06 janeiro 2007

Amado Timóteo: uma resenha

A Editora Fiel acertadamente lançou um livro com o título Amado Timóteo. Esta obra é uma série de cartas fictícias com conselhos práticos forjados pelos anos de experiência baseados em princípios bíblicos do exercício do ministério pastoral. São recomendações especificamente na área familiar, pregação, ensino, aconselhamento e liderança.

As sugestões são endereçadas ao Amado Timóteo. Embora seja útil a todos os pastores, ele é dedicado a um [fictício] jovem pastor batista chamado Timóteo, de 26 anos, recém formado, com apenas seis meses de experiência pastoral na Primeira Igreja Batista, casado com Mary, têm um filho e está grávida. Ele contactou vários ministros e lhes pediu conselhos para um ministério pastoral bem sucedido. A partir deste contato, os pastores retribuem com os seus conselhos demonstrando certa intimidade com o jovem Timóteo, de modo semelhante com o velho apóstolo Paulo.

Os autores que contribuiram são ministros de renome por sua formação acadêmica e larga experiência pastoral, a maioria é batista e alguns presbiterianos. Todos os articulistas na época que escreveram estavam pastoreando alguma igreja local, e são ministros dedicados à formação acadêmica dos pastores. São homens que equilibram a erudição e o pastoreio provando que não há necessidade de dicotomizar a piedade e uma boa formação acadêmica para serem bons pastores.

O organizador Thomas K. Ascol tem divulgado o Calvinismo entre os batistas. Mesmo dentro da Convenção Batista do Sul dos EUA que tem a tradição de ser calvinista, este sistema doutrinário tem enfraquecido e perdido a sua influência nos Seminários e púlpitos daquela denominação. Por isso, os founders têm escrito e divulgado o Calvinismo na tentativa de provocar um retorno às raízes[ www.founders.org ]. Este livro é outro projeto nesta direção. Entretanto a obra tem uma proposta maior do que simplesmente apontar uma identidade denominacional. A pretensão de indicar referências mais bíblicas do que os modelos pastorais que têm se estabelecidos no contexto do pós-modernismo norte americano. O surgimento de pastores que são showmen, executivos, estrategistas pragmáticos, etc.. Padrões estranhos que tendem a levar fogo estranho ao altar do Senhor.

No final de cada capítulo, o autor oferece uma lista de leituras que poderão complementar o assunto discutido. Algumas sugestões são repetitivas, creio que outros autores merecem ser citados além dos que são exclusivamente calvinistas. Entretanto, entendo a preocupação de indicar obras de um perfil muito restrito, para se evitar que os jovens ministros bebam em fontes duvidosas. Mas, por ser uma obra de publicação recente [Founders Press, 2003] os autores poderiam indicar obras mais atualizadas.

Embora os autores sejam norte americanos e vivam em outro contexto social e econômico, pode-se perceber que os problemas eclesiásticos e as preocupações pastorais são as mesmas. Não podemos esquecer que a verdade é absoluta e desdobra-se em princípios universais que podem reger os mais diferentes contextos do rebanho de Cristo.

Creio que todos os seminaristas que estão se formando, licenciados para a ordenação, recém ordenados, e mesmo pastores experientes deveriam ler este livro. Quer seja para repensar, ou uma sugestão de ministério, esta obra será muito útil para [re]examinarmos o nosso chamado e o nosso exercício pastoral. Este livro não se propõe a lançar um perfil pastoral, mas apontar um modelo fundamentado em princípios bíblicos que nos alerta dos perigos e doenças que cercam e ameaçam o pastor e o rebanho de Cristo. Boa leitura.

Rev. Ewerton B. Tokashiki

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