Outro método usado por Satanás para manter aos crentes num estado de dúvida e questionando se sua vida espiritual, dizendo-lhes que são falsas as evidências de que possuem a graça e o favor de Deus. Ele lhes dirá que suas evidências não são reais e que pessoas que não são crentes podem ter evidências semelhantes. Também dirá que sua fé não é o dom de Deus, mas uma ilusão de suas próprias mentes. Que sua preocupação pela obra de Deus não é superior da que muitas pessoas possuem nos assuntos mundanos. Satanás lhes dirá que não tiveram real crescimento espiritual, que pessoas enganadas podem alcançar um nível igual ou melhor que eles. Para enfrentar estas sugestões do Diabo, devemos recordar que Deus manifesta sua graça de duas formas distintas, primeiro sua graça comum e segundo sua graça especial, ou salvadora. Por meio de sua graça comum Deus concede bençãos a todos, mas sua graça especial outorga somente aos seus eleitos. Nunca devemos confundir a diferença entre estas duas classes da graça. É possível, por exemplo, que muitos que não são verdadeiros crentes pareçam como se fossem. Que manifestem certo entendimento da Palavra de Deus, podem viver uma vida moralista e religiosa, quando na realidade não são objetos da graça especial de Deus. Em continuação assinalaremos algumas distinções entre a graça comum a graça salvadora de Deus.
Primeiro, a graça salvadora transforma a pessoa, concedendo-lhe vida espiritual, uma nova natureza. Entretanto, que a graça comum somente obstrui o pecado, mantendo-lhe dentro de certos limites permitidos por Deus. A graça comum limita o pecado e controla seus efeitos, mas não transforma interiormente as pessoas. A graça salvadora de Deus transforma a pessoa em sua mente, suas emoções, sua vontade. Todos os aspectos de sua vida estão sendo mudados, limpos e renovados.
Segundo, a graça especial de Deus produz um interesse profundo e pessoal nas realidades espirituais e eternas: em Deus, em Jesus Cristo, nas promessas de Deus, em seu Reino, no céu. Os que são apenas objeto da graça comum de Deus podem ter certo conhecimento superficial da Bíblia, mas seu interesse em tais coisas é somente temporal e na realidade não querem conhecer a Deus, não é seu principal desejo. A Bíblia nos dá muitos exemplos de pessoas que foram objeto da graça comum, sem ser recebedores da graça salvadora de Deus (por exemplo, Judas, Demas, os fariseus, o rei Saul, etc).
Terceiro, a graça especial de Deus produz um prazer verdadeiro no serviço à Deus. Para os objetos da graça salvadora, os mandamentos de Deus não são ofensivos, o jugo de Cristo é suave e leve o seu fardo. Os recipientes da graça especial de Deus encontram gozo na oração, a leitura da Bíblia, a comunhão com outros crentes e a adoração à Deus. O salmista se referiu a esta classe de pessoa dizendo: “Na lei de Jeová está o seu prazer” (Sl 1.2). Para aqueles que são apenas objeto da graça comum, o serviço de Deus é pesaroso, entendiante e um fardo em lugar de prazer. O profeta Malaquias disse, “Vós dizeis: Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos e em andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?” (Mal.3:14). Este é o pensamento daqueles que somente conhecem a graça comum.
Quarto, a graça salvadora lhes faz temer a perversidade de seu próprio coração. Ao examinar cuidadosamente o seu próprio coração e ter cautela de sua conduta. A graça comum lhe faz satisfeito com um Cristianismo superficial. Aqueles que são crentes apenas nominalmente, concentram mais cuidadosamente nos outros que em si mesmos, pois julgam os outros antes que a eles mesmos.
Quinto, a graça salvadora com que amem e busquem a santidade mesmo quando é difícil e perigoso. Os que são crentes apenas nominais, aqueles que não são realmente salvos, não perseveram quando a vida cristã se torna difícil. Jesus falou de semelhantes pessoas na parábola do semeador (Mt 13.20-21). A semente que caiu entre as pedras representa a pessoa que ouve a Palavra e momentaneamente a recebe com alegria “mas não possui raíz, mas é passageira, pois ao virem as aflições ou, a perseguição por causa da Palavra, logo se ofende.” O verdadeiro crente segue a Cristo mesmo quando tudo está difícil.
Sexto, os que usufruem da benção da graça especial de Deus, querem obedecer a Deus por motivos espirituais. Desejam orar, querem servir a Deus, querem escutá-lo porque o amam e desejam agradá-lo. Aqueles que são apenas crentes nominais fazem algumas destas coisas, não porque amam a Deus, mas apenas para serem vistos pelos homens. Querem que outros pensem bem deles, no entanto, na realidade não querem agradar a Deus.
