Escrito por Joel R. Beeke
Wilhelmus à Brakel[1] (um contemporâneo de eminentes teólogos da Segunda Reforma Holandesa, tais como Witsius, Voetius, Van Lodenstein, Koelman e Hellenbroek) nasceu em 2 de Janeiro de 1635, em Leeuwarden, nos Países Baixos. Ele foi o único filho de Dirck Gerrits van Brakel, posteriormente conhecido como Theodorus à Brakel.
Wilhelmus teve o inestimável privilégio de ser educado por dois pais mui piedosos, que foram gratos ao testemunhar que o seu filho temeu ao Senhor desde o início de seus dias. O seu pai foi um renomado ministro na província de Friesland, e um homem de extraordinária piedade. Os seus pais lutaram em oração para que o seu filho pudesse ser usado pelo Senhor como um poderoso instrumento em Seu serviço. E agradou ao Senhor responder as suas orações além da expectativa.[2]
à Brakel estudou teologia em Franeker e em Utrecht, e foi particularmente influenciado por seu mentor, Gisbertus Voetius. Com a idade de vinte e quatro anos ele foi ordenado um ministro do evangelho. Os seus sermões eram Cristocêntricos, ricos em conteúdo evangélico, experimentais e direcionados àqueles que estavam presentes.
à Brakel serviu quatro congregações em sua província nativa da Friesland: Exmorra (1662-1665), Stavoren (1665-1670), Harlingen (1670-1673) e em sua terra natal, a capital da Friesland, Leeuwarden (1673-1683). O jovem ministro começou o seu ministério em Exmorra - uma díficil congregação - com grande zelo. Um contemporâneo disse-lhe que ele deveria sepultar a si do mesmo modo como estava aquele vilarejo. O seu diligente esforço em Friesland foi ricamente abençoado pelo Senhor. O Espírito Santo evidenciou fluir a Si mesmo pela fiel pregação do evangelho do Senhor Jesus Cristo.
Todavia, o seu período em Friesland provou ser uma preparação para uma tarefa ainda maior que o Senhor tinha preparado para ele em Rotterdam - o seu final e mais longo pastorado (1683-1711). Durante este pastorado ele envolveu-se numa longa e frutífera batalha contra os Labadistas, empenhando-se por uma igreja pura aqui sobre a terra, corajosamente resistindo a tentativa do governo de intrometer-se nos negócios da igreja, e escreveu a sua magnum opus The Christians Reasonable Service - o maduro fruto de seu labor ministerial.
Após um frutífero ministério de quarenta e nove anos, agradou o Senhor receber o seu eminente teólogo - afetuosamente referido pelos piedosos como "o Pai Brakel" - tomando-o para Si em 1711, com a idade de setenta e seis anos, para receber a recompensa de um servo fiel.
Notas:
[1] Embora também seja um resumo, a biografia de à Brakel pode ser lida em Joel R. Beek & Randall J. Pederson, MEET the PURITANS (Reformation Heritage Books, 2006), págs. 745-752. Nota do tradutor.
[2] A providência de Deus o preparou para servir no ministério pastoral. Sabe-se que ele "nasceu em 2 de Janeiro de 1635, em Leeuwarden, sendo único filho de Margaretha Homma e Theodorus à Brakel, um pastor reformado de extraordinária piedade que tornou-se conhecido por seu De Trappen des Geestelycken Levens [Os Passos da Graça na Vida Espiritual]. Wilhelmus e suas cinco irmãs foram educados num lar caracterizado pelo temor de Deus. Wilhelmus foi convertido ainda garoto, provavelmente sob a pregação de seu pai e as orações e exortações de sua mãe. Ele freqüentou a Escola de Latim em Leeuwarden, e então entrou na Academia de Franeker com a idade de dezenove anos, em 1654. Ao completar os seus estudos em 1659, o presbitério de Leeuwarden o admitiu no ministério pastoral. Devido a necessidade de vagas naquele período, à Brakel continuou o seu treinamento teológico por mais alguns anos em Utrecht sob a orientação de Gisbertus Voetius e Andreas Essenius" in: J.R. Beek & R.J. Pederson, MEET the PURITANS, pág. 745. Nota do tradutor.
