31 dezembro 2014

Breve biografia de Robert L. Dabney

Morton H. Smith

Robert L. Dabney foi um presbiteriano sulista que viveu durante o século XIX. Archibald Alexander, o fundador do Princeton Theological Seminary, disse que ele foi “o melhor professor de teologia dos Estados Unidos, se não do mundo.” O seu biógrafo Thomas Carey Johnson disse a seu respeito em The Life and Letters of Robert Lewis Dabney (1903), que ele foi o primeiro a receber o título de “o primeiro entre os pensadores escritores teológicos do seu século.”

Como um homem que desfrutava de tal reputação entre os seus próprios contemporâneos não é de se admirar que Dabney fosse considerado o mais influente homem da Igreja Presbiteriana do Sul[1] durante o auge de seu ministério, entre 1865 a 1895.

Dabney era natural da Virginia, nascido no condado de Louisa, em 1820. Era descendente de ingleses e huguenotes franceses. Foi educado em Hampden Sydney College, Virginia, na University of Virginia e, no Union Theological Seminary, em Hampden Sydney; foi ordenado ao ministério da Igreja Presbiteriana em 1847. Exerceu os seus primeiros anos de sua vida ministerial na histórica Tinkling Springs Church no vale da Virginia. Em 1853 foi convidado para lecionar na cátedra de História e Política Eclesiástica no Union Theological Seminary. Em 1859 foi transferido para o Departamento de Teologia Sistemática. Em 1860 recebeu um convite para juntar-se à faculdade do Princeton Theological Seminary. Mas, devido à sua fidelidade ao Sul, preferiu não ir para o Norte dos EUA naquele período. Durante a Guerra Civil dos Estados, serviu por um período como capelão do Exército Confederado, e depois como chefe de assistência ao General T.J. (Stonewall) Jackson, com o posto oficial de major. Serviu com Jackson durante a rigorosa Campanha do Vale em 1862. Jackson disse a seu respeito que ele foi o mais eficiente oficial que havia conhecido. Depois da morte do General Jackson, em Maio de 1863, Dabney foi solicitado pela sra. Jackson que preparasse uma biografia do General. Ela foi publicada em 1866 sob o título de The Life and Campaigns of Lieutenant General Thomas J. Jackson (Stonewall Jackson). Esta obra foi considerada como a melhor biografia do General Jackson, e permanece como uma das maiores produções literárias de Robert L. Dabney.

Terminada a guerra, Dabney retornou ao Union Seminary e, continuou ensinando na área de Teologia Sistemática até 1883. Então, ele se mudou para o Texas, onde se tornou professor na nova faculdade da University of Texas, na cadeira de Filosofia Mental e Moral e Economia Política. Ensinou nesta universidade de 1883 à 1894. Durante este mesmo período em campanha com o Rev. Robert K. Smoot, organizaram a Austin School of Theology, que posteriormente tornou-se a Austin Presbyterian Theological Seminary. Morreu em Victoria, Texas, em 3 de Janeiro de 1898, e foi sepultado em Hampden Sydney, Virginia.

Dabney foi antes de tudo um mestre. A sua principal realização foi em sala de aula, onde sempre afirmou, com intensidade e vigor, os princípios da fé reformada. Também foi um fértil escritor produzindo inúmeros artigos em várias publicações. Em acréscimo à vida de Jackson, escreveu A Defense of Virginia (and through her of the South) in the recent and pending contests against the sectional party (1967). Em 1870, produziu um livro sobre pregação com o título de Sacred Rhetoric.[2] A presente obra foi inicialmente publicada pelos alunos de Dabney sob o título de Syllabus and Notes of the Course of Systematic and Polemic Theology[3] conforme ensinado no Union Theological Seminary, Virginia (1878). Esta obra foi revisada pelo autor e reimpressa em 1878. Ela envolveu seis edições sendo a última em 1927. Escreveu também dois volumes na área de Filosofia: The Sensualistic Philosophy of the Nineteenth Century (1875) e Practical Philosophy (1896).

O presente volume foi inicialmente publicado pelos alunos, com a sua autorização. Posteriormente, ele o revisou e levou ao seu formato final. Este volume reflete o seu melhor estilo de ensinar teologia. Thomas Carey Johnson, o seu biógrafo, descreve-o assim:
duas aulas eram dedicadas à cada tópico, separadas pelo intervalo de dois dias. No término do segundo encontro, a classe colocava no quadro-negro um programa dos próximos tópicos para que fosse entregue. A condução dos pontos no tópico era exposta em forma de perguntas, e quais autores tratavam daquele ponto específico. A referência mais importante era escrito primeiro, o seguinte mais importante, e etc., e os estudantes eram obrigados a ler o máximo que eles conseguissem. O livro-texto usado era o compêndio de teologia do Francis Turrentin, em latim.[4] No encontro seguinte ele prosseguia com uma recitação de Turrentin, abrangendo cerca de dez ou doze páginas. Os alunos eram obrigados, durante o segundo intervalo de dois dias, a escrever cada uma de suas próprias teses sobre o tópico. No segundo momento da reunião, ele se detinha em entregar à classe a sua própria preleção sobre o mesmo tópico. Este programa e preleções compunham a principal parte de sua obra teológica (p. 196).

