por Keith Mathison
1. A doutrina da Trindade é uma das doutrinas mais
fundamentais do cristianismo. A doutrina cristã de Deus é a doutrina da Trindade, e a
doutrina cristã de Deus é fundamental para todas as outras doutrinas cristãs.
Não há doutrina das Escrituras (bibliologia) separada da doutrina de Deus
porque as Escrituras são a Palavra de Deus. Os seres humanos são criados à
imagem de Deus. O pecado é a rebelião contra a lei de Deus. A soteriologia é a
doutrina que tem a ver com a obra redentora de Deus. A igreja é o povo de Deus.
A escatologia tem a ver com os objetivos e planos finais de Deus.
2. A doutrina da Trindade não foi inventada no Concílio de
Nicéia. Há um mito popular hoje de que a doutrina da Trindade foi
inventada no século IV no Concílio de Nicéia. Isso não é verdade. Nos primeiros
séculos da igreja, os cristãos já ensinavam as doutrinas fundamentais que
encontravam nas Escrituras. As Escrituras ensinam que há um — e somente um —
Deus. As Escrituras também ensinam que o Pai é Deus. As Escrituras ensinam que
o Filho é Deus e que o Espírito Santo é Deus. Além disso, as Escrituras ensinam
que o Pai não é o Filho ou o Espírito, que o Filho não é o Pai ou o Espírito, e
que o Espírito não é o Pai ou o Filho. Qualquer um que sustentasse essas
proposições básicas das Escrituras sustentava os fundamentos da doutrina da
Trindade. Ao longo dos séculos, surgiram aqueles cujos ensinos negavam ou
distorciam um ou mais desses ensinos bíblicos. O Concílio de Nicéia foi chamado
para responder a um desses ensinos — a doutrina de Ário, que negou que o Filho
é Deus. O Credo Niceno forneceu limites para garantir que a igreja ensinasse
tudo o que as Escrituras afirmam.
3. A doutrina da Trindade não é totalmente compreensível às mentes humanas. A doutrina da Trindade, juntamente com a doutrina da
encarnação, é um dos grandes mistérios da fé cristã. Isso significa que ela
excede a capacidade das mentes humanas finitas de compreender completamente. Se
tratarmos a doutrina da Trindade como um tipo de quebra-cabeça matemático,
exigindo apenas a quantidade certa de engenhosidade para resolver,
inevitavelmente cairemos em uma heresia ou outra. A doutrina da Trindade não é
um cubo mágico. Não há nada na criação que seja uma analogia precisa à doutrina
da Trindade.
4. As analogias trinitárias mais populares são enganosas na
melhor das hipóteses e heréticas na pior. Por não haver nada na criação que
seja uma analogia precisa à doutrina da Trindade, as analogias trinitárias mais
populares são enganosas na melhor das hipóteses e heréticas na pior. A maioria
acaba sugerindo que as três pessoas da Trindade são três partes de Deus (por
exemplo, a analogia do trevo; ou a analogia da casca do ovo, gema e clara do
ovo), ou que são três modos ou papéis de um Deus unitário (por exemplo, as
"máscaras" do Pai, Filho e Espírito; ou as analogias da água, gelo e
vapor). Na melhor das hipóteses, algumas analogias talvez sejam capazes de
ilustrar um certo aspecto da doutrina da Trindade, mas todas elas tendem a
negar um ou mais elementos do ensino bíblico.
5. Mal-entendidos sobre quem é Jesus tendem a levar a
mal-entendidos sobre a doutrina da Trindade. Na encarnação, a segunda Pessoa da
Trindade, o Filho, assumiu uma natureza humana, que está unida à natureza
divina. A natureza humana inclui seu corpo e Sua alma. Isso significa que o
Senhor Jesus Cristo é Deus encarnado. Ele é uma Pessoa com duas naturezas, e
essas duas naturezas estão unidas na única Pessoa do Filho sem confusão,
mudança, divisão ou separação. Uma vez que ambas as naturezas são suas
naturezas, tudo o que é verdadeiro de qualquer natureza é declarado dele, o
único Senhor Jesus Cristo. No entanto, algumas coisas são afirmadas dele de
acordo com sua natureza divina (por exemplo, ser o Criador do mundo) e outras
são ditas Dele de acordo com Sua natureza humana (por exemplo, ficar com fome
ou sede). Se confundirmos as naturezas divina e humana de Cristo, isso
distorcerá facilmente nossa doutrina da Trindade, porque leremos atributos
humanos em Deus. Por exemplo, a Bíblia ensina que Deus é imortal (1Tm 6.15–16).
Em outras palavras, Deus não pode morrer. Mas não cremos que Jesus é Deus? E
Jesus não morreu na cruz? Sim, Ele morreu, e Ele o fez de acordo com sua
natureza humana. Um humano pode morrer. Um humano pode sofrer. Um humano pode
mudar. Jesus fez tudo isso em Sua natureza humana, mas não podemos transferir
esses atributos humanos para a natureza divina. A natureza divina não pode
morrer, mudar ou sofrer. Da mesma forma, Cristo submeteu perfeitamente sua
vontade humana à vontade divina de Deus, mas isso não significa que a vontade
divina do Filho foi submetida à vontade divina do Pai. Por que não? Porque há
apenas uma vontade divina. A vontade divina do Filho é a mesma vontade divina
que a do Pai porque o Filho é Deus assim como o Pai é Deus. Para usar a
linguagem do Credo Niceno, o Filho é homoousios com o Pai. Se a vontade divina
do Filho é submetida à vontade divina do Pai, não temos mais a Trindade, o resultado
é politeísmo.
Extraído DAQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário