03 outubro 2024

Vote com consciência cristã

O nosso país realizará eleições municipais no próximo domingo. Você poderá exercer um dos seus deveres cívicos escolhendo em quais candidatos votar. Cada pessoa tem a liberdade, de acordo com as suas convicções, de escolher em quem votar. Somos cristãos presbiterianos e, por isso, observamos alguns princípios bíblicos, de modo que a nossa consciência e o nosso testemunho público glorifiquem a Deus. Permita-me apresentar alguns princípios históricos que seguimos, enquanto presbiterianos.

Cremos que há uma relação de equidistância entre Igreja e Estado, onde cada esfera tem a sua autonomia, embora haja alguma interação e, ao mesmo tempo, não interferência direta de uma esfera na outra. A Igreja nunca é um serviço do Estado, nem dependente do poder civil para a sua existência ou atuação. Entretanto, a Igreja tem “a voz profética”, segundo a Escritura, para denunciar, reclamar e declarar a vontade de Deus sobre todas as ações sociais ou falhas do Estado. A cosmovisão bíblica nos leva a entender as prerrogativas, deveres e limites de cada esfera, e que todas as esferas estão debaixo da autoridade de Cristo!

Oramos pelos governantes em todos os três poderes.  Isso não significa que endossamos todas as suas motivações, ideologias ou as ações deles. Obviamente reprovamos a corrupção e desvios de verba pública, rejeitamos ideologias anticristãs ou o favorecimento ilícito e imoral de qualquer grupo. Cremos que o governo civil tem como prioridade promover a boa ordem social, a justiça comum e a segurança pública.

Temos o compromisso da obediência civil. Isso não significa que concordemos com tudo o que o governo, quer municipal, estadual ou federal faça. Enquanto o governo civil agir de acordo com os preceitos bíblicos, somos devedores de obediência; todavia, somos chamados à desobediência civil se em algum momento uma autoridade pública nos impedir de obedecer a Deus, pois, “antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).  O nosso compromisso com o ensino da Escritura Sagrada exige que nos posicionemos contra ideias, práticas e, até mesmo, contra políticos que sejam inimigos do evangelho e da Igreja de Cristo.

O presbiterianismo nunca foi apolítico. Isso não significa que abraçamos a política com uma bandeira partidária ou que cedamos nossos púlpitos à candidatos ou a políticos em exercício de mandato. Rejeitamos essa postura eleitoreira de algumas denominações e líderes eclesiásticos. Defendemos ideias que promovam a liberdade, a propriedade privada, a família, valores morais cristãos, boa ordem social etc.; assim, temos, exercemos e expressamos opiniões políticas que sejam coerentes com nossas doutrinas cristãs. Igualmente, rejeitamos ideias e agendas políticas que vão contra a fé cristã.

Somos chamados a exercer a liberdade de consciência. A nossa consciência e a nossa liberdade são submissas à princípios cristãos. A Confissão de Fé de Westminster declara que

Aqueles que, sob o pretexto de liberdade cristã, cometem qualquer pecado ou toleram qualquer concupiscência, destroem, por isso mesmo, o propósito da liberdade cristã; pelo contrário, sendo livres das mãos de nossos inimigos, sem medo sirvamos ao Senhor em santidade e justiça, diante dele, todos os dias de nossa vida. [CFW 20.3].

 Não impomos um nome ou partido em quem você deve votar. Além de ser criminoso é algo imoral, mas precisamos lembrá-lo do seu compromisso de exercer a cidadania com consistência cristã e fidelidade ao ensino bíblico. Por exemplo, é incoerente orar pela vida e apoiar políticos que seguem uma agenda abortista, orar pela segurança dos nossos filhos e votar em candidatos que, abertamente, defendem a ideologia de gênero, o exercício imoral da sexualidade ou propostas políticas danosas para a família. Se somos cristãos por convicção, igualmente, sejamos em nossa consciência política e em nosso voto. Não se esqueça que “quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme (Pv 29.2).

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