19 outubro 2006

A prolegômena à Teologia Sistemática

O termo prolegômena basicamente significa coisas que devem ser ditas antecipadamente. Uma definição mais precisa pode ser a exposição preliminar dos princípios gerais de uma ciência ou arte. É nesta matéria introdutória à teologia que colocaremos as nossas armas de combate à mesa. Um navio sem um leme, por mais valioso e imponente que seja, será inútil, e até perigoso, por causa de sua desorientação.

A nossa teologia necessariamente possuí uma orientação confessional. Por isso, ao estudarmos a Teologia Reformada sejamos honestos em reconhecer esta premissa e procuremos ser coerentes, em sistematizar toda a nossa teologia partir dos fundamentos do Calvinismo.

A premissa de que toda verdade é verdade de Deus, toda ela se complementa e não se contradiz demonstra como a teologia e filosofia andam de mãos dadas. Gordon J. Spykman adverte-nos ao mencionar que “a dogmática é de demasiada importância para ser confiada a teólogos inseguros de sua orientação filosófica. Sem a filosofia, a teologia se converte numa empreita restrita, superficial e vazia.”[1]

A teologia não pode ser construida arbitrariamente, mas deve seguir uma metodologia clara pela necessidade da sua natureza. Spykman comentando da natureza metodológica da Prolegômena declara que ela "é realmente introdutória, mas não no sentido de que se possa passar por ela e logo abandona-la deixando-a atrás. Não é uma subestrutura racionalmente argumentada que sustém a superestrutura teológica qualificada pela fé. Sua tarefa não é justificar a dogmática aos de fora, mas iniciar uma explicação a partir da sua própria tradição. Por isso, a prolegômena é parte integral do resto da dogmática ao considerar que uma resposta crente à Palavra de Deus é seu contínuo ponto de partida. Ela também está arraigada numa cosmovisão bíblica. Quando submetem-na a um desenvolvimento teórico maior adquire o contorno e a forma de uma filosofia cristã. A teologia necessita dessa classe de marco de referência teórico, e a tarefa da filosofia cristã é, precisamente, oferecer esse tipo de quadro total. Por isso, ao avançar, vou delinear os contornos básicos desta filosofia cristã, como porta teórica e como a perspectiva de contexto para entrar e fazer dogmática reformada. Neste sentido a tarefa é por fundamentos. A filosofia cristã serve para clarificar as pressuposições subjacentes à dogmática, seu paradigma aceito da realidade criada, seu método teológico e sua hermenêutica, seus pontos de referência normativos, e seus conceitos básicos. Proponho que este é o serviço mais autêntico, positivo e útil que uma prolegômena pode prestar."[2]

Divisões gerais da teologia
A teologia é um vasto campo de estudo. Algumas das distinções que darei certamente serão muito úteis para aqueles que, às vezes, se perdem em meio a tantas “teologias”. Podem ser catalogadas dos seguintes modos:

Classificação histórica
1. Teologia Patrística
2. Teologia Escolástica/Medieval
3. Teologia da Reforma
4. Teologia Contemporânea

5. Teologia Pós-moderna

Classificação por áreas de estudo
1. Teologia Bíblica
2. Teologia Filosófica

3. Teologia Histórica
4. Teologia do Antigo testamento
5. Teologia do Novo Testamento
6. Teologia Apologética
7. Teologia Moral
8. Teologia Pastoral
9. Teologia Sistemática (dogmática)

Classificação por concepções confessionais
1. Teologia Católica (Semipelagiana)
2. Teologia Ortodoxa/Oriental
3. Teologia Luterana
4. Teologia Reformada/Calvinista

5. Teologia Arminiana
6. Teologia Pentecostal/Carismática

Classificação por concepções filosóficas
1. Teologia Liberal
2. Teologia Neo-Ortodoxa
3. Teologia Fundamentalista
4. Teologia da Libertação

5. Teologia do Processo
6. Teologia da Esperança
7. Teologia Existencial/Crise
8. Teologia Secular

9. Teologia Feminista
10. Teologia Relacional [teísmo aberto]
11. Teologia Conservadora


A Teologia Sistemática é o centro de convergência onde todas as matérias teológicas se encontram para compartilhar as suas conquistas! A coerência construtiva entre as ciências teológicas, como a exegese, a filosofia, a história, e os padrões confessionais, são organizados num sistema de coerência. Neste sentido ela é uma teologia sistemática.

Notas:
[1] Gordon J. Spykman, Teologia Reformacional (Jenison, TELL, 1994), p. 8
[2] Gordon J. Spykman, op. cit., p. 41

Rev. Ewerton B. Tokashiki

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