Extraído de Wilhelmus à Brakel, The Christian's Reasonable Service (Gran Rapids, Reformation Heritage Book, 1999), vol. 1, nota da sobrecapa.
Tradução livre: Rev. Ewerton B. Tokashiki
7 comentários:
Muito boa a sua iniciativa de fazer conhecida a vida e a obra desses grandes homens de Deus. Depois de à Brakel, li Lloyd-Jones. Muito edificante! Prossiga!
Pr. Silas R. Nogueira
Parabéns pelo site, é muito bom conhecer alguns teólogos de linha conservadora. Depois de quatro anos de "esterilidade" estudando teólogos liberais como Friedrich Schleiermacher,Rudolf Bultman, Paul Tillich, neo-ortodoxos como Wolfhart Pannenberg e Karl Barth, teólogos da libertação como Gustavo Gutiérrez, Leonardo Boff, Clodovis Boff, Rubem Alves, é muito gratificante rever a teologia evangélica, sobretudo a teologia reformada. É uma pena que em muitas faculdades e seminários teológicos hoje em dia, não há mais espaço para a teologia reformada. Muitos colegas meus nunca ouviram falar em Louis Berkhoff,Charles Hodge, e pasme, ou mesmo Lloyd-Jones. Para muitos, esses autores são "fundamentalistas", radicais e insensíveis. É uma pena!
No mais, quanto amim, prefiro voltar a teologia reformada e evangélica. A teologia liberal não é teologia, é uma filosofia. Não tem nada com o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
Abraços!
Ivan Fraga
Pastor o senhor sabe wilhelmus à brakel foi um defensor da salmodia exclusiva?
há algo que posso ler sobre ele neste sentido?
Querido Gunnar
Certamente que à Brakel nas congregações que ele pastoreou usasse o cânticos dos Salmos. Todavia, não encontrei nada que indique o uso exclusivo dos Salmos na liturgia. Parece-me que esta discussão se deu nem tanto na Holanda ou Bélgica, mas entre os puritanos no Reino Unido. A influência de se cantar os Salmos inicia com o próprio Calvino, no entanto, sabemos que nem ele adotava a Psalmodia Exclusiva.
Obrigado pastor, muito edificante e maravilhoso é conhecer as nossas origens. Ainda mais quando se trata deste período "dourado" da história da igreja. Que o Senhor te abençoe e de graça para continuar este projeto maravilhoso.
"Diversos homens piedosos compuseram canções espirituais para esse propósito com uma variedade de melodias. Parece que Lutero foi o primeiro a fazê-lo durante a Reforma. Os seus cânticos são ainda hoje cantados com edificação pelos luteranos em suas igrejas, bem como privadamente por nós. E recentemente o inesquecível Justus van Lodesteyn compôs uma coletânea de canções insuperável em termos de espiritualidade. Clement Marot colocou os primeiros cinquenta Salmos de Davi em rima no idioma francês e Teodoro Beza, os outros cem. Depois disso, Claud. Gaudamelius [Claude Goudimel], um músico famoso de Paris (que pereceu como mártir no massacre de Paris), compôs as melodias, que são insuperáveis na opinião dos músicos. Petrus Dathenus os traduziu do francês em forma poética, preservando as mesmas melodias. Seria bom se algum poeta piedoso e habilidoso pudesse tomar para si a tarefa de melhorar as traduções, colocando-as em poesia de uma forma idêntica e em melhor harmonia com o texto original, de modo que o resultado seja aceito para o uso público nas igrejas. A decisão dos Sínodos holandeses foi de fato muito correta, a saber, que nada além dos Salmos de Davi deve ser utilizado nas igrejas."
Wilhelmus à Brakel – The Christian’s Reasonable Service. Vol. IV, cap. LXXIX
Obrigado Deyvid Vilela pela tradução. Se quiser disponibilizar mais textos de à Brakel, certamente terei o prazer de postar em meu blog.
Deus o abençoe,
Pr Ewerton
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