Sétimo, a graça salvadora, renovadora conduz ao desejo de abandonar, de deixar o pecado por completo e obedecer a todos os mandamentos de Deus. Os crentes são semelhantes a Calebe acerca de quem Deus disse: “visto que nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me” (Nm 14.24). Os que somente aparentam ser crentes, e não sendo, seguem a Deus parcialmente, são de ânimo dobre, somente obedecem quando lhes é conveniente. É necessário distinguir entre buscar a perfeição e deseja-la, entre o esforço para obedecer e o cumprimento. A alma renovada pode dizer: Ainda que não mortifiquei completamente nenhum pecado, como deveria e como desejo, todavia, odeio todos os pecados. Ainda que não obedeça perfeitamente a nenhum mandamento, como quero e deveria, entretanto, amo cada mandamento de Deus. Todos me são preciosos, e não há um sequer que não deseje cumprir. Este era o sentimento do apóstolo Paulo em Rm 7.15-22.
Oitavo, principal e sobretudo, aqueles que são abençoados com o amor e a graça especial de Deus, estimam a Cristo como a maior benção. Cristo é suficiente para satisfazer as suas almas. Podem usufruir de Cristo sem possuir riquezas, sem prazeres, sem o sorriso da prosperidade; em todas as circunstâncias estão contentes com Cristo. Cristo é tudo, o Sumo Bem para os que conhecem a graça salvadora. Se estamos enfermos, Ele é o médico; se temos sede, Ele é o manancial; se o pecado nos inquieta, Ele é a nossa justiça; se necessitamos de ajuda, Ele é poderoso para nos salvar; se tememos a morte, Ele é a vida; se estamos em trevas, Ele é a luz; se somos fracos, Ele é nossa fortaleza; se somos pobres, Ele é a plenitude; se desejamos o céu, Ele é o único caminho. Em contraste com os que apenas têm a aparência de crentes, que estimam mais as recompensas, os benefícios e o louvor que recebem professando o Cristianismo (mas que na realidade não estimam a Cristo acima de todas as coisas), os que possuem a Cristo não carecem de nada. Assim disse Paulo, “como não tendo nada, mas possuindo tudo” (1Co 6.10). Então, quem não possui a Cristo, nada tem. Você ama ao Senhor Jesus mais do que todas as demais coisas? Se sim, então não deve escutar ao Diabo quando quer fazê-lo duvidar e pensar que são falsas as suas evidências de salvação.
O labor teológico de quem se preocupa em oferecer a sistematização e aplicabilidade das Escrituras para a proclamação do Reino de Deus
16 janeiro 2019
Remédios preciosos contra as artimanhas do Diabo - Capítulo 13
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Santificação,
Tentações,
Thomas Brooks,
Tradução
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
03 janeiro 2019
Remédios preciosos contra as artimanhas do Diabo - Capítulo 12
Satanás tem outro método para causar dano aos crentes. Se não pode conseguir que pequem, ou sejam distraídos, tratará de fazer-lhes infelizes e miseráveis como crentes. Isto procura fazê-lo induzindo-lhes a duvidar de sua salvação. Aprecia encher as mentes dos crentes com dúvidas e interrogações. “Sou realmente cristão? Está firme e segura minha esperança da vida eterna? É a satisfação cristã que sinto, uma boa emoção e nada mais? Um dos métodos de Satanás é atacar aos cristãos enchendo-lhes com interrogações, dúvidas, incertezas e miséria. Para conseguir isto, Satanás utiliza três métodos.
Primeiro, Satanás procurará que os crentes sempre estejam preocupados acerca de seus pecados. Fará que seus pecados lhes pareçam tão grandes que não possam pensar noutra coisa, especialmente que não pensem em seu Salvador. Nenhum crente deve pensar no pecado desta maneira. É certo que o pecado rodeia aos crentes e que estes ainda pecam. Não obstante, o pecado não tem poder para condená-los. O Senhor Jesus não retira todos e cada um dos pecados dos crentes, ou seja, eles ainda são imperfeitos. Todavia, retira a condenação do pecado. “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Cristo também lhes livra do reino e do poder dominante do pecado (Rm 6.14). Os crentes não pecam de modo livre, nem com felicidade. Não são escravos do pecado, advertem seu perigo e pelejam contra ele. Ainda que o pecado ainda habite neles e se rebela, não pode controlar, nem dominá-los totalmente. O poder do pecado foi destruído por Cristo. Portanto, o crente não deve cair no erro de pensar somente em seus pecados.
