16 março 2014

Os sistemas políticos e a ética cristã

Escrito por Francisco Lacueva

A fé cristã não está ligada a nenhum sistema político, e o crente é livre para simpatizar, aderir, votar, etc. a favor de qualquer partido ou sistema político que salvaguarde o conceito de autoridade, a liberdade e dignidade da pessoa humana e permita a confissão e testemunho público das crenças religiosas dos cidadãos. Há dois sistemas extremos que atentam contra estes princípios: o totalitarismo e o anarquismo.

1. O totalitarismo, ou seja, o fascista, nazista ou marxista, impõe de cima pra baixo uma única classe de filosofia de vida em todas as esferas sociais, perdendo a dignidade e liberdade da pessoa e absorvendo o controle total de todos os aspectos que afetam a vida social, incluindo o religioso. Um crente não pode admitir isto, e tem que repetir o que Pedro disse diante o Sinédrio (At 5:29).

2. O anarquismo, como o seu nome indica, se apõe a toda autoridade, o qual é igualmente inadmissível para todo crente. Paulo disse claramente: “de modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Rm 13:2). Um terceiro sistema pode ser admitido.

3. A democracia que pode definir-se como “o governo do povo pelo povo e para o povo.” É um sistema que dá liberdade ao homem para seguir e expressar as suas convicções pessoais, e no que o povo tem nos organismos legislativo e administrativos do Estado como uma única representação. Contudo, esta democracia pode reverter de diversas formas (orgânica e inorgânica, socializante ou liberalizante, etc.) e implementada depende de muitos fatores étnicos e culturais. Permita-nos somente duas observações que afeta ao terreno ético em que nos movemos:
3.1. Os crentes podem e devem acatar e obedecer, em tudo o que não seja contra a sua consciência de cristãos, às autoridades de qualquer sistema político.
3.2. Estão no direito e dever de promover pacificamente um estado de coisas em que melhor se salvaguardem a verdade, a justiça e a liberdade. Em princípio diríamos que o melhor sistema político é a democracia pura, mas não se esqueça de que a democracia, como a liberdade, tem que merecê-las. A capacidade de convivência livre e democrática está em proporção direta com a educação social e política, assim como com a maturidade cultural, psíquica e moral (honestidade cívica) dos cidadãos. A responsabilidade desta educação cívica e política para tal democracia não incumbe somente aos indivíduos, mas principalmente aos governos e aos órgãos de formação e informação. O que não forma, o que não informa as mentes dos cidadãos com respeito aos valores da verdade, bem, justiça, etc., é eticamente mal. Vale a pena advertir algo de suma importância para um crente: o cristão tem direito de manter e expressar as suas opiniões políticas, mas, nunca deve entrar no debate político como crente, e sim como cidadão; do contrário, introduzirá na fé (na igreja), que é o fator de unidade, um elemento de divisão. Isto afeta especialmente aos ministros do Senhor, ou lideres de movimentos religiosos.


Extraído de Francisco Lacueva, Ética Cristiana – Curso de Formación Teológica Evangélica (Barcelona, Editorial CLIE, 1993), pp. 212-214.

Traduzido em 15 de Março de 2014.
Rev. Ewerton B. Tokashiki
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Porto Velho
Professor de Teologia Sistemática no SPBC-RO.

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