Na nota original aos leitores sobre a obra foi aludido que as preleções assumiam “como um postulado determinado por outro departamento no Seminário, a inspiração e infalibilidade das Escrituras.” A sequência geral de todo o conteúdo do manual é aquela da Confissão de Fé de Westminster. É lamentável que não tenhamos do próprio Dabney, o desenvolvimento da doutrina da inspiração da Escritura. Mas, encontramos na página 144, a sua posição declarada de modo inequívoco “eu defendo que as Escrituras são, em todas as suas partes, plenamente inspiradas... isto tem determinado, e podemos assumi-la como inspirada e infalível.”

Esta obra foi mantida como livro-texto de Teologia Sistemática no Union Theological Seminary na Virginia até 1930. Ela é uma vigorosa e didática exposição da fé reformada. O leitor não encontrará simplesmente a reafirmação de antigas verdades, mas a ampliação dos problemas que algumas vezes envolvem aquelas verdades. Esta obra é digna de ser estudada por todos os que desejam entender o Evangelho e suas implicações mais plenas.

A influência de Dabney foi fortemente percebida entre os presbiterianos sulistas. Este volume, como já observamos, tornou-se o livro-texto de Teologia Sistemática nos Seminários do Sul. Ele foi considerado por Auguste Lecerf da França em sua Introduction to Reformed Dogmatics, e por Herman Bavink, dos Países Baixos, em sua Gereformeerde Dogmatiek[5] como estando entre os excelentes teólogos da América.

Num período em que a igreja certamente precisa de uma voz tão clara acerca de sua teologia, creio que não há obra melhor do que a de Robert L. Dabney, a ser reproduzida e entregue à nossa geração. Desejo que esta republicação da Teologia Sistemática de Dabney seja apresentada com renovado interesse no estudo e propagação da fé reformada.[6]

NOTAS:
[1] Presbyterian Church in United State – PCUS.
[2] Publicado e pode ser adquirido pela The Banner of Truth.
[3] A tradução deste artigo foi extraída de uma edição da Zondervan Publishing House, que está esgotada, mas pode ser adquirida usada pelo site da Amazon, entretanto, a The Banner of Truth assumiu a sua publicação.
[4] Francis Turrentin, Instituto theologiae elenticae. Traduzido e publicado com o título de Compêndio de Teologia Apologética, em 3 volumes, pela Editora Cultura Cristã.
[5] Herman Bavink, Gereformeerde Dogmatiek. Traduzido e publicado sob o título de Dogmática Reformada, em 4 volumes, pela Editora Cultura Cristã.
[6] Seria de grande proveito se alguma editora brasileira publicasse este manual de teologia sistemática.


O Dr. Morton H. Smith foi professor de Teologia Sistemática no Reformed Theological Seminary, Jackson e, posteriormente no Greenville Presbyterian Theological Seminary, onde se aposentou. Ele é o autor de um precioso manual de Systematic Theology, em 2 volumes, publicado pela Press GPTS. Tive o privilégio de receber um exemplar do próprio autor.
Este artigo foi escrito em 20 de Julho de 1971, Jackson, Mississippi.

Extraído de Robert L. Dabney, Lectures in Systematic Theology (Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1980), in: Preface to 1972 Edition.
Tradução e notas por Rev. Ewerton B. Tokashiki [revisado em 31/12/2014].

27 dezembro 2014

A heresia de Auburn


Escrito por Gordon H. Clark

Quando futuros historiadores da Igreja avaliarem a presente época, a publicação da Auburn Affirmation[1] se destacará em importância do mesmo modo que Lutero quando fixou as suas noventa e cinco teses. Todavia, será importante por uma razão diferente.

A razão pela qual a Auburn Affirmation é tão importante é que se trata de uma grande ofensiva contra a Palavra de Deus.[2] É, ou pelo menos a sua teologia foi, a raiz de apostasia presbiteriana.[3]

As autoridades da Igreja Presbiteriana nos EUA espalharam o boato de que não há nada doutrinário envolvido Auburn Affirmation. Este rumor, independentemente da sua origem, é falso. É verdade que a Auburn Affirmation é um documento escrito de modo inteligente, com uma fraseologia piedosa, que ligeiramente obscurece a sua real intenção. Mas uma vez que se percebe exatamente o que diz, não há como disfarçar o fato de que é um ataque vicioso contra a Palavra de Deus.

