05 março 2013

Bibliografia para estudo da Confissão de Fé de Westminster



Se você quiser estudar o contexto histórico e a estrutura teológica da Confissão de Fé de Westminster permita-me sugerir alguns livros que são indispensáveis para uma pesquisa proveitosa.

1. Clark, Gordon H., What do Presbyterians believe? (Unicoi, The Trinity Foundation, 2001).
2. Clark, R. Scott, Recovering the Reformed Confession – Our Theology, Piety and Practive (P&R Publishing, Phillipsurg, 2008).
3. Cunningham, William, Historical Theology (Still Waters Revival Books, 1991), vol. 2.
4. Dennison, Jr., James T., org., Reformed Confessions of the 16th and 17th Centuries in English Translation – 1523-1552 (Grand Rapids, Reformation Heritage Books, 2008), vol. 1.
5. ______________________ , Reformed Confessions of the 16th and 17th Centuries in English Translation – 1552-1566 (Grand Rapids, Reformation Heritage Books, 2010), vol. 2.
6. Dickson, David, Truth’s victory over error – a commentary on the Westminster Confession of Faith (Edinburgh, The Banner of Truth, 2007).
7. Hall, David W., ed., The Practice of Confessional Subscription (Oak Ridge, Covenant Foundation, 2001).
8. Hetherington, William M., History of the Westminster Assembly of Divines (Elgin, Puritan Publications, 2006).
9. Hodge, A.A., Confissão de Fé de Westminster Comentada (São Paulo, Editora Os Puritanos, 1999).
10. González, L., Visão Panorâmica da História da Igreja (São Paulo, Ed. Vida Nova, 1998).
11. Gillespie, George, The Works of George Gillespie (AB Canada: Still Waters Revival Books, 1991), vol. 2.
12. Kerr, Guilherme, A Assembleia de Westminster (São José dos Campos, Editora Fiel, 1992),
13. Kidd, B.J., Documents illustrative of the continental Reformation (Eugene, Wipf & Stock, 2004).
14. Lane, Tony, Pensamento Cristão – Da Reforma à Modernidade (São Paulo, Press Abba, 1999), vol. 2.
15. Letham, Robert, The Westminster Assembly – Reading its Theology in Historical Context (Phillipsburg, P&R Publishing, 2009).
16. Murray, Iain H., The Reformation of the Church – a collection of reformed and puritan documents on Church issues (Edinburgh, The Banner of Truth, 1997).
17. Schaff, Philip, The Creeds of Christendom (Grand Rapids, Baker Books, 2007), 3 vols.
18. Simões, Ulisses H., A subscrição confessional – necessidade, relevância e extensão (Belo Horizonte, Efrata Publicações, 2002).
19. Shaw, Robert, The Reformed Faith – an exposition of the Westminster Confession of Faith (Inverness, Christian Focus Publications, 1973).
20. Smith, Morton H., The case for full subscription to the Westminster Standards in the Presbyterian Church in America (Greenville, GPTS Press, 1992).
21. Spear, Wayne, Faith of our fathers – a commentary on the Westminster Confession of Faith (Pittsburgh, Crown & Covenant Publications, 2006).
22. Warfield, B.B., Studies in Theology in: The Works of. B.B. Warfield (Grand Rapids, Baker Book, 2003), vol. 9.
23. __________ , The Westminster Assembly and its work in: The Works of B.B. Warfield (Grand Rapids, Baker Book, 2003), vol. 6.

04 março 2013

O cessacionismo da Confissão de Fé de Westminster



Ainda fico surpreso quando vejo pastores e demais oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil esboçando a dúvida que não sabem se a Confissão de Fé de Westminster é cessacionista, ou não! Espanta-me mais ainda quando ouço, ou leio, alguns declarando que ela não é! Por esse motivo publico aqui, um texto breve, simples, mas que creio ser suficiente para esclarecer o assunto.

