sobre a mulher, sem opressão, nem omissão, pois, embora tendo diferentes papéis, exercem funções mútuas e complementares. A família é projeto de Deus e, através do lar, o nosso Deus restaura e desenvolve a nossa personalidade caída. A família é um valor que devemos nutrir e defender.
4. Deus fez uma Aliança de vida com Adão. O nosso primeiro pai era o nosso representante nesta Aliança. Todavia, ao ser tentado Adão violou este pacto ao desobedecer a Deus, perdendo a comunhão espiritual e todos os benefícios dela procedente. Deste modo, toda a criação foi amaldiçoada, e sobre toda a humanidade creditada esta maldição. Toda criação que era “muito boa” tornou-se corrompida em seu sistema ecológico. O pecado é a herança natural que recebemos de Adão. Por causa deste mal moral perdemos a santidade, a justiça e o conhecimento perfeito de Deus. Por causa do pecado há inimizade, perda de significado e por fim a vergonhosa morte, mas isto não era para ser assim. Embora corrompidos, ainda somos portadores da imagem de Deus.
5. Satanás e seus demônios, agentes do mal, conspiram contra tudo o que procede de Deus. Ele tentou os nossos primeiros pais, e os induziu a rebelião contra Deus, e nos confronta tentando seduzir-nos, despertando a nossa cobiça e aguçando o nosso orgulho. Ele é soberbo, assassino, acusador, e inimigo de Deus. Satanás não é co-igual a Deus, pelo contrário, ele é uma criatura submissa ao controle soberano do Senhor. O nosso acusador está condenado, e haverá de ser banido ao sofrimento eterno sob a justa ira no Juízo de Deus.
6. O mal é tão real quanto indesejável o sofrimento por ele produzido em toda a criação. Entretanto, o mal físico é conseqüente maldição do pecado herdado dos nossos primeiros pais. O pecado gera desordem e destruição no indivíduo e sociedade. Todavia, não acreditamos que Deus seja mero espectador da presença do pecado na história da humanidade, mas de modo misterioso participante de tudo, sem ser o culpado, e sem anular a responsabilidade do pecador. Cremos que todas as coisas, em especial aquelas que parecem escombros depois da destruição do pecado, são matéria-prima que Deus está usando para transformar a nossa vida em seu louvor.
7. O nascimento de Jesus Cristo teve o propósito de reconciliar pecadores escolhidos com o santo Deus. Sendo o Filho de Deus uma Pessoa que subsiste em duas naturezas, divina e humana, é o completo e final revelador entre Deus e os homens. O sofrimento, obediência, morte e ressurreição de Cristo obtiveram a justiça necessária para merecer-nos a aceitação de Deus, bem como a suficiente satisfação da sua ira, realizando a anulação da condenação pelos nossos pecados. Somos perdoados pela justiça e amor de Cristo Jesus, o nosso salvador. A obra de Cristo é o fundamento para a renovação de toda a criação pela presença espiritual e transformadora do Seu reino.
8. O Espírito Santo inicia a obra da salvação em nós, regenerando e concedendo-nos entendimento espiritual para recebermos a Cristo como o nosso salvador. Recebemos no poder do Espírito, e pela aplicação da Palavra de Deus em nós, o dom da fé salvadora e arrependimento necessário para a nossa conversão. Em Cristo a justificação é declarada e creditada a nós. Através da adoção somos feitos participantes da família de Deus. A santificação manifesta e sendo exercida em nossos pensamentos, emoções e ações confirmam a nossa eleição e filiação divina. Somos preservados em graça, pelo poder de Deus, para sermos continuamente salvos até o fim. Deus tem uma graciosa Aliança da graça conosco e os nossos filhos, tendo o Senhor Jesus como o nosso único mediador.