As cinco doutrinas envolvidas são a verdade da Sagrada Escritura, a realidade do nascimento virginal de Cristo, seus milagres, o seu sacrifício no Calvário para satisfazer a justiça divina e nos reconciliar com Deus, e por último, a sua ressurreição física.[4]

O verdadeiro propósito do documento é parcialmente obscurecido porque afirma que alguns dos signatários acreditam em algumas destas doutrinas. Isso é verdade. Alguns dos apoiadores acreditam em alguns pontos declarados, mas, todos eles negam a infalibilidade das Escrituras Sagradas.[5] Todos eles afirmam que a base da Confissão de Westminster é prejudicial e que a Bíblia contém erro. Este ataque contra a Bíblia é de fundamental importância porque, obviamente, se a Bíblia ser rejeitada, por que a religião da Bíblia seria mantida? De fato, você não pode rejeitar a veracidade das Escrituras e, em seguida, aceitar o conteúdo das Escrituras.

Uma vez que este ponto demonstre ser tão grave, a evidência não deve ser omitida. Na página cinco da Auburn Affirmation você pode ler estas palavras: “Não há nenhuma afirmação nas Escrituras que os seus escritores foram ‘livres de erro’. A Confissão de Fé não faz essa afirmação ... . A doutrina da infalibilidade que destina-se a reforçar a autoridade das Escrituras, de fato prejudica a sua autoridade sobre a fé e de vida, e enfraquece o testemunho da Igreja para o poder de Deus na salvação através de Jesus Cristo. "

Agora note este estranho fato. A Auburn Affirmation afirma que crer na Bíblia na verdade prejudica a sua autoridade e enfraquece o testemunho da Igreja. Ou, em outras palavras, a fim de que a Bíblia seja autoridade, ele deve conter erro; e, sem dúvida, quanto mais errada ela for, mais autoridade ela poderá ser.

Mas o que a Confissão de Westminster quer dizer? No Capítulo I, Seção 4, você pode ler que: “A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, depende ... por completo somente de Deus (que é a própria verdade) o seu autor; e, portanto, deve ser recebida, porque é a Palavra de Deus.”

Estudando também o Capítulo XIV, Seção 2 lemos que “Por isso, pela fé [salvadora], um cristão crê ser verdade tudo o que é revelado na Palavra, pela autoridade do próprio Deus que fala ...”.

A Auburn Affirmation diz que é errado e prejudicial acreditar ser verdade tudo quanto nela é revelado. Assim, os signatários da Auburn Affirmation são vistos como antagônicos para o próprio fundamento da fé cristã. Ao negar a verdade da Bíblia, eles repudiam a sua própria confissão, e por isso não têm lugar legítimo no ministério presbiteriano. Será que eles responderiam que concordam com a Confissão de Westminster de que a Escritura é a Palavra de Deus, e que eles apenas negam que a Escritura é inerrante? Deus não permite que eles deem essa resposta. Porque, se eles dizem que acreditam que a Bíblia é a Palavra de Deus, e ao mesmo tempo alegam que a Bíblia contém erros, segue-se, não é verdade então, que eles chamam Deus de mentiroso, já que ele tem falado falsamente. Ou, eles repudiam abertamente a Confissão de Westminster, ou então, eles têm chamado Deus de mentiroso. Em ambos os casos, não têm lugar legítimo no ministério presbiteriano.

A Auburn Affirmation é mais generosa para com os outros quatro pontos. O nascimento virginal, os milagres, a ressurreição, que presbiterianos ortodoxos consideram como fatos históricos, os proponentes da declaração consideram como teorias permitidas.

Depois de se referir aos cinco pontos enfatizados pela Assembleia Geral de 1923, na página seis, a Auburn Affirmation declara:

... este parecer da Assembleia Geral intenciona promover em nossa Igreja alguma teorias sobre a inspiração da Bíblia, Encarnação, Expiação, Ressurreição .... Alguns de nós consideramos as teorias específicas contidas nas deliberações da Assembleia Geral de 1923, como explicações satisfatórias de tais fatos e doutrinas. Todavia, estamos unidos na crença de que estas não são as únicas teorias permitidas pelas Escrituras e pelos nossos padrões como explicações sobre esses fatos e doutrinas de nossa religião, e que todos os que defendem a estes fatos e doutrinas, ou quaisquer outras teorias que podem recorrer para explicá-las, também são dignos de toda a confiança e comunhão.

Agora, para ser concreto, qual “teoria” que não seja o fato histórico do nascimento virginal você poderia pensar para explicar a encarnação? Há um que o Celsus[6] anticristão usou em seu esforço para difamar Cristo. Se Cristo não teve um nascimento virginal, e se, como José e Maria reivindicam, José não foi o pai de Jesus, então, de quem ele foi filho? Será que a Auburn Affirmation realmente quer dizer que alguém que aceita este ponto de vista do nascimento de nosso Senhor é digno de toda confiança e comunhão? Isso é exatamente o que significa a Auburn Affirmation. Ela diz definitivamente que os ministros são dignos de confiança "independente das teorias que possam ser empregadas para explicar" a Encarnação.