Segundo, os crentes devem guardar na mente, que Deus promete o perdão do pecado na Bíblia. É certo que devem lutar contra o pecado e, todavia, neste mundo o pecado não será erradicado de suas vidas. Não devem se fixar tanto nos pecados, de modo que percam de vista a grandeza do perdão do pecado. Deus disse: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro”. (Is 43.25) Cristo pagou pelos pecados de seu povo, nenhum outro o pode fazer. Paulo disse: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (2Co 5.21). Os crentes não se sentiriam miseráveis se outra pessoa pagasse uma dívida sua. Cristo pagou a dívida dos pecados que cada crente devia a Deus. Portanto, os crentes não devem se sentir miseráveis e deprimidos como se sua dívida não estivesse quitada.
Terceiro, isto não quer dizer que os crentes devem tornar-se descuidados com o pecado. Satanás quer que estejam alarmados e aterrorizados por seus pecados. Os motivos de Deus em permitir que os crentes estejam preocupados com o pecado são outros. Deus quer que os crentes se mantenham em humildade. Quer que busquem sua ajuda para mortificar o pecado. Quer que dependam de Cristo para seu perdão e fortaleza. Quer que tenham compaixão por aqueles que estão sujeitos às mesmas debilidades e para os que caem em pecado. Também quer que anelem profundamente a libertação completa do pecado no céu. Deus alcança estes propósitos deixando que lutem e que sejam exercitados com os resquícios do pecado.
Os crentes que estão deprimidos, miseráveis e aterrorizados por causa de seus pecados, devem arrepender-se desse estado mental. Sua depressão é ocasionada por sua própria ignorância e incredulidade. Devem entender que o amor de Deus é completo, livre, eterno e abundante; a morte e os sofrimentos de Cristo são suficientes para perdoar todos os seus pecados para sempre. Devem compreender melhor o valor, a glória e a suficiência da justiça de Cristo, a qual lhes foi imputada. Devem crer mais na gloriosa e indestrutível realidade de sua união espiritual com Cristo. Se tão somente os crentes cressem mais na verdade destas coisas, não seriam deprimidos e enganados por Satanás, nem por seus pecados.
Há outra forma em que Satanás faz com que os crentes se sintam miseráveis, culpados e inúteis. Ele lhes leva a pensar que as normas para ser um crente são tão altas que nunca poderá alcança-las, fazendo-lhes duvidar, assim, de sua salvação. Agrada a Satanás fazer com que os crentes pensem que sua fé não é verdadeira. Quer persuadi-los que a fé é um dom tão especial e tão raro que poucos a têm. Satanás insinua aos crentes que a fé significa nunca duvidar de sua salvação e sempre crer que seus pecados são perdoados. Se em algum momento os crentes duvidam, questionam, ou caem em ansiedade, então, Satanás lhes diz que não têm a fé verdadeira.
Primeiro, Satanás ao fazer tudo isto, está insinuando que a fé signifique mais do que a Bíblia diz. Deus disse na Bíblia que os crentes podem ter a fé verdadeira, sem ter a certeza de que a têm. Se assim não fosse, o apóstolo João não escreveria: “Estas coisas vos escrevi a fim de que creiais no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna” (1Jo 5.13). Eles creram, mas não tinham certeza se tinham a vida eterna. João escreveu para mostrar-lhes que tinham a vida eterna. Antes que soubessem que tinham a vida eterna, eles haviam crido, pois tinham fé. Então pode-se ter fé sem ter certeza de sua salvação.
Segundo, Deus nos disse que a fé significa receber a Cristo: “Mas a todos quanto o receberam, aos que creram em seu nome, lhes deu o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1.12). Satanás quer que os crentes pensem que a fé signifique sempre ter certeza e nunca duvidar de que Deus lhes ama e de que seu destino é o céu. A verdade é que pode existir a fé verdadeira, mesmo quando hajam muitas dúvidas. Por exemplo, Mt 14.31 disse: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” Uma pessoa pode crer verdadeiramente, e não obstante, às vezes, duvidar. Este foi o caso de Pedro; cria, tinha fé e, todavia, ainda duvidava.