9. Cremos que o Espírito Santo está presente em nós num relacionamento pactual conosco. Ele continua a pairar acima do caos causado pelo pecado, todavia, sem estar alienado ao mal que há no mundo, convence-nos da justiça e do juízo, e concede forma à nova criação e fazendo de nós novas criaturas pela regeneração. O Espírito nos une no corpo de Cristo, capacitando-nos com dons para o serviço e edificação pela prática da comunhão mútua. A imagem de Deus está sendo restaurada. Os dons revelacionais cessaram com os apóstolos e com o fechamento do cânon da Escritura, confirmando-a como a suficiente e exclusiva Palavra de Deus.
10. A Igreja é responsável de ser testemunha da verdade e do amor de Deus neste mundo afetado pelo pecado. Somos o povo escolhido para proclamarmos a mensagem de reconciliação e perdão, convidando pecadores ao arrependimento, para confiarem na suficiência de Cristo para a sua salvação. Temos o compromisso de ouvir, viver e ensinar a Palavra de Deus. A salvação não é somente da nossa alma, mas da nossa mente, cultura e sociedade, apresentando o evangelho integral para o homem em todas as suas necessidades. Buscamos intimidade com Deus através da oração. Cuidamos uns dos outros no amor de Deus. Vivendo uma comunhão de reciprocidade, cumplicidade e compromisso proporcionando um ambiente de fraternidade e santidade. A Igreja visível é a comunhão daqueles que professam Cristo como o Senhor, reunidos para a celebração, a adoração, a comunhão, edificação e serviço. Confirmamos a nova Aliança com Deus simbolizada pelos sacramentos do batismo e da Ceia do Senhor. A imagem de Deus é vivida na mutualidade dos relacionamentos.
11. Este mundo experimenta a deterioração dos valores que o preserva. A falta de sentido e propósito também produz a desesperança. A sociedade busca a redenção na tecnologia, cultura, e no sexo, todavia, estes meios são ineficazes de transformar-la construtivamente. Todavia, cremos que somente com os valores do reino de Deus, num discipulado integral, em que os cristãos se envolvem produtivamente em todas as áreas da vida, pode participar dum processo de transformação cultural, político, econômico e científico reconhecendo Cristo como o Senhor em todas as esferas da nossa existência. A sociedade pós-moderna inclina-se a não reconhecer a verdade como absoluta, ridicularizando a concepção e a ação de Deus no mundo. Estamos chegando ao fim da história humana não em direção ao desespero e caos, mas a consumação do propósito eterno de Deus. Cristo Jesus julgará toda a humanidade de todas as épocas e culturas, a uns dará a salvação segundo a sua misericórdia, e a outros segundo a sua justiça concederá a merecida condenação dos pecados.
12. O nosso mundo pertence a Deus. Apesar de toda miséria e dor, todas as coisas estão sob o Seu absoluto controle. A nossa esperança de uma nova terra não está presa ao que os homens podem fazer, porque cremos que após o dia do Juízo, todo desafio ao governo de Deus, e toda resistência a sua vontade será anulada, o seu reino, que é inaugurado entre nós, se manifestará em sua plenitude, e o nosso Senhor governará para sempre com o seu povo; e, assim “Deus enxugará dos olhos toda lágrima”. Ele abolirá as nossas enfermidades, findará os nossos conflitos, e implantará a Sua perfeita justiça sobre a terra.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
2 comentários:
me tire somente uma dúvida o mundo é de Deus mas la em mateus o proprio Satanás noa diz que todos os reinos estavam sobre seu domnio ?
Em Cristo
oi Tripoco
A sua pergunta é relevante. Satanás não criou nada, logo, não possuí direito de posse sobre nada do que existe. Sabemos que toda a criação está corrompida pelo pecado (Gn 3:17; Rm 8:18-22), e Satanás induz, domina e destrói por causa do pecado.
Ele pode prometer, mas não possui para dar. Não esqueçamos que ele é mentiroso! Quando a Escritura o chama de o deus deste século, simplesmente está se referindo ao domínio do mal que está personificado nele.
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