Em seguida considere a morte sacrificial de Cristo pela qual ele satisfaz a justiça divina e nos reconcilia com Deus. Isto, também, é declarado como não essencial, e os cristãos são convidados a colocar a confiança nos homens que negam esta doutrina, desde que eles usem a palavra "expiação" podem empregar qualquer teoria aleatória para explicá-la. A morte de Cristo, então, pode ser nada além do que um exemplo, e nossa salvação pode depender de nossos esforços para imitar as suas boas obras. Já não será totalmente salvação pela graça. E nos dizem que estes homens são dignos de confiança "independente das teorias que possam ser empregadas para explicar" a Expiação.

Ainda há tempo para se referir brevemente sobre a ressurreição? Esta também é reduzida a uma teoria permitida, mas não essencial. Os signatários da Auburn Affirmation podem ter em mente alguma teoria de uma ressurreição espiritual em oposição ao fato de que Cristo ressuscitou dos mortos com o mesmo corpo com que ele padeceu. Os proponentes da Auburn Affirmation, por um lado, podem sustentar algum tipo de ressurreição espiritual; mas, por outro lado, Jesus Cristo disse: “toque-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.” Aparentemente, Jesus não teria escolhido assinar a Auburn Affirmation. Os signatários da Auburn Affirmation dizem que a ressurreição corporal que é o único tipo de ressurreição que vale a pena falar - não é essencial. Mas Paulo diz: "Se Cristo não ressuscitou, logo, é vã a nossa pregação, e a sua fé também é vã." Você notará que o nome de Paulo não estaria entre os signatários da Auburn Affirmation. Não, você não encontraria Paulo nos pedindo para confiar em homens “independente das teorias que possam ser empregadas para explicar”, ou melhor, para explicar a ressurreição.

Então, se a Auburn Affirmation fosse assinada por apenas duas ou três pessoas, ainda assim seria dever dos presbiterianos pedir-lhes que se arrependessem e retratassem, ou, ainda de removê-los do ministério. Se apenas dois ou três tivessem assinado, haveria pouca razão para alarme. Mas, o fato foi que 1.300 ministros da PCUSA assinaram este documento herético. E, no entanto, este número, grande como é, por si só não revela o significado completo da situação. É preciso ver também em que medida esse tipo de teologia controla as Juntas e Agências da Presbyterian Church of USA. De tempos em tempos tem havido listas preparadas por proponentes pertencentes da Auburn Affirmation que ocupam cargos de responsabilidade na estrutura eclesiástica. Estas posições incluem os presidentes de Presbitérios, de Sínodos, e da Assembleia Geral; diretores de seminários; de uma só vez 22 membros da Junta de Missões Nacionais se tornaram proponentes desta declaração; e assim por diante através dos vários cargos importantes na Presbyterian Church of USA.

Mas nem mesmo esta lista de posições indica a depravação total daquela igreja. Perceba também que existem inúmeros outros titulares de cargos que, embora ainda não assinaram a Auburn Affirmation, aprovam os seus princípios, e, longe de protestar contra ele, alegremente cooperam com os seus apoiadores no trabalho dos vários conselhos e agências. Tente mencionar qualquer secretário de qualquer conselho, mencione qualquer oficial que tentou defender a Palavra de Deus contra este ataque de Auburn. Ninguém poderia ser nomeado; não há nenhum; cooperam com os proponentes, aprovando as mesmas políticas, e têm, pois, a sua posição contra as Sagradas Escrituras e contra a Confissão de Westminster que juraram defender.

Além desses oficiais há aqueles que cooperam com os signatários da herética Auburn Affirmation, são os ministros que aceitam as suas decisões a partir de suas regiões, que em seus Presbitérios votam regularmente com este partido que desonra a Bíblia. É que eles não assinaram o documento, mas eles votaram os seus princípios em vigor e baniram os ortodoxos de sua denominação. Tente mencionar qualquer ministro que tenha feito qualquer tentativa séria e pública, para disciplinar os signatários da herética Auburn Affirmation. Quando foi que alguém na Presbyterian Church of USA ouviu um sermão defendendo a expiação e a ressurreição contra este ataque? Que ministro trouxe a matéria para que fosse discutida em seu Presbitério?

