27 setembro 2007

Auxiliadoras idôneas

A revelação bíblica é progressiva. A nossa compreensão dela também. Com o passar dos séculos, a igreja avança na sua compreensão da Palavra de Deus. A hermenêutica tem feito considerável progresso, tanto no campo da lingüística, como do conhecimento do contexto histórico-religioso das épocas. Isto, sem dúvida, nos obriga constantemente a rever algumas interpretações. Por outro lado, é inegável, também, que as filosofias e costumes contemporâneos exercem forte influência sobre a nossa interpretação bíblica. Não se pode imaginar, por exemplo, que a igreja esteja imune à influência do movimento feminista moderno. Nem é de estranhar que numa época em que as mulheres reivindicam e assumem cada vez mais papéis e posições que antes lhes eram negados, as igrejas sejam levadas a rever a sua interpretação sobre a questão da ordenação feminina ao ministério sagrado.

É indiscutível que o Novo Testamento reconhece e eleva a dignidade das mulheres a um patamar bem superior ao anteriormente concebido. No que diz respeito à dignidade, na igreja "não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3:28). Também não se pode negar que as mulheres, tais como Lídia, Priscila e muitas outras, tiveram participação ativa e importante na igreja primitiva.
Não obstante, parece inegável, também, que o Novo Testamento reconhece e mantém uma distinção funcional entre os gêneros, tanto no âmbito do casamento (Ef 5:22-24), como da igreja. Esta distinção, na qual o homem é o cabeça e a mulher uma auxiliadora, não pode de modo algum ser explicada em termos de contexto histórico (ou preconceito) antigo. A explicação bíblica para esta distinção é encontrada na própria criação, quando Deus criou a mulher como "uma auxiliadora idônea" (Gn 2:18) — idônea, sim, à sua altura, digna; mas auxiliadora, alguém que ajuda, assiste.

É verdade que, por causa da queda, esta distinção funcional original adquiriu outra conotação. A submissão da mulher tornou-se um castigo: "o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará" (Gn 3:16). A liderança do homem também: "em fadiga obterás o sustento durante os dias da tua vida... no suor do teu rosto comerás o teu pão" (Gn 3:17,19). É verdade, também, que o preconceito e abusos da tradição judaica, e mesmo gentílica, contra a mulher agravaram ainda mais a situação.

Entretanto, parece evidente que a tese da ordenação feminina ao ministério se deve não a uma reinterpretação necessária do ensino bíblico, motivada por novas descobertas lingüísticas ou históricas, mas à influência inquestionável do moderno movimento feminista ocidental. O ministério do governo eclesiástico, conferido a pastores, presbíteros, ou bispos — os termos são sinônimos no NT (ver At 20:17,28, Tt 1:5-7 e 1 Pd 5:1-4) — e da pregação e ensino, conferido aos ministros da Palavra (ver 1 Tm 5:17), uma especialização do ofício do governo, é responsabilidade de homens no NT. Não apenas em nenhuma passagem do NT estes ofícios são conferidos a mulheres, como também os critérios indicados para a escolha desses oficiais determinam que sejam "esposos de uma só mulher... e que governem bem a sua própria casa" (1 Tm 3:2,4; cf. Tt 1:6).

Qual a explicação bíblica para a limitação do ofício de governo eclesiástico e da Palavra aos homens? Tradição? Costumes judaicos? Não! Poucos versos antes destas instruções a Timóteo, Paulo proíbe à mulher de falar publicamente e de exercer autoridade eclesiástica: "A mulher aprenda em silêncio com toda submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o marido: esteja, porém, em silêncio" na igreja (1 Tm 2:11; cf. 1 Co 14:34-35). Por quê? Qual a explicação de Paulo para tal proibição? A resposta está nos versos seguintes: "Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão" (v. 12-13). A explicação de Paulo para a distinção funcional entre o homem e a mulher na igreja está no Éden; na queda e, especialmente, na criação: primeiro foi criado Adão, e depois Eva, como auxiliadora idônea — idônea, sim; mas auxiliadora.
Se quisermos nos conformar com este século, ordenemos mulheres ao ministério. Se desejarmos permanecer fiéis à vontade de Deus revelada nas Escrituras, que as honremos como dignas cooperadoras.

