03 setembro 2006

Os cinco pontos do Calvinismo [1]

O acróstico TULIP que é o mais conhecido esboço do Calvinismo resume os cinco pontos das doutrinas das Igrejas Reformadas. Mas, quem escreveu? Com este artigo histórico inicia uma série de exposições de seis artigos acerca dos cinco pontos do Calvinismo. É claro que existem livros que poderiam comentar estas doutrinas com mais profundidade e vigor, mas deixo minha participação para o conhecimento das doutrinas da graça.[1]

Sabemos que no século XVI a Reforma protestante estava em desenvolvimento e transformando as convicções religiosas em vários países da Europa. A Holanda havia adotado a doutrina reformada, conforme ensinada por João Calvino e os reformadores da Suíça. Em 1618, A Igreja Holandesa endossou como seus símbolos de Fé: a Confissão Belga [escrito por Guy de Brés, em 1561] e o Catecismo de Heidelberg [escrito por Caspar Olevianus e Zacharias Ursinus, em 1563], ambos escritos essencialmente Calvinistas. No início, foram usados apenas como livros de instrução. Mas, ao serem adotados como documentos oficiais de doutrina do Estado holandês, trouxeram muito desconforto para aqueles que advogavam manter a antiga fé Católica, ou, uma postura não Calvinista.

Jacob van Harmazoon (1560-1609), ou como é conhecido por seu nome latinizado Jacobus Arminius, nasceu em Oudewater na Holanda. Primeiro estudou teologia na Universidade Marburg em Leyden (1575-1581), também estudou em Basiléia (1582-1583), e posteriormente na Academia de Genebra na Suíça (1584-1586), onde recebeu aulas do próprio reformador Theodoro Beza, sucessor de João Calvino. Após a morte de Arminius (1609) os seus seguidores, aproximadamente 46 teólogos, se reuniram na cidade de Gouda, e apresentaram um documento chamado Articuli Arminiani sive Remonstrantia [Artigos dos Arminianos, ou Protesto]. Neste documento demonstravam que espécie de teologia estava sendo adotada em protesto à religião oficial do Estado.

Por causa deste incidente a Igreja Holandesa através de um concílio foi obrigada a se declarar com maior clareza acerca destes novos pontos doutrinários ensinados pelos Arminianos. O sínodo reuniu-se na cidade de Dordrecht, em 13 de novembro 1618, até 9 de Maio de 1619. Este concílio foi formado por teólogo reformados não somente holandeses, mas também procedentes de outras partes da Europa. O sínodo holandês confirmou a doutrina Calvinista como sendo a religião oficial do Estado, rejeitou o ensino Arminiano, e redigiram um documento doutrinário conhecido como Cânones de Dort.[2]

Como parte essencial do conteúdo dos Cânones de Dort está o sistema doutrinário conhecido como Calvinismo. Os cinco pontos do Calvinismo são o resumo mais conhecido da cosmovisão reformada.[3] Embora eles não se encontrem expressos nos escritos de João Calvino, pode se dizer, sem erro, que estão inerentemente presentes em todo o seu sistema doutrinário a ponto de terem tomado emprestado o nome do reformador francês. Cremos neste sistema doutrinário, não simplesmente porque Calvino o ensinou, mas porque ele é o claro ensino das Escrituras. Calvino apenas foi muito feliz em sistematizar estas doutrinas com tamanha coerência que o seu impacto tornou-se permanente entre os reformadores até os dias de hoje.

Mas deve ficar claro que a sua riqueza teológica não se limita a este esboço. Esta breve apresentação de seis artigos do Calvinismo deve servir de incentivo para uma pesquisa mais detalhada do seu conteúdo.

[1] Homer C. Hoeksema, The Voice of Our Fathers – An Exposition of the Canons of Dordrecht (Grand Rapids, RFPA, 1980).

[2] Os Cânones de Dort (São Paulo, Editora Cultura Cristã, s/d.).

[3] Para um estudo mais amplo do Calvinismo indico a leitura de Abraham Kuyper, Calvinismo (São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2002).

Rev Ewerton B Tokashiki

Um comentário:

TonMoura disse...

Muito bom o blog, realmente muito instruitivo, vou passar o endereço adiante.