Permitam-me declarar com letras grandes: A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER É INCONTESTEMENTE CESSACIONISTA. O especialista em história da teologia Garnet H. Milne argumentou que “uma análise dos teólogos de Westminster revela o seu completo compromisso com um cessacionismo de um tipo bastante abrangente.”[1] Eles afirmaram que “a possibilidade de mais revelações cessou, ambos com o propósito de visão doutrinária e para orientação ética.”[2] Assim, “inspiradas mensagens do céu com o propósito de abrir o sentido da Escritura, para garantia da redenção pessoal, ou para qualquer outra finalidade, foram consideradas como não sendo mais possíveis.”[3] Após detalhado estudo histórico sobre o assunto Milne nos oferece a conclusão com citações de vários tratados e trechos de sermões que expressam o que os puritanos que participaram da Assembleia de Westminster criam acerca deste assunto. Nenhum deles poderia ser classificado como continuísta ou restauracionista. Por causa do propósito limitado do artigo não reproduzirei as citas, assim, recomendo que adquira um exemplar do livro.

Estruturalmente falando, o contexto histórico em que os teólogos de Westminster viviam exigia uma resposta a dois grupos. Eles lutavam contra as doutrinas católicas, de um lado, e os desvios de um forte partido de entusiastas anabatistas, de outro. Derek Thomas esclarece que
duas questões estão por detrás desta afirmação: primeiro, a posição de Roma em reclamar a autoridade da Igreja em matéria de fé e vida; segundo, a tendência dos anabatistas de citar novas revelações do Espírito como algo normativo da fé e comportamento cristãos. A implicação desta afirmação para o fenômeno carismático moderno dificilmente poderia ser mais relevante. Reivindicações de revelações diretas e imediatas do Espírito não têm lugar no pensamento dos teólogos de Westminster.[4]

Os divines de Westminster rejeitaram enfaticamente as supostas experiências místicas que os romanistas usavam para validar algumas práticas estranhas à Escritura, bem como respaldo para beatificar ou canonizar alguém. Por outro lado, a ala dos entusiastas dentre os anabatistas foram primeiramente rejeitados por João Calvino no livro I de suas Institutas, e agora confessionalmente um século depois.

Repito que a CFW é cessacionista. E, isto pode ser comprovado com base em três preposições extraídas de seu primeiro capítulo:
1. A cessação da revelação especial pelos antigos modos – CFW I.1
2. A declaração da suficiência das Escrituras: “nada se acrescentará” – CFW I.6
3. O Espírito Santo fala por meio da Escritura Sagrada – CFW I.10

Por implicação podemos verificar que:

1. A cessação da revelação especial pelos antigos modos – CFW I.1

O texto original da CFW declara que a fonte de todo o conhecimento de Deus, das suas obras e, da sua vontade na história da redenção se registra na Escritura Sagrada. A CFW I.1 inicia afirmando a insuficiência da revelação geral para o conhecimento salvador, menciona a revelação progressivamente comunicada e a preservação da revelação especial pelo seu registro inspirado, culminando na solene declaração de que este processo revelacional cessou com o fechamento do cânon das Escrituras.
Embora à luz da natureza, e das obras da criação e da providência, de tal modo, a manifestar a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, a ponto de deixar todos os homens indesculpáveis (Rm 2:1, 14-15; 1:19-20, 32; Sl 19:1-3), ainda assim, [esta luz da revelação geral] não é suficiente para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade, que é necessário para a salvação (1 Co 1:21, 2:13-14). Por isso, o Senhor serviu-se, em diversos tempos e de diversas maneiras, revelar-se, e declarar aquela sua vontade para a sua Igreja (Hb 1:1), e, depois para a melhor preservação e propagação da verdade, e para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, a fez escrevê-la (Pv 22:19-20;. Lc 1:3-4; Rm 15:04; Mt 4:4,7,10; Is 8:19-20); o que torna a Sagrada Escritura para ser mais necessário (2 Tm 3:15, 2 Pe 1:19); e, aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo, cessaram (Hb 1:1-2).

