12 março 2014

Repressão política e religiosa

Durante os seus 71 anos de vida como uma ideologia política dominante o comunismo propagou por todo o mundo o ateísmo, frequentemente unido à repressão política ativa. Durante 1988-1991, antes da abolição do Partido Comunista Soviético, Mikhail Sergeyevich Gorbachev (1931- ) fomentou sua cooperação ativa com a religião, o qual produziu mudanças em todas as esferas.

Lenin (1870-1924) citou a Marx como sua justificação para perseguir a religião, iniciando um ataque frontal contra o clero. Sob Stalin (1879-1953) o ataque se tornou mais sistemático, incluindo a destruição de milhares de igrejas, monastérios, mesquitas e sinagogas. Somente durante a Segunda Guerra Mundial cessaram a perseguição. Stalin fomentou a reabertura das igrejas para oferecer apoio moral no momento em que a catástrofe pairava sobre o mundo.

Ao final da guerra, a União Soviética mediante conquista adquiriu novas áreas além de suas fronteiras ocidentais, áreas contra as quais Stalin dirigiu uma nova onda de represálias, como fez contra os estados satélite da Europa central e oriental. Julgou os lideres católicos, protestantes e ortodoxos que foram invariavelmente condenados e alguns deles executados. A República Democrática Alemã foi a única que se livrou deste flagelo, todavia, exigiu-se aos líderes religiosos que contribuíssem com o processo de reconstrução nacional.

Os novos regimes comunistas da China, Coréia do Norte, Vietnã do Norte, Camboja, e eventualmente Cuba e (mais tarde) Etiopia, consideraram a perseguição religiosa um pré-requisito para se estabelecer um sistema político revolucionário.

Todavia, após a morte de Stalin, os países do bloco soviético começaram a desenvolver os seus próprios “caminhos para o socialismo”, os quais na prática significaram uma assimilação da religião. Em 1956, a denúncia de Stalin fez de Nikita S. Khrushchev (1894-1971) provocou a liberação de muitos prisioneiros políticos e em muitos países passaram os piores dias de perseguição. A União Soviética foi uma exceção, porque Khrushchev voltou a fechar muitas igrejas. O encarceramento daqueles que resistiam à perseguição aguçou um movimento de oposição no qual os batistas tiveram uma grande influência. A sua exigência central era a liberdade religiosa, que finalmente foi garantida sob a nova lei de 1990.

A Albânia foi o único país na história mundial que aboliu toda manifestação religiosa (1967), política que deixou de existir em 1991. Também a China e Coréia do Norte deram sinais de flexibilidade.

Em todos os países comunistas a campanha de erradicar a religião fracassou por completo. Na Polônia o crescimento do catolicismo, sobretudo, como força política após a eleição de 1978 do Papa João Paulo II (1920-), que conduziu a desestabilização num grau suficiente para minar o sistema comunista na Europa central e do leste. Na União Soviética, desde os anos 60, foi aumentando o desejo de descobrir um ideal cristão que substituísse a desacreditada moral do comunismo, e a Igreja Ortodoxa Russa reapareceu ao final para julgar um papel importante na sociedade.

Existem muitos outros lugares do mundo que praticam formas de discriminação religiosa, sobretudo, nos dominados pelo fundamentalismo islâmico. A atividade cristã está restringida, ainda que não seja ilegal em Israel. Há muitos países onde a motivação cristã tem levado a uma atividade política que o regime persegue: alguns países da América Latina, Malawi e, mais especialmente (até em recentes mudanças) no sul da África.


Extraído de M.A. Bourdeaux, “Represión Política” in: David J. Atkinson, Diccionario de Ética Cristiana y Teología Pastoral (Barcelona, Editorial CLIE & Publicaciones Andamio, 2004), pp. 995.
O autor: M.A. Bourdeaux, B.D., M.A., diretor do Keston Institute, Oxford, Inglaterra.
Traduzido em 12 de Março de 2014.

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