Cremos que há uma relação de equidistância entre Igreja e
Estado, onde cada esfera tem a sua autonomia, embora haja alguma interação e,
ao mesmo tempo, não interferência direta de uma esfera na outra. A Igreja nunca
é um serviço do Estado, nem dependente do poder civil para a sua existência ou
atuação. Entretanto, a Igreja tem “a voz profética”, segundo a Escritura, para
denunciar, reclamar e declarar a vontade de Deus sobre todas as ações sociais
ou falhas do Estado. A cosmovisão bíblica nos leva a entender as prerrogativas,
deveres e limites de cada esfera, e que todas as esferas estão debaixo da
autoridade de Cristo!
Oramos pelos governantes em todos os três poderes. Isso não significa que endossamos todas as
suas motivações, ideologias ou as ações deles. Obviamente reprovamos a
corrupção e desvios de verba pública, rejeitamos ideologias anticristãs ou o favorecimento
ilícito e imoral de qualquer grupo. Cremos que o governo civil tem como
prioridade promover a boa ordem social, a justiça comum e a segurança pública.
Temos o compromisso da obediência civil. Isso não significa
que concordemos com tudo o que o governo, quer municipal, estadual ou federal
faça. Enquanto o governo civil agir de acordo com os preceitos bíblicos, somos
devedores de obediência; todavia, somos chamados à desobediência civil se em algum
momento uma autoridade pública nos impedir de obedecer a Deus, pois, “antes,
importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). O nosso compromisso com o ensino da Escritura
Sagrada exige que nos posicionemos contra ideias, práticas e, até mesmo, contra
políticos que sejam inimigos do evangelho e da Igreja de Cristo.
O presbiterianismo nunca foi apolítico. Isso não significa
que abraçamos a política com uma bandeira partidária ou que cedamos nossos
púlpitos à candidatos ou a políticos em exercício de mandato. Rejeitamos essa
postura eleitoreira de algumas denominações e líderes eclesiásticos. Defendemos
ideias que promovam a liberdade, a propriedade privada, a família, valores
morais cristãos, boa ordem social etc.; assim, temos, exercemos e expressamos opiniões
políticas que sejam coerentes com nossas doutrinas cristãs. Igualmente,
rejeitamos ideias e agendas políticas que vão contra a fé cristã.
Somos chamados a exercer a liberdade de consciência. A nossa consciência e a nossa liberdade são submissas à princípios cristãos. A Confissão de Fé de Westminster declara que
Aqueles que, sob o pretexto de liberdade cristã, cometem qualquer pecado ou toleram qualquer concupiscência, destroem, por isso mesmo, o propósito da liberdade cristã; pelo contrário, sendo livres das mãos de nossos inimigos, sem medo sirvamos ao Senhor em santidade e justiça, diante dele, todos os dias de nossa vida. [CFW 20.3].
Não impomos um nome ou partido em quem você deve votar. Além de ser criminoso é algo imoral, mas precisamos lembrá-lo do seu compromisso de exercer a cidadania com consistência cristã e fidelidade ao ensino bíblico. Por exemplo, é incoerente orar pela vida e apoiar políticos que seguem uma agenda abortista, orar pela segurança dos nossos filhos e votar em candidatos que, abertamente, defendem a ideologia de gênero, o exercício imoral da sexualidade ou propostas políticas danosas para a família. Se somos cristãos por convicção, igualmente, sejamos em nossa consciência política e em nosso voto. Não se esqueça que “quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas quando o ímpio domina, o povo geme” (Pv 29.2).
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