Terceiro, a segurança é um efeito, ou um fruto da fé, portanto não deve ser confundido com a fé. Ter a certeza de que somos cristãos, não é a mesma coisa que crer em Cristo. A fé é o que vem primeiro e a segurança vem depois. A fé não pode se perder, a segurança sim. A terceira tática do Diabo para promover a dúvida nos crentes, que se deprimam e se sintam miseráveis e inúteis, é que julguem equivocadamente a providência divina. Satanás quer que os crentes pensem que Deus está contra eles e que está lhes tratando duramente. Satanás deseja que creiam que por causa da vida que levam, dificilmente Deus lhes ama. Oram e pedem algo a Deus, mas não lhes contesta, ou lhes responde negativamente. Esperam receber algo bom, mas são decepcionados e se sentem prejudicados. Se esforçam para obedecer a Deus, mas logo seus sonhos são frustrados. Então começam a pensar que Deus não se preocupa com eles.
Em tais circunstâncias os crentes devem recordar o seguinte:
Primeiro, que muitas coisas podem estar contra seus desejos e seus sonhos sem serem contrários ao seu bem. Abraão, Moisés, Paulo, Jonas sempre receberam o que queriam? Não. Encontraram-se em muitas circunstâncias providenciais contrárias aos seus desejos, mas não contra o seu bem espiritual. A providência pode operar contra os nossos desejos, mas nunca contra o nosso bem.
Segundo, a mão de Deus pode estar contra uma pessoa, ao mesmo tempo que seu amor e seu coração estão a seu favor. A mão de Deus parecia estar contra Jó, quando na realidade Deus lhe muito amava. O amor de Deus pelos crentes não muda ainda e quando sua providência pareça estar se realizando contrária a eles.
Terceiro, as coisas difíceis que sobrevêm aos crentes na providência de Deus têm um bom propósito (Rm 8.28). Todas as circunstâncias estranhas, obscuras, dolorosas em que os crentes se encontram, sempre lhes prosperam em seu caminho para o céu, em sua peregrinação para a felicidade. Quando Deus está operando na vida de um crente, as coisas difíceis e duras sempre lhe conduzem às bençãos e para a prosperidade espiritual. José teve uma vida dura quando foi vendido como escravo e quando foi encarcerado, mas posteriormente foi usado por Deus para salvar a sua família. A vida pode ser confusa e, às vezes, muito dura para os crentes; mas a Bíblia ensina que em todas estas coisas Deus nunca está operando contra, mas para o seu bem e o benefício de outros. Deus se preocupa com seu povo. Portanto, os crentes não devem permitir que Satanás lhes amargure, ou induza a duvidar do amor de Deus.
Primeiro, Satanás procurará que os crentes sempre estejam preocupados acerca de seus pecados. Fará que seus pecados lhes pareçam tão grandes que não possam pensar noutra coisa, especialmente que não pensem em seu Salvador. Nenhum crente deve pensar no pecado desta maneira. É certo que o pecado rodeia aos crentes e que estes ainda pecam. Não obstante, o pecado não tem poder para condená-los. O Senhor Jesus não retira todos e cada um dos pecados dos crentes, ou seja, eles ainda são imperfeitos. Todavia, retira a condenação do pecado. “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Cristo também lhes livra do reino e do poder dominante do pecado (Rm 6.14). Os crentes não pecam de modo livre, nem com felicidade. Não são escravos do pecado, advertem seu perigo e pelejam contra ele. Ainda que o pecado ainda habite neles e se rebela, não pode controlar, nem dominá-los totalmente. O poder do pecado foi destruído por Cristo. Portanto, o crente não deve cair no erro de pensar somente em seus pecados.
Segundo, os crentes devem guardar na mente, que Deus promete o perdão do pecado na Bíblia. É certo que devem lutar contra o pecado e, todavia, neste mundo o pecado não será erradicado de suas vidas. Não devem se fixar tanto nos pecados, de modo que percam de vista a grandeza do perdão do pecado. Deus disse: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro”. (Is 43.25) Cristo pagou pelos pecados de seu povo, nenhum outro o pode fazer. Paulo disse: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (2Co 5.21). Os crentes não se sentiriam miseráveis se outra pessoa pagasse uma dívida sua. Cristo pagou a dívida dos pecados que cada crente devia a Deus. Portanto, os crentes não devem se sentir miseráveis e deprimidos como se sua dívida não estivesse quitada.
Terceiro, isto não quer dizer que os crentes devem tornar-se descuidados com o pecado. Satanás quer que estejam alarmados e aterrorizados por seus pecados. Os motivos de Deus em permitir que os crentes estejam preocupados com o pecado são outros. Deus quer que os crentes se mantenham em humildade. Quer que busquem sua ajuda para mortificar o pecado. Quer que dependam de Cristo para seu perdão e fortaleza. Quer que tenham compaixão por aqueles que estão sujeitos às mesmas debilidades e para os que caem em pecado. Também quer que anelem profundamente a libertação completa do pecado no céu. Deus alcança estes propósitos deixando que lutem e que sejam exercitados com os resquícios do pecado.
