Satanás tem outro método para causar dano aos crentes. Se não pode conseguir que pequem, ou sejam distraídos, tratará de fazer-lhes infelizes e miseráveis como crentes. Isto procura fazê-lo induzindo-lhes a duvidar de sua salvação. Aprecia encher as mentes dos crentes com dúvidas e interrogações. “Sou realmente cristão? Está firme e segura minha esperança da vida eterna? É a satisfação cristã que sinto, uma boa emoção e nada mais? Um dos métodos de Satanás é atacar aos cristãos enchendo-lhes com interrogações, dúvidas, incertezas e miséria. Para conseguir isto, Satanás utiliza três métodos.
Primeiro, Satanás procurará que os crentes sempre estejam preocupados acerca de seus pecados. Fará que seus pecados lhes pareçam tão grandes que não possam pensar noutra coisa, especialmente que não pensem em seu Salvador. Nenhum crente deve pensar no pecado desta maneira. É certo que o pecado rodeia aos crentes e que estes ainda pecam. Não obstante, o pecado não tem poder para condená-los. O Senhor Jesus não retira todos e cada um dos pecados dos crentes, ou seja, eles ainda são imperfeitos. Todavia, retira a condenação do pecado. “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Cristo também lhes livra do reino e do poder dominante do pecado (Rm 6.14). Os crentes não pecam de modo livre, nem com felicidade. Não são escravos do pecado, advertem seu perigo e pelejam contra ele. Ainda que o pecado ainda habite neles e se rebela, não pode controlar, nem dominá-los totalmente. O poder do pecado foi destruído por Cristo. Portanto, o crente não deve cair no erro de pensar somente em seus pecados.
Segundo, os crentes devem guardar na mente, que Deus promete o perdão do pecado na Bíblia. É certo que devem lutar contra o pecado e, todavia, neste mundo o pecado não será erradicado de suas vidas. Não devem se fixar tanto nos pecados, de modo que percam de vista a grandeza do perdão do pecado. Deus disse: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro”. (Is 43.25) Cristo pagou pelos pecados de seu povo, nenhum outro o pode fazer. Paulo disse: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (2Co 5.21). Os crentes não se sentiriam miseráveis se outra pessoa pagasse uma dívida sua. Cristo pagou a dívida dos pecados que cada crente devia a Deus. Portanto, os crentes não devem se sentir miseráveis e deprimidos como se sua dívida não estivesse quitada.
Terceiro, isto não quer dizer que os crentes devem tornar-se descuidados com o pecado. Satanás quer que estejam alarmados e aterrorizados por seus pecados. Os motivos de Deus em permitir que os crentes estejam preocupados com o pecado são outros. Deus quer que os crentes se mantenham em humildade. Quer que busquem sua ajuda para mortificar o pecado. Quer que dependam de Cristo para seu perdão e fortaleza. Quer que tenham compaixão por aqueles que estão sujeitos às mesmas debilidades e para os que caem em pecado. Também quer que anelem profundamente a libertação completa do pecado no céu. Deus alcança estes propósitos deixando que lutem e que sejam exercitados com os resquícios do pecado.
Os crentes que estão deprimidos, miseráveis e aterrorizados por causa de seus pecados, devem arrepender-se desse estado mental. Sua depressão é ocasionada por sua própria ignorância e incredulidade. Devem entender que o amor de Deus é completo, livre, eterno e abundante; a morte e os sofrimentos de Cristo são suficientes para perdoar todos os seus pecados para sempre. Devem compreender melhor o valor, a glória e a suficiência da justiça de Cristo, a qual lhes foi imputada. Devem crer mais na gloriosa e indestrutível realidade de sua união espiritual com Cristo. Se tão somente os crentes cressem mais na verdade destas coisas, não seriam deprimidos e enganados por Satanás, nem por seus pecados.
Há outra forma em que Satanás faz com que os crentes se sintam miseráveis, culpados e inúteis. Ele lhes leva a pensar que as normas para ser um crente são tão altas que nunca poderá alcança-las, fazendo-lhes duvidar, assim, de sua salvação. Agrada a Satanás fazer com que os crentes pensem que sua fé não é verdadeira. Quer persuadi-los que a fé é um dom tão especial e tão raro que poucos a têm. Satanás insinua aos crentes que a fé significa nunca duvidar de sua salvação e sempre crer que seus pecados são perdoados. Se em algum momento os crentes duvidam, questionam, ou caem em ansiedade, então, Satanás lhes diz que não têm a fé verdadeira.