Há alguns anos que os modernistas falam a favor de uma igreja inclusiva. A igreja, segundo eles, é grande o suficiente para incluir todos os partidos teológicos. Hoje, no entanto, eles mudaram o tom. Eles excomungaram grupo o ortodoxo. Os oficiais proponentes e seus apoiadores decretaram que aqueles que permaneceram fiéis à Palavra de Deus, aqueles que se opuseram à Assembleia Geral de colocar a sua própria autoridade superior à da Bíblia, aqueles que não obedeceram a uma ordem para apoiar o modernismo, aqueles que tomaram os seus votos de ordenação a sério, tinham que ser expulsos da igreja.

A mais importante destas expulsões foi a do falecido J. Gresham Machen.[7] Ele foi acusado de desobedecer a uma ordem legal e de dizer mentiras sobre o Conselho de Missões Estrangeiras. Ele foi levado a julgamento. Ele queria se defender, argumentando que a decisão de apoiar o modernismo era ilegal, e que o que ele tinha dito sobre a Junta de Missões Estrangeiras era verdade. Era para ser um julgamento judicial, mas seus juízes absolutamente recusaram-lhe o direito de apresentar a sua defesa. Na Comissão Judicial Permanente, que fez disposição final de seu caso, metade destes ministros eram signatários da Auburn Affirmation. Não nos causa admiração que os cristãos que criam na Bíblia foram expulsos da Presbyterian Church of USA.

Esta, então, em suma, é a situação do por que cristãos conservadores devem se unir. Porventura a verdade da Bíblia seria sustentada, ou ordenaria apoiar o modernismo para que se tornasse a autoridade suprema sobre a consciência dos homens? Esta não é uma questão trivial; é sim uma luta de vida e morte entre duas religiões que se excluem mutuamente. Uma religião poderia, sem ofensa à sua integridade, rejeitar a infalível Palavra de Deus, negar o nascimento virginal, repudiar o sacrifício propiciatório de Cristo, e negar a ressurreição. Uma religião permaneceria completa mesmo que todas estas coisas fossem eliminadas; mas esta religião não seria o Cristianismo.[8]

A outra religião é o Cristianismo porque ele aceita a Bíblia como a própria Palavra de Deus, que não pode mentir, porque faz com que o sacrifício de Cristo satisfaça a justiça divina, sendo a única base de salvação, e porque ela enaltece o fato histórico da ressurreição.

NOTAS:
[1] Gordon H. Clark se refere ao que foi originalmente um documento sob o título de “The Affirmation” publicado e assinado primeiramente por 150 ministros em Janeiro de 1924, e posteriormente sob o título de The Auburn Affirmation subscrito por 1274 oficiais da Presbyterian Church of USA.
[2] O texto integral de The Auburn Affirmation - http://www.pcahistory.org/documents/auburntext.html acessado em 27 de Dezembro de 2014.
[3] Segundo A.H. Freundt “sem negar as doutrinas específicas, a Auburn Affirmation se opunha ao empenho de fazer os cinco pontos um teste para ordenação ou ortodoxia. Elas deveriam ser consideradas apenas teorias acerca dos fatos ou doutrinas, em relação a outras possíveis explicações ou teorias que poderiam ser aceitas, se deduzidas da Escritura e dos padrões presbiterianos.” D.G. Hart, ed., Dictionary of the Presbyterian & Reformed Tradition in America (Phillipsburg, P&R Publishing, 1999), pp. 23.
[4] O grupo dos 150 pastores teologicamente liberais se reuniram em Auburn, New York e, produziram uma declaração repudiando os Five Point Deliverance da Assembleia Geral de 1910 que afirmava o que eram os pontos doutrinários essenciais e necessários para a ortodoxia reformada histórica. Veja* A.H. Freundt, “Auburn Affirmation (1924)” in: D.G. Hart, ed., Dictionary of the Presbyterian & Reformed Tradition in America (Phillipsburg, P&R Publishing, 1999), pp. 22-23.
[5] W.A. Hoffecker observa que A.A. Hodge “reafirmou a sua visão sobre inerrância num artigo chamado ‘Inspiração’, escrito em parceria com Benjamin B. Warfield, em 1881, para a Presbyterian Review. A sua denominação adotou a visão de Princeton acerca da Bíblia como o seu oficial ensino na Portland Deliverance (1892) e no Five Point Deliverance (1910), que influenciou o debate Fundamentalista-Modernista”. W.A. Hoffecker, “Hodge, A.A. (1823-1886)” in: D.G. Hart, ed., Dictionary of the Presbyterian & Reformed Tradition in America (Phillipsburg, P&R Publishing, 1999), p. 120.
[6] Sobre este assunto recomendo o artigo de Carolline da Silva Soares, “VIDA E OBRA DO FILÓSOFO PAGÃO CELSO” in: Alétheia Revista de Estudos sobre Antiguidade e Medievo – Volume 1/1, 2013.
[7] Para um excelente resumo deste caso é recomendada a leitura do artigo de D. Clair Davis, “Machen and Liberalism” in: Charles G. Dennison & Richard C. Gamble, eds., Pressing toward the mark – essays commemorating fifty years of the Orthodox Presbyterian Church – 1936-1986 (Philadelphia, The Committee for the Historian of the Orthodox Presbyterian Church, 1986), pp. 247-258.
[8] A.H. Freundt concluí que “a Assembleia Geral de 1924 abriu o caminho para o maior pluralismo teológico ao declarar que o presbiterianismo admite uma diversidade de concepções”. “Auburn Affirmation (1924)” in: D.G. Hart, ed., Dictionary of the Presbyterian & Reformed Tradition in America (Phillipsburg, P&R Publishing, 1999), pp. 23.


