08 janeiro 2012

O ministério pastoral de Richard Baxter

Escrito por J.I. Packer

Richard Baxter (1615-1691) foi clérigo puritano, autor de várias obras doutrinárias, apologéticas, evangelísticas, éticas, pastorais, eclesiásticas e devocionais. Após um notável ministério pastoral em Kidderminster, Worcestershire, em 1641-1641 e 1667-1671, junto com outras quase 2000 pessoas, Baxter recusou o juramento que comportava a Lei da Uniformidade de 1662, que exigia ao clero britânico que aceitasse e consentisse plenamente com todo o conteúdo do Livro de Oração Comum de 1559. Deste modo, retirou-se do serviço paroquial. Depois se dedicou a escrever incansavelmente, convertendo-se no teólogo britânico mais prolixo da história.

Era um autodidata, mas bem conhecedor das obras medievais e patrísticas, assim como a literatura teológica dos séculos XVI e XVII, Baxter se considerava um puritano ortodoxo, e a maior parte de sua teologia o era. Todavia, ensinava que a redenção universal numa perspectiva amiraldiana era o fundamento para o convite universal do evangelho. Sustentava um ponto de vista sobre a justificação baseado em Armínio, entendo-a como uma anistia condicionada à constante obediência a uma nova lei (neonomianismo); e, também um paradigma implicitamente sociniano sobre a coerência do Cristianismo com a teologia natural, que após a sua morte conduziria ao racionalismo unitário.

Todavia, Baxter em relação ao Cristianismo prático não tem comparação. A sua extensa obra de 1673 pretende ensinar aos cristãos como empregar os seus conhecimentos e a sua fé. Em sua obra A Christian Directory divide em quatro partes: 1. Ética cristã (ou, dos Deveres Particulares); 2. Economia cristã (ou, dos Deveres Familiares); 3. Eclesiástico cristão (ou, dos Deveres da Igreja); 4. Política cristã (ou, dos Deveres Para Com os Governantes e Nosso Próximo). Além do mais, esta obra intenciona explicar como melhorar o grau de ajuda aos outros, e os meios para proporcioná-la cumprindo todos os deveres sociais; como superar as tentações e como escapar de (ou mortificar) todo pecado. Fundamentando-se nas ideias de William Perkins (1558-1602), William Ames (1576-1633), Robert Sanderson (1587-1663) e Jeremy Taylor, Baxter cumpre literalmente o que promete no título de seu livro.

Outros clássicos devocionais saíram da sua pena. Como por exemplo, The Saints’ Everlasting Rest escrito em 1650; The Life of Faith, edição ampliada em 1670; The Divine Life, escrito em 1664; e Self-Denial, escrito em 1659; estas obras ampliam alguns aspectos das análises contidas em seu compêndio citado, enquanto que The Reformed Pastor (1656) constitui uma exposição suprema, tremendamente enérgica e motivadora das exigências espirituais que carrega o ministério pastoral a uma congregação. Os leitores de Baxter, durante mais de três séculos e meio, reconheceram unanimemente a sua maestria como guia para a vida cristã.

Traduzido por Rev. Ewerton B. Tokashiki
Extraído de David J. Atkinson & David H. Field, eds., Diccionário de Ética Cristiana & Teología Pastoral (Barcelona, CLIE, 2004), pp. 267-268.

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