Rev. Paulo R. B. Anglada
Pastor da Igreja Presbiteriana Central do Pará – Belém

Extraído de http://www.thirdmill.org/files/portuguese/20016~9_18_01_3-35-21_PM~AUXILIADORAS_ID%C3%94NEAS.html 20/09/2007

21 setembro 2007

O surgimento de diaconisas no século IV

O historiador batista A.H. Newman, que é favorável à ordenação feminina, observa sem fundamentada evidência que “aparentemente reconhecidas no Novo Testamento, [as diaconisas] reaparecem nas igrejas neste período [século IV]. As suas funções eram orar, e ministrar aos religiosos e necessidades circunstanciais das mulheres. Elas eram rigorosamente excluídas do serviço ‘do altar’”.[1] É necessário fazer algumas observações nesta declaração de Newman. O fato das viúvas serem “rigorosamente excluídas do serviço ‘do altar’”, indica que elas eram assistentes nas necessidades da igreja, e não líderes. O historiador interpreta que as diaconisas “reaparecem nas igrejas neste período”. Todavia, não há evidência histórica que explique esta lacuna de ausência na ordenação de diaconisas entre o primeiro e o início do quarto século.

Quando observamos o surgimento das diaconisas do século IV podemos concluir que a sua origem vem da ordem das viúvas que Paulo menciona em 1 Tm 5:9-12. Como muitas práticas se corromperam e cristalizaram com o decorrer dos séculos, é possível que o mesmo tenha ocorrido com as “verdadeiras viúvas”. A liderança assumiu uma hierarquia no governo da Igreja e nas funções litúrgicas. O surgimento de bispos, subdiáconos, acólitos, e diaconisas evidenciam a criação de ofícios e funções estranhos à liderança existente no Novo Testamento. É mais provável que o ofício de diaconisas nunca existiu entre a liderança da Igreja primitiva vindo a estabelecer-se apenas no início do quarto século.

Nota:
[1] A.H. Newman, A Manual of Church History (Philadelphia, The American Baptist Publication Society, 1933), vol. 1, pp. 293-294.

Rev. Ewerton B. Tokashiki

19 setembro 2007

Um esboço de Cristologia

A Pessoa de Cristo
1. A Preexistência de Cristo
1.1. A Concepção Messiânica no AT
1.2. A Profecia Messiânica no AT
1.3. A Tipologia Messiânica no AT
1.4. A Cristofania no AT
2. Títulos de Cristo
2.1. Títulos que indicam a sua Divindade
2.2. Títulos que indicam a sua Humanidade
3. As Naturezas de Cristo
3.1. A Natureza Divina
3.2. A Natureza Humana
3.3. A Necessidade das Duas Naturezas
3.4. A Unipersonalidade de Cristo
4. A Comunicação de Atributos
5. As Tentações de Cristo
6. A Impecabilidade de Cristo
7. O Caráter de Cristo
8. O Batismo de Cristo
9. A Família de Cristo

O Estado de Humilhação
1. A Natureza do Estado de Humilhação
2. A Plenitude dos Tempos
3. A Encarnação de Cristo
3.1. A Natureza da Encarnação
3.2. A Necessidade da Encarnação
3.3. O Propósito da Encarnação
4. A Concepção Virginal
5. O Auto-despojo de Cristo
6. A Obediência de Cristo
7. A Transfiguração de Cristo
8. Os Sofrimentos de Cristo
9. A Morte de Cristo
10. O Sepultamento de Cristo
11. “Descida ao Hades”

O Estado de Exaltação
1. Natureza do Estado de Exaltação
2. A Ressurreição de Cristo
3. Evidências em favor da Ressurreição de Cristo
4. A Humanidade Exaltada
5. A Ascensão Física aos Céus
6. A Intercessão de Cristo
7. O Retorno Físico de Cristo
8. A Glória de Cristo

A Obra Redentora de Cristo
1. O Princípio da Representatividade
2. O Mediador da Aliança
3. A Singularidade do Mediador (porquê só Jesus)
4. O Tríplice Ofício Medianeiro de Cristo
5. O Ofício Profético
6. O Ofício Real
7. O Reinado de Cristo
7.1. A Natureza do Reino de Cristo
7.2. A Extensão do Reino de Cristo
7.3. A Duração do Reino de Cristo
7.4. A Restituição do Reino ao Pai
8. O Ofício Sacerdotal de Cristo
9. A Expiação de Cristo
9.1. A Natureza da Expiação
. Predeterminada
. Objetiva
. Judicial
. Punitiva
. Vicária
9.2. A Causa da Expiação
9.3. A Necessidade da Expiação
9.4. A Perfeição da Expiação
9.5. O Propósito da Expiação
9.6. A Suficiência da Expiação
9.7. A Gratuidade da Expiação
9.8. A Voluntariedade da Expiação
9.9. Termos Relacionados com a Expiação
. Sacrifício
. Propiciação
. Reconciliação
. Redenção
. Imputação
. Substituição
. Justificação objetiva
. Penalidade
9.10. A Extensão da Expiação
. Textos Bíblicos que parecem favorecer a Expiação Universal
. Textos Bíblicos que afirmam a Expiação Limitada
9.11. Benefícios Assegurados pela Expiação de Cristo

