23 setembro 2006

A Consciência Política do Cristão

Nós sabemos que a política no Brasil não anda bem. São muitos os escândalos e falcatruas que enojam os cidadãos de bem. Mas também sabemos que como cristãos, estamos inseridos neste mundo, com a responsabilidade de participar na construção de um país melhor. Gostaria de meditar sobre alguns aspectos que podem tornar o cristão mais atuante e consciente com sua responsabilidade política, sendo simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes.

Primeiramente, quero falar sobre respeito. Há uma crise de respeito em nossa sociedade. Basta olhar para os telefones públicos quebrados, pichações e outros atos de vandalismo que demonstram isso. Infelizmente, tal desrespeito também acontece com os nossos governantes. Fazemos críticas, ironias, piadas e maledicências. Sabemos que muitos governantes dão munição para isso. Mas este não é o caminho. Textos como Romanos 13, 1ª Pedro 2 nos esclarecem que nós devemos nos sujeitar às autoridades. E, ainda, toda autoridade foi instituída por Deus. 1ª Timóteo 2.1, 2 nos diz que além da submissão e da honra que devemos aos nossos governantes, temos que orar por eles. Lembremos que Deus é soberano. E seria incoerente crer na soberania de Deus e ridicularizar uma autoridade instituída por ele. Isso mina os alicerces da autoridade em nosso país. Nossos filhos imitarão nosso procedimento. E onde isso vai parar? Mesmo discordando dessas autoridades, devemos respeito a elas.

Quero discorrer agora sobre a crítica. É lícito ao cristão criticar seus governantes? Haveria incoerência entre respeita-los e critica-los? De maneira alguma. Quando governantes agem por conta própria, ou em causa própria, temos o direito e o dever de criticá-los. Lembremos que eles são nossos representantes, e não de seus próprios interesses. A Bíblia está repleta de exemplos de servos de Deus que não aceitaram atitudes de seus governantes e se opuseram a eles (Dn. 3.1-18; 6.6-10; Atos 4.18-21). Como devemos fazer nossas críticas aos governantes? Primeiramente, devemos nos lembrar que a crítica deve ser construtiva, justa e relevante, que vise o bem comum. Podemos expressar nossa reclamação ao nosso representante através de cartas, fax, telegrama, emails, audiência pessoal, entre outros modos. Quando se tratar de vereadores, podemos expor-lhes nosso pensamento pessoalmente, além de lhes sugerir projetos. Não basta só votar, nosso representante deve saber que estamos atentos. A igreja como instituição também pode fazer pronunciamentos ao Presidente da República, senadores, deputados, etc., colocando sua posição em relação a algum assunto que estejaem pauta nas esferas governamentais.

Por último quero falar sobre a participação do cristão diretamente na política. Observamos dois extremos: de um lado pessoas que aceitam qualquer político e suas ações sem nenhum critério; de outro lado pessoas que não se envolvem em política. Devemos nos lembrar que política é questão de cidadania. Como agentes do Reino não podemos ficar indiferentes a ela. Devemos agir politicamente. O que isso significa? Não é agir com “politicagem”, que é uma má utilização de algo bom. Como cidadãos, é necessário termos uma visão dos problemas que nos cercam: água, luz, esgoto, asfalto, etc. Temos que buscar soluções para eles seja através da ação de uma associação de bairros, associação de pais e mestres e outros organismosque sejam lícitos. E quando um cristão quer se envolver integralmente na política, concorrer a um mandato público? Gostaria de alistar alguns critérios que eu acho indispensáveis: compromisso profundo com Deus; testemunho de vida impecável; sabedoria extraída da Palavra de Deus; ser excelente administrador; ter vocação; procurar partidos que tenham princípios e práticas de acordo com as Escrituras; procurar se preparar para o cargo através de leituras, estudos e cursos; preocupação real com o povo; entender a política como um ministério dado por Deus, aproveitando suaposição para evangelização.

É hora de orarmos e assumirmos uma posição cristã frente aquilo que não concordamos, que achamos que não é a vontade de Deus. Se só nos lamentarmos, quem fará a política serão os maus evangélicos e homens descompromissados com a verdade de Deus. Se acordarmos e assumirmos isso também como um mandato de Deus, surgirão do nosso meio homens e mulheres compromissados com a verdade, levando uma verdadeira transformação no cenário político de nossa nação.

Rev. Baltazar Lopes Fernandes

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