SOBRE O AUTOR:
Dr. Gordon H. Clark quando escreveu este artigo era presbítero na Orthodox Presbyterian Church, sendo anteriormente um presbítero na Presbyterian Church of USA. Este foi o resumo de um discurso proferido, no dia 28 de Fevereiro de 1935, numa reunião de presbiterianos Leigos da Filadélfia e arredores, e posteriormente publicado em forma de folheto pela Comissão de Educação Cristã da Orthodox Presbyterian Church.


Acessado em 21 de Dezembro de 2014 de http://opc.org/cce/clark.html
Traduzido em 24 de Dezembro de 2014.
Tradução e notas por Rev. Ewerton B. Tokashiki

19 dezembro 2014

Eu creio nos 5 solas da Reforma

Somos uma igreja herdeira da Reforma protestante do século XVI. Os 5 pilares da nossa herança são:
Sola Scriptura: somente a Escritura Sagrada
Solus Christus: somente em Cristo
Sola gratia: somente a graça
Sola fide: somente a fé
Soli Deo gloria: somente a Deus toda glória

1. Somente a Escritura Sagrada: é a nossa única fonte e regra de fé e prática
O calvinismo possui o seu sistema doutrinário centrado na Escritura Sagrada. Desde a Reforma do século XVI foi ensinada a doutrina da sola Scriptura – ou seja, que a Escritura é a única fonte e regra de autoridade. Entretanto, a autoridade da Escritura resultado do fato dela ser a Palavra de Deus. John H. Armstrong corretamente observa que “a autoridade é encontrada no próprio Deus soberano. O Deus que ‘soprou’ as palavras por meio dos escritores humanos está por trás de toda afirmação, toda doutrina, toda promessa e toda ordem contidas na Escritura”.[1] Se rejeitarmos a Escritura Sagrada estamos desprezando a vontade preceptiva de Deus.

A Bíblia tem autoridade porque ela é revelação da vontade de Deus. Por isso, “as inspiradas Escrituras, revelando a vontade transcendente de Deus em forma escrita e objetiva, são a regra de fé e conduta através da qual Jesus exerce sua autoridade divina na vida do crente.”[2] Em outras palavras, esta doutrina significa que a base da nossa doutrina, forma de governo de igreja, culto e todas as esferas da vida, não se fundamentam no tradicionalismo, no subjetivismo, no relativismo, no pragmatismo, ou no pluralismo, mas é extraída somente na Escritura Sagrada. Cremos que suficientemente ela é a verdade absoluta, porque somente a Escritura é a Palavra de Deus (2 Tm 3:16-17; 2 Pe 1:19-20).

2. Somente Cristo: o único mediador da nossa salvação
O nosso Senhor Jesus se fez um de nós para ser o nosso substituto. Ele é o nosso único representante diante de Deus. O Pai firmou o pacto da redenção que estipulava que o Filho viesse ao mundo para cumprir a sua vontade (Jo 4:34; 6:38-40; 10:10). A Confissão de Fé de Westminster declara que
aprouve a Deus em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do Mundo; e deu-lhe desde toda a eternidade um povo para ser sua semente e para, no tempo devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado e glorificado.[3]

Não temos outro mediador pelo qual possamos ser reconciliados com Deus, a não ser Jesus Cristo (At 4:11-12; 1 Tm 2:5). A sua obra lhe confere autoridade para declarar justo todos quantos o Pai lhe deu (Jo 6:37,39,65). Toda a obra expiatória de Jesus é suficiente para a nossa salvação (Rm 8:1). Somente através da perfeita obra de Cristo seremos salvos. A nossa culpa e merecida condenação caiu sobre ele (Hb 2:10). A sua obediência ativa cumpriu todas as exigências da Lei, bem como submetendo passivamente à condenação, fez com que pela sua humilhação, obtivesse plena satisfação da justiça de Deus. O Pai retirou o seu consolo e derramou sobre Cristo a sua ira divina, punindo nele o nosso pecado. As nossas iniquidades estavam sobre o Filho, e a justa ira de Deus veio sobre o nosso pecado na cruz (Hb 2:10). Jesus tornou-se amaldiçoado em nosso lugar sobre o madeiro (2 Co 5:21). O Filho de Deus sofreu os tormentos do inferno intensivamente na cruz, o que sofreríamos extensivamente na eternidade. Cremos que a sua morte expiatória na cruz satisfez a justiça de Deus e, eliminou completamente a nossa condenação futura (Rm 3:24-25), redimindo-nos de todos os nossos pecados (Ef 1:7).