14 setembro 2007

Nota de falecimento

Hoje pela manhã o Senhor tomou para Si o seu servo Rev. Caio Fábio de Araújo. Ele faleceu após uma delicada cirurgia. Sempre firme e preparado. Um homem que manifestou o caráter de Cristo em sua vida simples. Deixou uma vida próspera na carreira de advocacia preferindo obedecer o seu chamado pastoral. Submeteu-se à direção do Espírito do Santo. Mudou-se para Manaus. Com a sua chegada o presbiterianismo amazonense nunca mais foi o mesmo!

Estivemos na cidade de Manaus entre os dias 15 à 17 de Novembro participando do Congresso Fé Reformada. Nesta feita, antes de virmos embora pudemos visitar o abençoado casal. A nossa amada irmã Meire, esposa do Rev. José Nery, nos levou até à casa do Rev. Caio Fábio [o pai] e sua esposa, a dona Laci, e ali tivemos uma proveitosa conversa de aproximadamente 40 minutos. Confesso que foi surpreendente ouvir este servo de Deus, homem experiente de 79 anos, provado pelo fogo, e de ministério aprovado diante do Senhor. Atentamente ouvimos e nos nutrimos. Desde a minha adolescência ouço falar deste homem de Deus, então, pude conhecê-lo pessoalmente.

Louvo à Deus, por servos que Ele levanta para que vivam e preguem a Sua maravilhosa graça.

Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito (Tt 2:7-8, ARA).

04 setembro 2007

O meio ambiente um ambiente pecaminoso

Deus criou todas as coisas para desfrutarmos com alegria. Em tudo percebemos as digitais do Criador, pois, toda a criação possui um propósito inteligente, de tal modo que, cada ser vivo desde o mais simples até o mais complexo, está envolvido numa cadeia biológica de dependência e propósito. Olhar a criação deveria produzir em nós a sensação de reverência, não pela criatura, mas pelo Deus criador. Mas, porque não podemos adorar a criação se ela é tão bela? A resposta é simples: “pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque tendo conhecido a Deus, não glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.” (Rm 1:20-21, NVI). Não devemos venerar, cultuar ou oferecer qualquer forma de adoração para a criatura, somente ao Criador.

O Senhor Deus que trouxe à existência do nada tudo o que há revela na Bíblia que o desequilíbrio ambiental tem a sua causa no pecado. Por causa do ser humano toda a criação foi afetada por este mal. A Escritura Sagrada declara que “maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida” (Gn 3:17b, NVI). A destruição da natureza é um testemunho irrefutável da presença do pecado. A Palavra de Deus, a nossa consciência e a natureza testificam que o nosso meio ambiente é um ambiente pecaminoso.

Estamos matando o meio ambiente com o nosso comportamento pecaminoso. Se não bastasse toda a criação sendo afetada pela maldição e pela presença corrosiva do pecado, a humanidade tem de forma desordenada destruído o meio ambiente. A luta e morte por terras, o desmatamento desenfreado, a contaminação do solo e dos lençóis de água, a poluição do ar com gases venenosos, e tudo por causa da ganância e do orgulho. Nós e os nossos filhos temos colhido desde agora a terrível conseqüência do nosso pecado contra o Criador. Não estamos cuidando da terra conforme o mandato original (Gn 2:15), pelo contrário, temos frontalmente desobedecido ao Senhor.

Se arrependermos dos nossos pecados e crermos em Cristo como o nosso único e suficiente Salvador seremos perdoados. A salvação não se limita apenas a esta vida, mas aponta para um futuro onde tudo será restaurado. A Palavra de Deus declara que toda “a natureza criada aguarda, com grande expectativa que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8:19-21, NVI). Somos espiritualmente filhos de Deus, mas o nosso corpo ainda necessidade ser transformado (Rm 8:12-17; Rm 8:23; 1 Co 15:35-58).

Mas, quando formos transformados fisicamente, na vinda de Cristo, então, habitaremos num mundo também transformado. Na Bíblia lemos que “visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos em fogo, e os elementos se derreterão pelo calor. Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2 Pe 3:11-13, NVI). Após o juízo, quando Satanás e seus anjos, e todos os que não se arrependeram e rejeitaram a salvação em Cristo, forem lançados no lago de fogo (Ap 20:7-15), então, com o apóstolo João, poderemos dizer que “vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado...” (Ap 21:1, NVI). Se quisermos participar desta promessa futura precisamos ser livres da condenação do pecado que nos mata e que prejudica o meio ambiente.