16 novembro 2011

A base teológica do presbiterianismo

O sistema de governo presbiteriano significa que somos regidos pelos presbíteros. Não somos congregacionais (onde todos decidem pelo voto direto), nem episcopais (onde apenas um superior decide sobre os demais), mas somos uma igreja democrática que é representada pelos presbíteros escolhidos pela igreja local e, que a governa. Segue abaixo os princípios do nosso sistema de governo:[1]

1. Cristo é a cabeça da sua Igreja e a fonte de toda a sua autoridade. Esta autoridade encontra-se escrita na Escritura, de modo que, todos têm acesso ao seu conhecimento.

2. Todos os crentes devem estar unidos entre si e ligados diretamente a Cristo, assim como os diversos membros de um corpo, que se subordinam à direção da cabeça.

3. Cristo exerce a sua autoridade em sua Igreja, por meio da Palavra de Deus e do seu Espírito.

4. O próprio Cristo determinou a natureza do governo de sua Igreja.

5. Cristo dotou tanto a membros comuns como aos oficiais da sua Igreja com autoridade, sendo que os oficiais receberam adicional autoridade, como é requisito para realização dos seus respectivos deveres.

6. Cristo estabeleceu apóstolos como os seus substitutos, entretanto, eram de caráter transitório. O ofício de apóstolo cessou, mas a sua autoridade é preservada pelos seus escritos, isto é, o Novo Testamento.

7. Cristo providenciou para o específico exercício da autoridade por meio de representantes (os presbíteros), a quem separou para a preservação da doutrina, adoração e disciplina na Igreja. Os presbíteros têm a responsabilidade permanente de pastorear a Igreja de Cristo.

8. A pluralidade de presbíteros numa igreja local é a liderança permanente até a segunda vinda de Cristo.

NOTA:
[1] Adaptado de Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith, (Nashville, Thomas Nelson Publishers, 2ªed.rev., 1997) pp. 902-903.

06 novembro 2011

Presbíteros devem ser irrepreensíveis


O presbítero é um episcopos, isto é, um supervisor do rebanho de Deus. Ele tem a responsabilidade de supervisionar interna e externamente a comunidade que está sob os seus cuidados. A sua supervisão tem uma natureza interna porque ele precisa olhar entre as ovelhas como elas estão, e como se comportam, e se estão saudáveis espiritual, moral e doutrinariamente. Ele deve se informar se as famílias sob o seu pastoreio estão vivendo de acordo com a Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, ele tem o dever de supervisionar externamente contra os lobos, os falsos mestres e alertar o rebanho contra todo falso profeta, bem como os ventos de doutrina que se aproximam do seu redil. Para exercer o seu chamado, o presbítero necessita de autoridade, senão, as ovelhas sob o seu cuidado não lhe darão ouvidos e correrão o risco de dispersar ou de serem dissipadas pelo perigo externo. Por não terem uma referência saudável, elas tenderão ao mundanismo.

Esta sublime tarefa exige que o supervisor seja de caráter irrepreensível, ele precisa ser livre de acusações dos seus adversários. A palavra no grego é anepílémptos que significa não exposto ao ataque, ou seja, ele não pode ser merecedor de censura. Samuel Miller alerta que

talvez não exista na sociedade humana situação que reclame mais imperiosamente por delicadeza, precaução, reserva, e a mais vigilante discrição, do que a de um governante eclesiástico.[1]

O presbítero não pode armar os seus inimigos com argumentos que venham usar contra ele. Como supervisor, ele deve primeiramente ser vigilante com os seus impulsos pecaminosos, para que não seja reprovado, no que precisa ser referência.

Isto não significa que ele seja perfeito, ou infalível, ou que não peque mais. Ele ainda luta contra a sua velha natureza, e é consciente de suas limitações. Mas o que está em evidência em sua vida é o seu compromisso com Cristo, a sua maturidade, uma vida de transformação, o seu amor pelo Redentor está em relevo. Ele é padrão para os jovens e novos convertidos, de modo que todo o rebanho o tenha como referência ética e firmeza doutrinária. A sua vida não pode de modo algum ser caracterizada pela necessidade de contínuas repreensões, de modo que todos percebam que ele não pode ser exemplo, nem representante do rebanho de Cristo. Se nele não está em evidência as virtudes de Cristo, então, ele não pode conduzir, nem supervisionar as ovelhas do Senhor, pois o seu comportamento é vazio de autoridade para exortar, confrontar e liderar. Em outras palavras, ele simplesmente não tem autoridade.

NOTA:
[1] Samuel Miller, O Presbítero Regente (Editora Os Puritanos), pág. 44.