3. Somente a graça: a única causa da nossa aceitação
Cremos que a salvação do homem não é resultado de algum mérito pessoal (Rm 3:20, 24, 28; Ef 2:1-10). Todo ser humano possui uma disposição moral totalmente corrompida, de modo que, ele é incapaz de satisfazer perfeitamente a Lei de Deus (Tg 2:8-10). O empenho de merecer a salvação pelas boas obras somente resulta em condenação. Sem a graça a nossa predisposição natural é somente para o pecado (Rm 7:13-25).

A Escritura nos revela que todo ser humano em seu estado natural é inimigo de Deus (Rm 3:23; 5:10). O teólogo puritano Stephen Charnock observou que “todo pecado é uma espécie de amaldiçoar a Deus no coração. O homem tenta destruir e banir Deus do coração, não realmente, mas virtualmente; não na intenção consciente de cada iniquidade, mas na natureza de cada pecado.”[4] A dureza de coração lhe é normal, porque ele está rígido como uma pedra (Ez 36:26-27).

O livre arbítrio perdeu-se com a Queda.[5] Esta capacidade de agir contrário à própria natureza foi perdida com a escravidão do pecado. No início, Adão criado em santidade, foi capaz de escolher contrário à sua inclinação natural de perfeita santidade e, decidiu pecar. O primeiro homem livremente passou a agir de acordo com a escravidão dos desejos mais fortes da sua alma corrompida pela iniquidade. Ele é livre, mas a sua liberdade é usada tendenciosamente para pecar conforme os impulsos de sua inclinação para o pecado. Se ele for deixado para si mesmo, ele sempre agirá de acordo com a sua disposição interna, ou seja, naturalmente escolherá pecar (Rm 1: 24-32; 3:9-18; 7:7-25; Gl 5:16-21; Ef 2:1-3).

A nossa salvação é resultado da ação da livre e soberana graça do nosso Deus. A Confissão de Fé de Westminster declara que
todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso, dispostos pela sua graça.[6]

Somente a ação soberana e eficaz do Espírito Santo é capaz de regenerar corações implantando uma nova disposição santa. O resultado é a libertação da escravidão do pecado. Esta obra Deus a realiza pela graça somente.

4. Somente a fé: é o único instrumento de posse da nossa salvação
A fé é o meio normal pelo qual o Espírito Santo aplica o processo da salvação nos eleitos. Entretanto, devemos lembrar que a fé é dom de Deus e não uma virtude humana (Rm 4:5; 10:17; Ef 2:8-9; Fp 1:9). O Breve Catecismo de Westminster define este dom: “fé em Jesus Cristo é uma graça salvadora, pela qual o recebemos e confiamos só nele para a salvação, como ele nos é oferecido no Evangelho.”O Catecismo de Heidelberg esclarece que
a verdadeira fé é a convicção com que aceito como verdade tudo aquilo que Deus nos revelou em sua Palavra. É também a firme certeza de que Deus garantiu – não só aos outros como também a mim – perdão de pecados, justiça eterna, e salvação por pura graça e somente pelos méritos de Cristo. O Espírito Santo realiza essa fé em meu coração por meio do evangelho.[7]

Por isso, a teologia reformada entende que a verdadeira fé é o resultado de um iluminado conhecimento, da plena concordância verdade e da firme confiança na Palavra de Deus.

A justificação vem pela fé somente na obra de Cristo. Nenhum homem pode ser salvo, a não ser que creia na expiação realizada por Cristo, confiando exclusivamente nele (Rm 1:17; Tt 3:4-7; 1 Jo 5:1). A justiça de Cristo que é imputada sobre nós concede, garante e mantém-nos aceitos na comunhão eterna de Deus.

A verdadeira fé conduz as boas obras que evidenciam a salvação e glorificam a Deus. A salvação é pela fé somente, mas a fé salvadora nunca está sozinha. A fé salvadora produz amor prático ao próximo, santidade pessoal em obediência à Palavra de Deus. A Escritura Sagrada declara que “pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10).

