25 fevereiro 2011

Orando por missões em Jo 17

Este artigo oferece algumas instruções para a intercessão pela obra missionária à luz da oração do Senhor Jesus registrada em Jo 17. É necessário entendermos como o nosso redentor orou pelos que Ele veio salvar, e nós, sendo um com Ele não podemos mudar a direção da nossa oração pelos que serão alcançados.

ESTRUTURA DE JO 17[1]
1. A oração pela glória do Filho que pode dar vida aqueles que lhe foram dados (vs. 1-5).
2. Razão para orar por eles (6-11a).
3. Oração para que eles sejam preservados (11b-16).
4. Oração para eles sejam consagrados com Jesus (17-19).
5. Oração para que todos os crentes sejam um (20-23).
6. Oração para que os crentes sejam perfeitos na glória de Jesus (24-26).

COMENTÁRIO
A oração sacerdotal de Cristo estabelece o modo como devemos orar pela salvação dos eleitos do Pai. William Hendriksen comenta que “esta oração seria um modelo para as nossas orações? Num certo sentido sim; por exemplo, esta oração indica que a glória de Deus deveria ser o propósito de nossas petições; assim, ela apresenta que deveríamos orar não somente por nós, mas também pelos outros”.[2] Interceder por aqueles que serão salvos é um ato de glorificar a Deus, bem como um meio de nos preparar para a obra missionária. Orar pelos que ainda não foram salvos é exercer a misericórdia de Deus pelos que Ele ama, e depender da direção do Senhor para alcançá-los com o evangelho de Jesus Cristo.

A intercessão missionária requer que Cristo seja glorificado (vs. 1-5). A igreja não deve pregar a si mesma. O conteúdo da mensagem não é a sua identidade institucional, litúrgica, assistencial, ou histórica, porque ela não é testemunha de si, mas de Cristo. O Pai glorificou o Filho, e a igreja deve reconhecer e submeter-se ao senhorio de Cristo e glorificá-lo, bem como pregar o seu evangelho. A pregação da Palavra de Deus deve ser com consagração pela verdade (vs. 14-19).[3] A verdade não somente livra do erro, mas também santifica os crentes, e lhes concede autoridade na pregação.

Em nossas orações devemos manifestar o nome do Pai ao mundo (vs. 6-7). Tudo o que recebemos de Cristo vem do Pai. Anunciar a Jesus implica falar do que o Pai tem graciosamente reservado aos seus amados. O ensino de Cristo é a palavra revelada do Pai, e ao mesmo tempo revela o Pai, e o seu amor.

A comunhão de Cristo com o Pai é o paradigma para a comunhão da igreja (vs. 9-13). Existe uma reciprocidade do amor na comunhão entre o Pai e o Filho e os crentes. Hendriksen observa[4] que:
1. Estrutura
Eu (o Filho) amo a ti (o Pai)
Tu (o Pai) me ama
Eles (crentes) me amam

2. Estrutura
Eu (o Filho) os amo (os crentes)
Tu (o Pai) os ama
Eles (crentes) amam a ti

Esta relação indica que o resultado da obra missionária será eficaz por causa do amor de Cristo (vs. 20-23). Sem a prática da comunhão diminuirá a força missionária da igreja, porque o mundo não visualizará o testemunho do amor de Deus que deve ser evidente na vida dos crentes, no uns para com os outros, refletindo o amor de Cristo pelo Pai e por eles. A omissão da reciprocidade da comunhão nega este amor salvador, de modo que a pregação soa hipócrita.

NOTAS:
[1] John G.R. Beasley-Murray, John in: Word Biblical Commentary (Waco, Word Books, 1987), vol. 36, págs. 295-296.
[2] William Hendriksen, John in: New Testament Commentary (Grand Rapids, Baker Book House, 1996), pág. 347.
[3] O título que Beasley-Murray coloca no título deste capítulo é sugestivamente “A Oração de Consagração” veja John G.R. Beasley-Murray, John in: Word Biblical Commentary, vol. 36, pág. 291.
[4] William Hendriksen, John in: New Testament Commentary, pág. 371.

Rev Ewerton B. Tokashiki