Os crentes que estão deprimidos, miseráveis e aterrorizados por causa de seus pecados, devem arrepender-se desse estado mental. Sua depressão é ocasionada por sua própria ignorância e incredulidade. Devem entender que o amor de Deus é completo, livre, eterno e abundante; a morte e os sofrimentos de Cristo são suficientes para perdoar todos os seus pecados para sempre. Devem compreender melhor o valor, a glória e a suficiência da justiça de Cristo, a qual lhes foi imputada. Devem crer mais na gloriosa e indestrutível realidade de sua união espiritual com Cristo. Se tão somente os crentes cressem mais na verdade destas coisas, não seriam deprimidos e enganados por Satanás, nem por seus pecados.
Há outra forma em que Satanás faz com que os crentes se sintam miseráveis, culpados e inúteis. Ele lhes leva a pensar que as normas para ser um crente são tão altas que nunca poderá alcança-las, fazendo-lhes duvidar, assim, de sua salvação. Agrada a Satanás fazer com que os crentes pensem que sua fé não é verdadeira. Quer persuadi-los que a fé é um dom tão especial e tão raro que poucos a têm. Satanás insinua aos crentes que a fé significa nunca duvidar de sua salvação e sempre crer que seus pecados são perdoados. Se em algum momento os crentes duvidam, questionam, ou caem em ansiedade, então, Satanás lhes diz que não têm a fé verdadeira.
Primeiro, Satanás ao fazer tudo isto, está insinuando que a fé signifique mais do que a Bíblia diz. Deus disse na Bíblia que os crentes podem ter a fé verdadeira, sem ter a certeza de que a têm. Se assim não fosse, o apóstolo João não escreveria: “Estas coisas vos escrevi a fim de que creiais no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna” (1Jo 5.13). Eles creram, mas não tinham certeza se tinham a vida eterna. João escreveu para mostrar-lhes que tinham a vida eterna. Antes que soubessem que tinham a vida eterna, eles haviam crido, pois tinham fé. Então pode-se ter fé sem ter certeza de sua salvação.
Segundo, Deus nos disse que a fé significa receber a Cristo: “Mas a todos quanto o receberam, aos que creram em seu nome, lhes deu o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1.12). Satanás quer que os crentes pensem que a fé signifique sempre ter certeza e nunca duvidar de que Deus lhes ama e de que seu destino é o céu. A verdade é que pode existir a fé verdadeira, mesmo quando hajam muitas dúvidas. Por exemplo, Mt 14.31 disse: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” Uma pessoa pode crer verdadeiramente, e não obstante, às vezes, duvidar. Este foi o caso de Pedro; cria, tinha fé e, todavia, ainda duvidava.
Terceiro, a segurança é um efeito, ou um fruto da fé, portanto não deve ser confundido com a fé. Ter a certeza de que somos cristãos, não é a mesma coisa que crer em Cristo. A fé é o que vem primeiro e a segurança vem depois. A fé não pode se perder, a segurança sim. A terceira tática do Diabo para promover a dúvida nos crentes, que se deprimam e se sintam miseráveis e inúteis, é que julguem equivocadamente a providência divina. Satanás quer que os crentes pensem que Deus está contra eles e que está lhes tratando duramente. Satanás deseja que creiam que por causa da vida que levam, dificilmente Deus lhes ama. Oram e pedem algo a Deus, mas não lhes contesta, ou lhes responde negativamente. Esperam receber algo bom, mas são decepcionados e se sentem prejudicados. Se esforçam para obedecer a Deus, mas logo seus sonhos são frustrados. Então começam a pensar que Deus não se preocupa com eles.
Em tais circunstâncias os crentes devem recordar o seguinte:
Primeiro, que muitas coisas podem estar contra seus desejos e seus sonhos sem serem contrários ao seu bem. Abraão, Moisés, Paulo, Jonas sempre receberam o que queriam? Não. Encontraram-se em muitas circunstâncias providenciais contrárias aos seus desejos, mas não contra o seu bem espiritual. A providência pode operar contra os nossos desejos, mas nunca contra o nosso bem.
Segundo, a mão de Deus pode estar contra uma pessoa, ao mesmo tempo que seu amor e seu coração estão a seu favor. A mão de Deus parecia estar contra Jó, quando na realidade Deus lhe muito amava. O amor de Deus pelos crentes não muda ainda e quando sua providência pareça estar se realizando contrária a eles.
