25 dezembro 2019

A PCUSA, a IPB e o abandono da prática da subscrição integral

A PCUSA é um exemplo de como a apostasia ocorreu lentamente com o abandono da subscrição integral. Ela primeiro permitiu a subscrição com escrúpulos, ou seja, desde que o subscritor declarasse as suas discordâncias e exceções de crença com os Padrões de Westminster, ele poderia, se aprovado pela comissão de exame, ser ordenado. Em seguida, ela permitiu que os seus presbitérios decidissem pela subscrição integral ou ampla, conforme a conveniência, ou decisão conciliar regional. Depois, a Assembleia Geral passou a reinterpretar declarações doutrinárias dos Padrões de Westminster que conflitassem com as mudanças da denominação.[1] O próximo passo foi a anulação da obrigatoriedade da subscrição, eliminando a necessidade de penas dos tribunais conciliares, em caso de negação de doutrinas essenciais. E, por último, a PCUSA procurou redefinir-se teologicamente na Confissão de 1967, que representou uma ruptura final com os Padrões de Westminster.[2] Assim, qualquer oficial, ou concílio, poderia assumir crenças e práticas completamente discordantes, sem o risco de sofrer intervenções ou a disciplina eclesiástica.[3]

A IPB “ainda” oficialmente adota a subscrição integral como modalidade de uso de seus Padrões de Fé.[4] Infelizmente estamos seguindo os passos da nossa igreja-mãe, a PCUSA, ao negar o significado original intencionado pelos teólogos da Assembleia de Westminster. Não estamos coerentemente praticando, em nosso concílio maior, a submissão integral aos nossos Padrões de Fé. Um cenário de caos está se criando para a completa negação desta modalidade de subscrição. Cada vez mais são tomadas decisões que diluem, reinterpretam afrouxando, ou alterando o significado original dos nossos documentos doutrinários.

As decisões conciliares somente são legítimas se estiverem de acordo com a nossa confessionalidade, fora disso, é apostasia.

NOTAS:
[1] Um exemplo recente desta prática ocorreu com a reinterpretação da Pergunta 158 do Catecismo Maior de Westminster, em sua Reunião Ordinária do Supremo Concílio de 2018. O ato ocorreu, hermeneuticamente, desprezando o sentido intencional dos autores do texto original, e oferecendo um significado estranho à Pergunta 158, mediante argumentos igualitaristas, sociológicos e pragmáticos para favorecer a pregação feminina. O uso do termo office [ofício, ou ministério] no texto original indica “uma posição ou cargo na igreja, especialmente de caráter público, a que está obrigado a certas tarefas; um cargo de confiança, autoridade ou serviço na igreja.” Chad Van Dixhoorn, “Glossary”: office, in: The Minutes and Papers of the Westminster Assembly 1643 1652 - Introduction (London, Oxford University Press, 2012), vol. 1, p. 237. Veja sobre a tradução - https://www.academia.edu/35814174/Catecismo_Maior_de_Westminster_Perg._Resp._-_158
[2] R. Scott Clark observa que “com a adoção da Confissão de 1967, que suplantou qualquer autoridade remanescente que os Padrões de Westminster ainda tinham até aquele momento, todos os documentos confessionais foram reduzidos, nos segundos votos realizados na ordenação ministerial, como a mera ‘orientação’, a ‘históricas e fiéis testemunhas da palavra de Deus’.” Recovering the Reformed Confession – Our Theology, Piety, and Practice (Phillipsburg, P&R Publishing, 2008), p. 167.
[3] A irreversibilidade do seu desvio confessional continuou ao redefinir, em sua Assembleia Geral de 1972, o entendimento sobre “Lealdade Doutrinária” tornando-a ampla e relativizada. Entretanto, nessa decisão ela também redefine o significado e lugar da Escritura Sagrada como “regra de fé e prática”, nega a sua infalibilidade, oficializa a subscrição ampla, e declara que o ato de submeter-se aos Padrões de Westminster é “na situação atual, muito mais ambíguo, e se ainda pode ser útil dependerá em parte do grau de unanimidade teológica agora desejada pela igreja.” Morton H. Smith, How is the gold become dim – The decline of the Presbyterian Church, U.S., as reflected in its Assembly Actions (Greenville, Southern Presbyterian Press, 3ª edição, 1973), p. 226. Veja também Gary North, Crossed Fingers - How the Liberals Captured the Presbyterian Church (Tyler, Institute for Christian Economics, 1996). Os antigos liberais, os "reformados não-confessionais" e os evangelicais pragmáticos têm algo em comum: eles rejeitam a subscrição integral e qualquer definição doutrinária clara e estrita.
[4] SC-2014 Doc. XL: Quanto ao documento 193 - Consulta para que se envide esforços para melhor definição sobre confessionalidade em nossa Igreja. CONSIDERANDO QUE [...]. O SC/IPB 2014 RESOLVE: 1. Quanto à pergunta “Há diferença nos termos lealdade e fidelidade, como alguns argumentam?”, responder que não há diferença; 2. Quanto à pergunta “O juramento de lealdade aos Símbolos de Fé adotados pela IPB, feito pelos oficiais, se refere a cada capítulo e seção, ao sistema geral, como um todo, tal qual apresentados por eles?”, responder que a reafirmação no momento da ordenação implica na aceitação integral, em todos os seus termos, dos Símbolos de Fé, conforme CI-IPB Artigo 119, parágrafo único; 3. Quanto à pergunta “Qual é o exato significado da expressão ‘fiel exposição do sistema de doutrina’ contido no juramento prestado por todos os oficiais presbiterianos no momento de sua ordenação?”, responder que o significado da expressão “fiel exposição do sistema de doutrina”, significa uma correta interpretação das Escrituras Sagradas, Antigo e Novo Testamento, com uma apresentação sistematizada.

Escrito por Rev. Ewerton B. Tokashiki

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