Primeiro, Satanás ao fazer tudo isto, está insinuando que a fé signifique mais do que a Bíblia diz. Deus disse na Bíblia que os crentes podem ter a fé verdadeira, sem ter a certeza de que a têm. Se assim não fosse, o apóstolo João não escreveria: “Estas coisas vos escrevi a fim de que creiais no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna” (1Jo 5.13). Eles creram, mas não tinham certeza se tinham a vida eterna. João escreveu para mostrar-lhes que tinham a vida eterna. Antes que soubessem que tinham a vida eterna, eles haviam crido, pois tinham fé. Então pode-se ter fé sem ter certeza de sua salvação.
Segundo, Deus nos disse que a fé significa receber a Cristo: “Mas a todos quanto o receberam, aos que creram em seu nome, lhes deu o poder de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1.12). Satanás quer que os crentes pensem que a fé signifique sempre ter certeza e nunca duvidar de que Deus lhes ama e de que seu destino é o céu. A verdade é que pode existir a fé verdadeira, mesmo quando hajam muitas dúvidas. Por exemplo, Mt 14.31 disse: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” Uma pessoa pode crer verdadeiramente, e não obstante, às vezes, duvidar. Este foi o caso de Pedro; cria, tinha fé e, todavia, ainda duvidava.
Terceiro, a segurança é um efeito, ou um fruto da fé, portanto não deve ser confundido com a fé. Ter a certeza de que somos cristãos, não é a mesma coisa que crer em Cristo. A fé é o que vem primeiro e a segurança vem depois. A fé não pode se perder, a segurança sim. A terceira tática do Diabo para promover a dúvida nos crentes, que se deprimam e se sintam miseráveis e inúteis, é que julguem equivocadamente a providência divina. Satanás quer que os crentes pensem que Deus está contra eles e que está lhes tratando duramente. Satanás deseja que creiam que por causa da vida que levam, dificilmente Deus lhes ama. Oram e pedem algo a Deus, mas não lhes contesta, ou lhes responde negativamente. Esperam receber algo bom, mas são decepcionados e se sentem prejudicados. Se esforçam para obedecer a Deus, mas logo seus sonhos são frustrados. Então começam a pensar que Deus não se preocupa com eles.
Em tais circunstâncias os crentes devem recordar o seguinte:
Primeiro, que muitas coisas podem estar contra seus desejos e seus sonhos sem serem contrários ao seu bem. Abraão, Moisés, Paulo, Jonas sempre receberam o que queriam? Não. Encontraram-se em muitas circunstâncias providenciais contrárias aos seus desejos, mas não contra o seu bem espiritual. A providência pode operar contra os nossos desejos, mas nunca contra o nosso bem.
Segundo, a mão de Deus pode estar contra uma pessoa, ao mesmo tempo que seu amor e seu coração estão a seu favor. A mão de Deus parecia estar contra Jó, quando na realidade Deus lhe muito amava. O amor de Deus pelos crentes não muda ainda e quando sua providência pareça estar se realizando contrária a eles.
Terceiro, as coisas difíceis que sobrevêm aos crentes na providência de Deus têm um bom propósito (Rm 8.28). Todas as circunstâncias estranhas, obscuras, dolorosas em que os crentes se encontram, sempre lhes prosperam em seu caminho para o céu, em sua peregrinação para a felicidade. Quando Deus está operando na vida de um crente, as coisas difíceis e duras sempre lhe conduzem às bençãos e para a prosperidade espiritual. José teve uma vida dura quando foi vendido como escravo e quando foi encarcerado, mas posteriormente foi usado por Deus para salvar a sua família. A vida pode ser confusa e, às vezes, muito dura para os crentes; mas a Bíblia ensina que em todas estas coisas Deus nunca está operando contra, mas para o seu bem e o benefício de outros. Deus se preocupa com seu povo. Portanto, os crentes não devem permitir que Satanás lhes amargure, ou induza a duvidar do amor de Deus.
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