Terceiro, as coisas difíceis que sobrevêm aos crentes na providência de Deus têm um bom propósito (Rm 8.28). Todas as circunstâncias estranhas, obscuras, dolorosas em que os crentes se encontram, sempre lhes prosperam em seu caminho para o céu, em sua peregrinação para a felicidade. Quando Deus está operando na vida de um crente, as coisas difíceis e duras sempre lhe conduzem às bençãos e para a prosperidade espiritual. José teve uma vida dura quando foi vendido como escravo e quando foi encarcerado, mas posteriormente foi usado por Deus para salvar a sua família. A vida pode ser confusa e, às vezes, muito dura para os crentes; mas a Bíblia ensina que em todas estas coisas Deus nunca está operando contra, mas para o seu bem e o benefício de outros. Deus se preocupa com seu povo. Portanto, os crentes não devem permitir que Satanás lhes amargure, ou induza a duvidar do amor de Deus.
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Tradução
Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
01 janeiro 2019
Remédios preciosos contra as artimanhas do Diabo - Capítulo 11
Concentremos a nossa atenção em outros dois métodos usados pelo diabo para desanimar aos crentes em seu serviço para o Senhor.
Primero, Satanás tratará de encher sua mente com maus pensamentos, ou ainda com pensamentos sujos. Isto ele faz frequentemente quando os crentes estão orando, lendo suas Bíblias, ou pensando em Deus.
Em segundo lugar, se esforçará para que se sintam satisfeitos com sua vida cristã a fim de que não se preocupem com o seu crescimento espiritual. Com o primeiro método, Satanás consegue desanimar a muitos em seu serviço ao Senhor. Com esta persuasão muitos são atrapalhados em suas orações, em seu estudo da Palavra, porque sempre se sentem distraídos. Chegam até mesmo a sentir-se frustrados, perdem a sua alegria e se sentem inúteis no serviço de Deus, tudo por causa dos fúteis pensamentos que o diabo coloca em suas mentes. O que podem fazer os crentes quando lhes é difícil orar, ler suas Bíblias, em consequência destes ataques?
Primeiro, os crentes devem esforçar-se em serem mais afetados pela grandeza de Deus, sua santidade, sua majestade e sua glória. Quando os crentes têm pensamentos superficiais e pequenos acerca de Deus, Satanás pode distraí-los facilmente. Quando começam a compreender melhor sua onipotência, sua pureza, sua grandeza, então os pensamentos vãos perdem muito de seu poder. Uma visão da perfeição de Deus, sua onipotência, sua onisciência, sua onipresença, sua santidade, ajudará muito para acabar com os pensamentos vãos. Quanto mais a nossa mente estiver cheia com pensamentos acerca de Deus, seremos menos afetados com os pensamentos do diabo. Filipenses 4.8 diz: “Portanto irmãos, tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, tudo o que é de bom nome; se alguma virtude há, e se algo digno de louvor, nisto pensai.”
Segundo, os crentes podem superar esta tentação perseverando na oração, na leitura da Bíblia e em seus pensamentos acerca de Deus. Muitos crentes descobriram que Satanás lhes deixa em paz quando perseveram nestas coisas. Quando o diabo percebe que esta tática faz com que os crentes busquem a Deus com mais empenho, então se dá por vencido. Quando Jesus resistiu a Satanás no deserto, então este o deixou. Se os crentes perseveram em buscar a Deus apesar de todos os intentos do diabo por distrair-lhes, então também o diabo fugirá deles. “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).
Terceiro, devemos recordar que os pensamentos vazios, néscios e blasfemos são pecaminosos, e sempre não são bem-vindos, mas devem ser rejeitados e mortificados. Em outras palavras, não devemos fazer caso de tais pensamentos. Há muitos pensamentos que molestam e inquietam aos crentes, mas tais pensamentos não são pecaminosos se os crentes não permitem que se alojem em suas mentes. Tais pensamentos chegam a ser pecado quando são recebidos e abrigados na mente dos crentes.
Quarto, o fato de resistir a tais pensamentos, de lamentá-los e esforçar em acabar com eles, é uma forte evidência de que a graça de Deus está operando (Sl 139.23-24). É uma boa evidência quando alguém quer levar cativo os seus pensamentos em obediência a Cristo (2Co 10.4-5). Os pensamentos pecaminosos afetam a vida, pois frequentemente conduzem a atos pecaminosos. Portanto, os crentes devem pelejar contra os pensamentos vãos e pecaminosos. Enquanto vigiarmos e estivermos constantes em resistí-los e afugentá-los não nos causará dano.
