Outro método usado por Satanás para manter aos crentes num estado de dúvida e questionando se sua vida espiritual, dizendo-lhes que são falsas as evidências de que possuem a graça e o favor de Deus. Ele lhes dirá que suas evidências não são reais e que pessoas que não são crentes podem ter evidências semelhantes. Também dirá que sua fé não é o dom de Deus, mas uma ilusão de suas próprias mentes. Que sua preocupação pela obra de Deus não é superior da que muitas pessoas possuem nos assuntos mundanos. Satanás lhes dirá que não tiveram real crescimento espiritual, que pessoas enganadas podem alcançar um nível igual ou melhor que eles. Para enfrentar estas sugestões do Diabo, devemos recordar que Deus manifesta sua graça de duas formas distintas, primeiro sua graça comum e segundo sua graça especial, ou salvadora. Por meio de sua graça comum Deus concede bençãos a todos, mas sua graça especial outorga somente aos seus eleitos. Nunca devemos confundir a diferença entre estas duas classes da graça. É possível, por exemplo, que muitos que não são verdadeiros crentes pareçam como se fossem. Que manifestem certo entendimento da Palavra de Deus, podem viver uma vida moralista e religiosa, quando na realidade não são objetos da graça especial de Deus. Em continuação assinalaremos algumas distinções entre a graça comum a graça salvadora de Deus.
Primeiro, a graça salvadora transforma a pessoa, concedendo-lhe vida espiritual, uma nova natureza. Entretanto, que a graça comum somente obstrui o pecado, mantendo-lhe dentro de certos limites permitidos por Deus. A graça comum limita o pecado e controla seus efeitos, mas não transforma interiormente as pessoas. A graça salvadora de Deus transforma a pessoa em sua mente, suas emoções, sua vontade. Todos os aspectos de sua vida estão sendo mudados, limpos e renovados.
Segundo, a graça especial de Deus produz um interesse profundo e pessoal nas realidades espirituais e eternas: em Deus, em Jesus Cristo, nas promessas de Deus, em seu Reino, no céu. Os que são apenas objeto da graça comum de Deus podem ter certo conhecimento superficial da Bíblia, mas seu interesse em tais coisas é somente temporal e na realidade não querem conhecer a Deus, não é seu principal desejo. A Bíblia nos dá muitos exemplos de pessoas que foram objeto da graça comum, sem ser recebedores da graça salvadora de Deus (por exemplo, Judas, Demas, os fariseus, o rei Saul, etc).
Terceiro, a graça especial de Deus produz um prazer verdadeiro no serviço à Deus. Para os objetos da graça salvadora, os mandamentos de Deus não são ofensivos, o jugo de Cristo é suave e leve o seu fardo. Os recipientes da graça especial de Deus encontram gozo na oração, a leitura da Bíblia, a comunhão com outros crentes e a adoração à Deus. O salmista se referiu a esta classe de pessoa dizendo: “Na lei de Jeová está o seu prazer” (Sl 1.2). Para aqueles que são apenas objeto da graça comum, o serviço de Deus é pesaroso, entendiante e um fardo em lugar de prazer. O profeta Malaquias disse, “Vós dizeis: Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos e em andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?” (Mal.3:14). Este é o pensamento daqueles que somente conhecem a graça comum.
Quarto, a graça salvadora lhes faz temer a perversidade de seu próprio coração. Ao examinar cuidadosamente o seu próprio coração e ter cautela de sua conduta. A graça comum lhe faz satisfeito com um Cristianismo superficial. Aqueles que são crentes apenas nominalmente, concentram mais cuidadosamente nos outros que em si mesmos, pois julgam os outros antes que a eles mesmos.
Quinto, a graça salvadora com que amem e busquem a santidade mesmo quando é difícil e perigoso. Os que são crentes apenas nominais, aqueles que não são realmente salvos, não perseveram quando a vida cristã se torna difícil. Jesus falou de semelhantes pessoas na parábola do semeador (Mt 13.20-21). A semente que caiu entre as pedras representa a pessoa que ouve a Palavra e momentaneamente a recebe com alegria “mas não possui raíz, mas é passageira, pois ao virem as aflições ou, a perseguição por causa da Palavra, logo se ofende.” O verdadeiro crente segue a Cristo mesmo quando tudo está difícil.
Sexto, os que usufruem da benção da graça especial de Deus, querem obedecer a Deus por motivos espirituais. Desejam orar, querem servir a Deus, querem escutá-lo porque o amam e desejam agradá-lo. Aqueles que são apenas crentes nominais fazem algumas destas coisas, não porque amam a Deus, mas apenas para serem vistos pelos homens. Querem que outros pensem bem deles, no entanto, na realidade não querem agradar a Deus.
Sétimo, a graça salvadora, renovadora conduz ao desejo de abandonar, de deixar o pecado por completo e obedecer a todos os mandamentos de Deus. Os crentes são semelhantes a Calebe acerca de quem Deus disse: “visto que nele houve outro espírito, e perseverou em seguir-me” (Nm 14.24). Os que somente aparentam ser crentes, e não sendo, seguem a Deus parcialmente, são de ânimo dobre, somente obedecem quando lhes é conveniente. É necessário distinguir entre buscar a perfeição e deseja-la, entre o esforço para obedecer e o cumprimento. A alma renovada pode dizer: Ainda que não mortifiquei completamente nenhum pecado, como deveria e como desejo, todavia, odeio todos os pecados. Ainda que não obedeça perfeitamente a nenhum mandamento, como quero e deveria, entretanto, amo cada mandamento de Deus. Todos me são preciosos, e não há um sequer que não deseje cumprir. Este era o sentimento do apóstolo Paulo em Rm 7.15-22.
Oitavo, principal e sobretudo, aqueles que são abençoados com o amor e a graça especial de Deus, estimam a Cristo como a maior benção. Cristo é suficiente para satisfazer as suas almas. Podem usufruir de Cristo sem possuir riquezas, sem prazeres, sem o sorriso da prosperidade; em todas as circunstâncias estão contentes com Cristo. Cristo é tudo, o Sumo Bem para os que conhecem a graça salvadora. Se estamos enfermos, Ele é o médico; se temos sede, Ele é o manancial; se o pecado nos inquieta, Ele é a nossa justiça; se necessitamos de ajuda, Ele é poderoso para nos salvar; se tememos a morte, Ele é a vida; se estamos em trevas, Ele é a luz; se somos fracos, Ele é nossa fortaleza; se somos pobres, Ele é a plenitude; se desejamos o céu, Ele é o único caminho. Em contraste com os que apenas têm a aparência de crentes, que estimam mais as recompensas, os benefícios e o louvor que recebem professando o Cristianismo (mas que na realidade não estimam a Cristo acima de todas as coisas), os que possuem a Cristo não carecem de nada. Assim disse Paulo, “como não tendo nada, mas possuindo tudo” (1Co 6.10). Então, quem não possui a Cristo, nada tem. Você ama ao Senhor Jesus mais do que todas as demais coisas? Se sim, então não deve escutar ao Diabo quando quer fazê-lo duvidar e pensar que são falsas as suas evidências de salvação.
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