2. A declaração da suficiência das Escrituras: “nada se acrescentará” – CFW I.6

O argumento em favor do princípio Sola Scriptura no primeiro capítulo da CFW é fundamentado de modo duplo. Primeiro, é declarado que cessaram os antigos modos de Deus revelar, porque a Escritura é o processo final da revelação de modo completo. Agora a ideia se complementa afirmando que nada deve ser acrescentado à Escritura Sagrada por causa da sua suficiência. A CFW I.6 declara que
Todo o conselho de Deus, concernente a todas as coisas indispensáveis à sua glória, à salvação, fé e vida do ser humano, ou está expressamente registrado na Escritura, ou pode ser lógica e claramente deduzido dela; à qual nada, e em tempo algum, se acrescentará, seja por novas revelações do Espírito, seja por tradições humanas. Não obstante, reconhecem ser indispensável à iluminação interior do Espírito de Deus para o salvífico discernimento de tais coisas como se encontram reveladas na Palavra; e que há certas circunstâncias concernentes ao culto divino e ao governo da Igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e da prudência cristã, segundo as regras gerais da Palavra, as quais sempre devem ser observadas.

É necessário observar que os teólogos da Assembleia de Westminster não se referiam a um acréscimo textual nas Escrituras. Em CFW I.6 eles não se referiram a uma continuação da escrita de novos livros, porque esta possibilidade eles negaram em CFW I.1. Agora eles condenavam qualquer ensino que insinuasse a insuficiência da autoridade da Escritura, ou a tentativa de oferecer ou promover outra fonte além de autoridade além das Escrituras. A conclusão segue que é algo reprovado acrescentar lado a lado da Escritura novas revelações ou tradições humanas.

3. O Espírito Santo fala por meio da Escritura Sagrada – CFW I.10
O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura (Mt 22:29, 31; At 28:25; Gl 1:10).

Os teólogos de Westminster concluíram que cessaram as novas comunicações da revelação especial como também os seus agentes e os seus modos. Deus fala somente através da Escritura Sagrada. Não há dúvidas de que a Confissão de Fé de Westminster adota a posição cessacionista quanto à revelação especial. Assim, negar que a posição oficial adotada majoritariamente pelos que escreveram os Padrões de Westminster não é cessacionista seria equivalente que duvidar do seu Calvinismo e Presbiterianismo, como doutrinas essenciais nela contido.

FONTES:
[1] Garnet H. Milne, The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation – Studies in Christian History and Thought (Eugene, Wipf & Stock, 2008), p. 145.
[2] Garnet H. Milne, The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation – Studies in Christian History and Thought, p. 145.
[3] Garnet H. Milne, The Westminster Confession of Faith and the Cessation of Special Revelation – Studies in Christian History and Thought, p. 123.
[4] Derek Thomas, A visão puritana das Escrituras – uma análise do capítulo de abertura da Confissão de Fé de Westminster (São Paulo, Editora Os Puritanos, 1998), p. 20.
[5] Ofereço aqui uma tradução mais literal, comparado ao texto publicado pela Editora Cultura Cristã. O texto original: Chapter I. Of the Holy Scripture. 1. Although the light of nature, and the works of creation and providence, do so far manifest the goodness, wisdom, and power of God, as to leave men (8) inexcusable;a yet (9) are they not sufficient to give that knowledge of God, and of his will, which is necessary unto salvation;b therefore it pleased the Lord, at sundry times, and in divers manners, to reveal himself, and to declare that his will unto his Church;c and afterwards, for the better preserving and propagating of the truth, and for the more sure establishment and comfort of the Church against the corruption of the flesh, and the malice of Satan and of the world, to commit the same wholly unto writing;d which maketh the holy Scripture to be most necessary;e those former ways of God's revealing his will unto his people being now ceased.f [a. Psa 19:1-3; Rom 1:19-20; 1:32 with 2:1; 2:14-15. • b. 1 Cor 1:21; 2:13-14. • c. Heb 1:1. • d. Prov 22:19-21; Isa 8:19-20; Mat 4:4, 7, 10; Luke 1:3-4; Rom 15:4. • e. 2 Tim 3:15; 2 Pet 1:19. • f. Heb 1:1-2].