Quinto, os crentes podem afastar dos pensamentos vãos sendo cheios com as coisas espirituais e celestiais (Cl 3.1-2). Paulo fala em Efésios da necessidade de ser cheios do Espírito e ainda deseja que todos os crentes sejam cheios de toda a plenitude de Deus (Ef 3.19). Quanto mais nos enchemos de pensamentos espirituais e celestiais, menos lugar teremos para os maus pensamentos.
Sexto, é necessário que os crentes cresçam em seu amor pelas coisas santas. Inevitavelmente pensamos mais acerca do que mais amamos. “Quanto amo tua lei! Todo o dia é ela minha meditação” (Sl 119.97). O salmista amava a Palavra de Deus, portanto, ela era a sua meditação todo o tempo. Se apenas amássemos mais a santidade, pensaríamos mais nela.
Finalmente, se os crentes não querem ser distraídos pelos pensamentos fúteis, não devem deter-se demasiadamente nas atividades deste mundo. O excesso de assuntos mundanos somente encherá as suas mentes com ansiedade e afã. As suas mentes lhes encherão constantemente de preocupações, ainda quando estiverem buscando as coisas de Deus. Os crentes devem lutar para livrar as suas mentes nas ansiedades acerca desta vida e fixar seus pensamentos na grandeza e a glória de Deus. Então Satanás não os distrairá tão facilmente com pensamentos indignos.
Pensemos acerca da segunda tática usada pelo Diabo para impedir aos crentes em seu serviço a Deus. Ele lhes faz sentir satisfeitos com suas orações, com a leitura da Bíblia, com seu serviço cristão, então começam a sentir que podem relaxar um pouco, e não se esforçam tanto. Diante desta tática os crentes devem recordar quatro fatos importantes:
Primeiro, tudo o que os crentes fazem e tudo o que farão é imperfeito. Há pecado em tudo o que fazem. Mesmo em suas orações, as leituras da Bíblia e todas as demais atividades cristãs que fazem estão manchadas por sua debilidade e seu pecado. Os crentes não têm motivo algum para orgulhar-se. Podemos dizer como o profeta, que todas as nossas obras de justiça são como trapos de imundícia (Is 64.6).
Segundo, os crentes não são salvos por suas obras, suas orações ou seu serviço cristão, senão somente pelo que Cristo fez por eles. Eles têm que confiar somente em Cristo para que sejam salvos do pecado.
Terceiro, a confiança em nossas atividades religiosas é um enorme pecado que terminará por destruir-nos (Fp 3.3-9).
Quarto, não devemos esquecer o que nosso Senhor disse: “Quando tiveres feito tudo o que vos tenho mandado, dizei: Servos inúteis somos, porque fizemos apenas o que deveríamos fazer” (Lc 17.10).
Primero, Satanás tratará de encher sua mente com maus pensamentos, ou ainda com pensamentos sujos. Isto ele faz frequentemente quando os crentes estão orando, lendo suas Bíblias, ou pensando em Deus.
Em segundo lugar, se esforçará para que se sintam satisfeitos com sua vida cristã a fim de que não se preocupem com o seu crescimento espiritual. Com o primeiro método, Satanás consegue desanimar a muitos em seu serviço ao Senhor. Com esta persuasão muitos são atrapalhados em suas orações, em seu estudo da Palavra, porque sempre se sentem distraídos. Chegam até mesmo a sentir-se frustrados, perdem a sua alegria e se sentem inúteis no serviço de Deus, tudo por causa dos fúteis pensamentos que o diabo coloca em suas mentes. O que podem fazer os crentes quando lhes é difícil orar, ler suas Bíblias, em consequência destes ataques?
Primeiro, os crentes devem esforçar-se em serem mais afetados pela grandeza de Deus, sua santidade, sua majestade e sua glória. Quando os crentes têm pensamentos superficiais e pequenos acerca de Deus, Satanás pode distraí-los facilmente. Quando começam a compreender melhor sua onipotência, sua pureza, sua grandeza, então os pensamentos vãos perdem muito de seu poder. Uma visão da perfeição de Deus, sua onipotência, sua onisciência, sua onipresença, sua santidade, ajudará muito para acabar com os pensamentos vãos. Quanto mais a nossa mente estiver cheia com pensamentos acerca de Deus, seremos menos afetados com os pensamentos do diabo. Filipenses 4.8 diz: “Portanto irmãos, tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, tudo o que é de bom nome; se alguma virtude há, e se algo digno de louvor, nisto pensai.”