5. Somente a Deus toda glória: o único objetivo da nossa salvação
Cremos no único Deus, que é Senhor da história e do universo, “que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1:11). É nossa convicção que a finalidade principal da vida não é necessariamente o bem-estar, a saúde física, a prosperidade, a felicidade, ou mesmo a salvação do homem, mas, a glória de Deus e na manifestação de todos os seus atributos. Johannes G. Vos comentando o Catecismo Maior de Westminster observa que “quem pensa em gozar a Deus sem o glorificar corre o risco de supor que Deus existe para o homem, e não o homem para Deus. Enfatizar o gozar a Deus mais do que o glorificar a Deus resultará num tipo de religião falsamente mística ou emocional.”[8] Deus não existe para satisfazer as necessidades do homem, embora ele o faça por amor de si mesmo (Ez 20:14). O homem foi criado para o louvor da glória de Deus (Rm 11:36; Ef 1:6-14).[9]

É verdade que a glória de Deus transcende ao nosso entendimento, mas ela pode ser percebida pela sua manifestação na criação e pela revelada Palavra da Deus. João Calvino no início de suas Institutas escreve que
a soma total da nossa sabedoria, a que merece o nome de sabedoria verdadeira e certa, abrange estas duas partes: o conhecimento que se pode ter de Deus, e o de nós mesmos. Quanto ao primeiro, deve-se mostrar não somente que há um só Deus, a quem é necessário que todos prestem honra e adorem, mas também que Ele é a fonte de toda verdade, sabedoria, bondade, justiça, juízo, misericórdia, poder e santidade, para que dele aprendamos a ouvir e a esperar todas as coisas. Deve-se, pois, reconhecer, com louvor e ação de graças, que tudo dele procede.[10]

Mas, por que a nossa felicidade depende da glória de Deus? Simplesmente porque a nossa dignidade e satisfação dependem de vivermos sem a insensatez, vícios e destruição causados pelo pecado. Somente quando obedecemos à vontade de Deus, segundo as Escrituras, podemos andar aceitáveis em sua presença e desfrutar dos benefícios das suas promessas. Aurélio Agostinho em sua obra Confissões declarou que “Tu o incitas para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti.”[11] Assim, quanto maior for a nossa satisfação em Deus, ele será mais glorificado em nós!

O soberano Senhor não compartilha a sua glória com ninguém! O nosso orgulho é uma ofensa gravíssima ao nosso Deus. Não é em vão que ele denúncia a sua rejeição aos soberbos (Tg 4:6-10). Somente ele é o Altíssimo, enquanto o pecador consegue em suas fúteis pretensões ser apenas uma ilusória altivez. Não podemos esquecer de que somos chamados para ser servos do seu reino, e de que toda a abrangência de nossa vida está ao seu serviço (Rm 11:36).

O profeta Jeremias disse que "assim diz o SENHOR: não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o SENHOR, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR." (Jr 9:23-24). Assim, em compromisso, confessamos que “porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém.” (Rm 11:36).

NOTAS:
[1] John H. Armstrong, “A autoridade da Escritura” in: Bruce Bickel, ed., Sola Scriptura numa época sem fundamentos, o resgate do alicerce bíblico (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2000), p. 90.
[2] Carl F.H. Henry, “A autoridade da Escritura” in: Philip W. Comfort, ed., A origem da Bíblia (Rio de Janeiro, CPAD, 1998), p. 28.
[3] Confissão de Fé de Westminster VIII.1.
[4] Stephen Charnock, The Existence and the Attributes of God (Grand Rapids, Baker Books, 2000), vol. 1, p. 93.
[5] A tradição agostiniana/calvinista interpreta a doutrina do livre arbítrio da seguinte forme: “o livre arbítrio é dividido em quatro modos, por causa dos quatro estados do homem. No primeiro estado a vontade do homem era livre para o bem e para o mal. No estado caído o homem é livre somente para o mal. O homem nascido de novo, ou o homem em estado de graça, é livre do mal e para o bem, pela graça de Deus somente, mas imperfeitamente. No estado de glória ele será perfeitamente livre do mal para o bem. No estado de inocência o homem era capaz de não pecar [posse non peccare]. No estado de miséria ele é incapaz de não pecar. No estado de graça, o pecado não pode governar o homem. No estado de glória ele se tornará incapaz de pecar.” Johannes Wollebius, Compendium Theologicae Christianae in: John W. Beardslee III, ed., Reformed Dogmatics (Grand Rapids, Baker Books, 1977), p. 65. Este manual de teologia de Wollebius [1586-1629] influenciou os teólogos que elaboraram os Padrões de Westminster.
[6] Confissão de Fé de Westminster, X.1.
[7] Catecismo de Heidelberg, Domingo 7, perg./resp. 21.
[8] Johannes G. Vos, Catecismo Maior de Westminster Comentado (Editora Os Puritanos), pág. 32.
[9] Breve Catecismo de Westminster, perg./resp. 1.
[10] João Calvino, Institutas, (edição estudo de 1541), vol. I, p. 55.
[11] Santo Agostinho, Confissões(Editora Paulus), vol. 10, p. 19.