Segundo, os crentes podem superar esta tentação perseverando na oração, na leitura da Bíblia e em seus pensamentos acerca de Deus. Muitos crentes descobriram que Satanás lhes deixa em paz quando perseveram nestas coisas. Quando o diabo percebe que esta tática faz com que os crentes busquem a Deus com mais empenho, então se dá por vencido. Quando Jesus resistiu a Satanás no deserto, então este o deixou. Se os crentes perseveram em buscar a Deus apesar de todos os intentos do diabo por distrair-lhes, então também o diabo fugirá deles. “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).
Terceiro, devemos recordar que os pensamentos vazios, néscios e blasfemos são pecaminosos, e sempre não são bem-vindos, mas devem ser rejeitados e mortificados. Em outras palavras, não devemos fazer caso de tais pensamentos. Há muitos pensamentos que molestam e inquietam aos crentes, mas tais pensamentos não são pecaminosos se os crentes não permitem que se alojem em suas mentes. Tais pensamentos chegam a ser pecado quando são recebidos e abrigados na mente dos crentes.
Quarto, o fato de resistir a tais pensamentos, de lamentá-los e esforçar em acabar com eles, é uma forte evidência de que a graça de Deus está operando (Sl 139.23-24). É uma boa evidência quando alguém quer levar cativo os seus pensamentos em obediência a Cristo (2Co 10.4-5). Os pensamentos pecaminosos afetam a vida, pois frequentemente conduzem a atos pecaminosos. Portanto, os crentes devem pelejar contra os pensamentos vãos e pecaminosos. Enquanto vigiarmos e estivermos constantes em resistí-los e afugentá-los não nos causará dano.
Quinto, os crentes podem afastar dos pensamentos vãos sendo cheios com as coisas espirituais e celestiais (Cl 3.1-2). Paulo fala em Efésios da necessidade de ser cheios do Espírito e ainda deseja que todos os crentes sejam cheios de toda a plenitude de Deus (Ef 3.19). Quanto mais nos enchemos de pensamentos espirituais e celestiais, menos lugar teremos para os maus pensamentos.
Sexto, é necessário que os crentes cresçam em seu amor pelas coisas santas. Inevitavelmente pensamos mais acerca do que mais amamos. “Quanto amo tua lei! Todo o dia é ela minha meditação” (Sl 119.97). O salmista amava a Palavra de Deus, portanto, ela era a sua meditação todo o tempo. Se apenas amássemos mais a santidade, pensaríamos mais nela.
Finalmente, se os crentes não querem ser distraídos pelos pensamentos fúteis, não devem deter-se demasiadamente nas atividades deste mundo. O excesso de assuntos mundanos somente encherá as suas mentes com ansiedade e afã. As suas mentes lhes encherão constantemente de preocupações, ainda quando estiverem buscando as coisas de Deus. Os crentes devem lutar para livrar as suas mentes nas ansiedades acerca desta vida e fixar seus pensamentos na grandeza e a glória de Deus. Então Satanás não os distrairá tão facilmente com pensamentos indignos.
Pensemos acerca da segunda tática usada pelo Diabo para impedir aos crentes em seu serviço a Deus. Ele lhes faz sentir satisfeitos com suas orações, com a leitura da Bíblia, com seu serviço cristão, então começam a sentir que podem relaxar um pouco, e não se esforçam tanto. Diante desta tática os crentes devem recordar quatro fatos importantes:
Primeiro, tudo o que os crentes fazem e tudo o que farão é imperfeito. Há pecado em tudo o que fazem. Mesmo em suas orações, as leituras da Bíblia e todas as demais atividades cristãs que fazem estão manchadas por sua debilidade e seu pecado. Os crentes não têm motivo algum para orgulhar-se. Podemos dizer como o profeta, que todas as nossas obras de justiça são como trapos de imundícia (Is 64.6).
Segundo, os crentes não são salvos por suas obras, suas orações ou seu serviço cristão, senão somente pelo que Cristo fez por eles. Eles têm que confiar somente em Cristo para que sejam salvos do pecado.
Terceiro, a confiança em nossas atividades religiosas é um enorme pecado que terminará por destruir-nos (Fp 3.3-9).
Quarto, não devemos esquecer o que nosso Senhor disse: “Quando tiveres feito tudo o que vos tenho mandado, dizei: Servos inúteis somos, porque fizemos apenas o que deveríamos fazer” (Lc 17.10).
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Ministro presbiteriano, escritor, tradutor, revisor e professor de teologia
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